02062021 editorialMetaforizando o sambista Nelson Sargento, falecido há cerca de uma semana, as universidades federais agonizam, mas, em se tratando de Brasil, podem, sim, morrer. 

Na contramão do que se espera de uma sociedade próspera, que investe na Educação como pilar fundamental de transformação social, o que acompanhamos é o desmonte e a desvalorização do ensino em todos os níveis. Contudo, reservaremos este texto, em especial, para falar do Ensino Superior Público.

Em maio de 2021, a notícia de que universidades federais poderiam fechar as portas por falta de recursos impactou, mas não surpreendeu aqueles que acompanham de perto a realidade depauperada dessas instituições. UFRJ (Federal do Rio de Janeiro), Unifesp (São Paulo), UFG (Goiás), UnB (Brasília), UFBA (Bahia), UFABC (Santo André), entre outras, anunciaram que estavam enfraquecidas e poderiam parar as atividades já no próximo mês.

Sancionado pelo “presidente” Jair Bolsonaro em abril, o Orçamento para 2021 prevê o corte de mais de R$ 1 bi nos recursos das universidades federais, o que corresponde a uma queda de 18,16% em relação a 2020. De acordo com matéria divulgada pela Rede Brasil Atual, o valor de R$ 2,5 bi para os chamados gastos discricionários das 69 universidades federais, que representam cerca de 1,3 milhão de estudantes, é praticamente o mesmo ao destinado pelo orçamento no ano de 2004. A diferença é que, naquele ano, o País tinha 51 instituições que abrigavam 574 mil alunos.

No mesmo período, foi apresentado à nação o Bolsolão, um orçamento secreto que o imoral Bolsonaro criou a fim de negociar apoio junto ao Congresso. Prioridades.

Em nota, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) declarou: “(...) Mesmo em meio a tamanha dificuldade orçamentária, a rede de universidades federais tem se recusado a parar. Com ajustes que já chegaram ao limite, redução de despesa resultante da prevalência das atividades remotas, ao contrário, temos mantido nossas ações e nossa estrutura a serviço dos brasileiros, sobretudo, na luta diária contra o Coronavírus. Além do ensino, pesquisa e extensão, da formação de milhares de profissionais altamente qualificados, as universidades têm se dedicado às questões humanitárias que permeiam esse grave momento global. Não paramos nem um dia. A pandemia pode acabar. O vírus não. Portanto temos que agir e nos precaver. Pelo menos três universidades federais estão desenvolvendo vacinas nacionais contra a Covid-19. (...) Reduzir ou paralisar nossas atividades não é uma opção. Seria o mesmo que impor uma punição aos brasileiros, já tão agastados com a pandemia. Rever valores, conceitos e prioridades é o caminho para o qual conclamamos as autoridades.”

Com isso, perdem os alunos, os hospitais públicos mantidos por essas universidades, os pesquisadores, os professores, a ciência, a vida, o desenvolvimento do Brasil e, acima de tudo, a nação, que fica cada vez mais pobre de conhecimento e de atenção básica- e talvez seja esse o grande interesse do miliciano.

Quem defende a Educação também defende o #EleNão.


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