Cerca de 60 por cento dos professores da rede particular de ensino aderiram à greve geral

Quem andou pelas cidades do ABC ou mesmo pela capital paulista na última sexta-feira, 28 de abril, greve geral, sentiu um clima de feriado no ar. O trânsito nas principais ruas e avenidas foi bastante tranquilo, mesmo nos horários de pico, início da manhã e final da tarde. O motivo foi a grande adesão dos trabalhadores e trabalhadoras à greve geral promovida pelas Centrais Sindicais.

Nas escolas da região a maioria dos professores, professoras e alunos participaram do movimento. A diretoria do Sindicato dos Professores do ABC percorreu diversos bairros de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul e constatou que cerca de 60% das escolas particulares ficaram fechadas na última sexta-feira.

De acordo com Thiago Boin, diretor do SINPRO ABC, a adesão dos professores ao movimento foi muito boa. “Aqui na região nós tivemos grandes Universidades como a Metodista, Fundação Santo André e Universidade de São Caetano do Sul que não funcionaram, devido a grande adesão dos docentes ao movimento. Também muitos colégios como Anchieta, Externato Santo Antônio, Singular, Pentágono, Xingu, Sagrada Família, entre outros paralisaram suas atividades, por causa da participação dos professores e professoras à greve geral”.  Boin lembra ainda que escolas como “Colégio Objetivo, ETIP, Jean Piaget, Petrópolis, Vésper, Mobilis, Arbos e Externato Tiradentes paralisaram parcialmente suas atividades também pela adesão dos docentes ao movimento”.

Mas não foram somente os professores e professoras que aderiram à greve geral do dia 28, grande parte dos trabalhadores participaram do movimento contra a reforma trabalhista, o desmonte da previdência e a revogação da terceirização irrestrita. De acordo com Rafael Fieri, secretário geral do SINRPO ABC, o comércio também fechou as portas. “Nós andamos por toda a região central de Santo André e os bancos, as lojas e restaurantes estavam quase todos fechados, um ou outro comerciante abriu as portas, mas devido ao baixo movimento acabou fechando. Isso mostra a grande participação dos trabalhadores e trabalhadoras à greve geral”, afirmou Fieri.

Já Aloísio Alves da Silva, disse que o ABC estava vivendo um dia de feriado, pois ônibus e trens não circularam na região. “Nós passamos pela Oliveira Lima, viemos até o terminal de ônibus aqui no centro de Santo André e também fomos até a estação de trem e está tudo fechado, nenhum transporte circulando. É importante que o povo demonstre seu descontentamento e insatisfação com este governo ilegítimo de Michel Temer”, disse o tesoureiro do SINPRO ABC.

De acordo com informações da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a greve Geral teve adesão e apoio históricos. Segundo José Jorge Maggio, presidente do SINPRO ABC e membro da CUT nacional, “aos poucos os trabalhadores e trabalhadoras estão sendo conscientizados, pois cada categoria está informando sua base, através de panfletos, boletins e palestras como a reforma trabalhista, a terceirização irrestrita e o desmonte da previdência vão afetar suas vidas e também a de seus filhos e netos, já que qualquer mudança aprovada agora deverá atingir ainda o futuro dos mais jovens”.  Para Maggio, “temos que trabalhar com os meios de comunicação sindical para esclarecer os trabalhadores como a mídia golpista engana e deturpa as notícias veiculadas diariamente nos jornais, rádios, tevês e revistas”.

Para os dirigentes da CUT Nacional, essa foi a maior greve dos últimos 100 anos e agora o objetivo é rever os votos dos senadores com a Reforma Trabalhista que já passou na Câmara e retirar da pauta dos deputados a Reforma da Previdência nos próximos dias.

“Essa é a maior greve trabalhista já realizada no país e foi comparada ao movimento de 1989, quando 35 milhões de trabalhadores paralisaram os trabalhos”, disse o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas.  “A população apoiou a greve, a população fez greve! Nós ganhamos a opinião na disputa política. Agora tem que ganhar o que? Os votos dos congressistas. Quer se reeleger em 2018? Não vote com as reformas de Temer!”, disse Freitas. “Agora o Senado vai ter oportunidade de legislar com a opinião pública”, completou.

A Reforma Trabalhista foi aprovada no último dia 26/04 por 296 votos a 177 e está agora no Senado. A proposta de rasgar a CLT pode ser recebida de forma diferente pelos senadores. Para Vagner Freitas, a Greve Geral dá condição de reverter à situação.


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