O Dia Internacional da Mulher tem sido, cada vez mais, subvertido pelo comércio como mais uma data para a prática do consumismo de massa. Entretanto, o Movimento Feminista também tem reagido forte com as denúncias sobre a realidade social da mulher brasileira.

Segundo o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero (www.observatoriodegenero.gov.br) os salários das mulheres são, em média, 30% inferiores ao dos homens. Nós, docentes, tanto homens como mulheres, sofremos o impacto da ideologia machista que coloca as profissões predominante femininas, como a nossa, em patamares salariais inferiores. Sim, colegas homens, o machismo sistêmico também os atinge em cheio. Logo é no mínimo incoerente que docentes de qualquer gênero reproduzam posturas e discursos machistas.

A composição de nossa base também é um belo reflexo desse machismo estrutural. No ensino superior, segmento educacional de maior prestígio e melhores salários, a diferença de gênero não é tão evidente – com exceção das exatas e engenharias –, mas ela se torna gritante nas escolas infantis, principalmente naquelas muito pequenas e nas quais, infelizmente, encontramos com frequência problemas trabalhistas. A precarização do trabalho tem uma face marcadamente feminina.

Por isso tudo trazemos, nesta edição, a entrevista da professora e deputada Maria do Rosário, uma das poucas mulheres que conseguiram vencer a blindagem machista que engasga a participação feminina na política. Que suas palavras nos sirvam de lição e inspiração.

Atualmente temos uma mulher na vice-presidência do Sindicato e também já tivemos uma presidenta na entidade, entretanto a atual composição da diretoria, com cinco mulheres em um universo de 24 componentes, não representa a real proporção de gênero da categoria. A precarização do segmento infantil, com predominância feminina, é um dos vários fatores que levaram a isso, mas não deve ser tratada como uma justificativa. A luta pela igualdade de gênero passa necessariamente pela igualdade de representação e isso deve ser uma luta constante.


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