Saiba quem é o novo presidente da CUT São Paulo para a gestão 2015-2019

Professor eleito durante 14º CECUT-SP atua há 23 anos na rede pública

 

Douglas Izzo é o novo presidente da CUT São Paulo, eleito durante o 14º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT), no dia 28 de agosto. Em 32 anos de história da Central no estado, é o primeiro professor da rede pública, representando o ramo da educação e o conjunto do funcionalismo.

Em sua trajetória de vida, começou a trabalhar muito cedo e passou por setores como o da construção civil e da indústria, quando foi cipeiro e contribuiu na construção de comissões de fábrica. Chegou a atuar em empresa terceirizada, condição muito debatida atualmente por conta do atual Projeto de Lei da Câmara nº30/2015. Na década de 1980 iniciou novo trabalho comometalúrgico na região do ABC, onde participou de mobilizações e greves.  Foram inúmeras experiências até chegar ao funcionalismo público.

 

Teve sempre sua militância próxima ao Partido dos Trabalhadores (PT) e participou da campanha vitoriosa do 1º prefeito eleito na história do partido em Diadema, Gilson Menezes, em 1982. Traz também em sua trajetória a atuação no movimento estudantil na década de 1990, quando estudava Sociologia. Ocupou a cadeira da vice-presidência do Diretório Acadêmico da Faculdade São Marcos, onde organizou inúmeras ações e passeatas com milhares de jovens que ocuparam a Avenida Nazaré, no Ipiranga, contra o aumento das mensalidades.

 

Em 1992 ingressou na rede pública na cidade de Diadema e, imediatamente, se filiou ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), passando a atuar como representante de base e participando das greves desde então. Em 1998 fez parte da 1ª eleição da entidade, eleito conselheiro estadual; em 2000 assumiu a coordenação da subsede de Itaquaquecetuba; em 2002 é eleito diretor executivo atuando nas secretarias de Assuntos Educacionais e Culturais e de Organização para a Grande São Paulo. É hoje professor efetivo de Geografia e de Sociologia da rede pública de São Paulo. 

 

Compôs a coordenação da etapa estadual da Conferência Nacional da Educação Básica (Coneb), em 2008, e na Conferência Nacional de Educação (Conae), em 2010. Também foi membro do Fórum Estadual de Educação de Educação e do Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública.

 

Em 2012, assumiu a vice-presidência da CUT São Paulo, sendo atualmente coordenador do Fórum do Funcionalismo Público do Estado de São Paulo e do Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo.

 

 

 

 

Confira a entrevista na íntegra


Qual será a marca da próxima gestão?

Douglas: Sem dúvida que é fortalecer a unidade pelo Fórum dos Movimentos Sociais de São Paulo, ampliar o diálogo com a sociedade, o trabalho na comunicação e a disputa sindical para que a Central cresça ainda mais. Fazer também o enfrentamento contra o governo de São Paulo, truculento, que trata a população com descaso. Queremos construir em torno de um modelo que expresse os reais interesses da classe trabalhadora e caminhe na direção de um projeto popular para mudar São Paulo, que é a alternativa ao neoliberalismo tucano que lidera uma gestão onde há ausências na política industrial, na segurança pública, na mobilidade urbana, nas políticas sociais, na saúde e, claro, na educação.

 

Como servidor público e cidadão, o que tem a dizer sobre a gestão PSDB?

Douglas: O PSDB no estado de São Paulo representa um governo que não ouve os servidores e que não negocia. Muitos servidores chegam a esperar anos para se aposentar devido à burocracia do estado. O funcionalismo sofre com a falta de política de valorização e a incompetência do governo na gestão de recursos humanos. Só que isso não afeta só o funcionalismo, mas toda a população, já que sofremos com racionamento de água, política ineficiente nos metrôs e trens metropolitanos, além de imperar a insegurança pública, ter aprovação automática e o atendimento seletivo nos hospitais administrados pelas Organizações Sociais (OS).

 

Quais as perspectivas até o final deste ano?

Douglas:Continuar as grandes mobilizações realizadas no primeiro semestre na defesa dos direitos dos trabalhadores. Iremos apoiar as campanhas salariais que ocorrem neste momento junto aos nossos sindicatos, mas também fazer o enfrentamento a questões nacionais como a Agenda Brasil apresentada por [Renan] Calheiros e os encaminhamentos dados por [Eduardo] Cunha, na Câmara, sempre contrários à classe trabalhadora. Não poderia citar a educação, pois nossa luta continua para que Alckmin faça o pagamento que foi determinado pelo STF [Supremo Tribunal Federal], em julho, por causa dos 92 dias de greve e que se cumpra a promessa de política salarial para a categoria e para os problemas dos professores temporários.

 

Você assume a presidência em uma conjuntura de crise nacional e São Paulo é referência no conservadorismo. Como espera que a CUT responda a este momento?

A CUT está preparada para enfrentar esse momento difícil da economia e da política com mobilizações, enfrentamentos, com ousadia, coragem e formulação de propostas que sejam alternativas para superar as dificuldades conjunturais para a classe trabalhadora. A agenda legislativa levada ao Congresso pela Central, que Cunha tentou barrar, é um exemplo disso. É dessa forma que vamos enfrentar o conservadorismo de direita que, ao contrário de nós, formula a política do ódio, o divisionismo, a política do estado mínimo, as privatizações e terceirização ilimitada. Nós afirmamos qual é a nossa posição: “somos contra o retrocesso”. 

 


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