22022022 comites de luta1. A classe trabalhadora brasileira enfrenta, neste início do ano de 2022, a continuidade do cenário de grave crise sanitária, econômica e social marcada por adoecimento da população, desemprego elevado, carestia, fome e desigualdade crescente. A retomada econômica, sem estímulo do governo e das estatais, é tímida. Com sucessivos cortes orçamentários e gestão ineficiente, as políticas sociais não atendem grande parte dos que necessitam. As previsões econômicas não são positivas para o povo brasileiro.

2. Em 2021 a mobilização de massas voltou à cena política, com o engajamento da CUT e de todo o movimento sindical nas lutas por Fora Bolsonaro. Hoje, o caráter criminoso e a incompetência do governo de Jair Bolsonaro é reconhecida pela maioria da população. No entanto, isso não foi suficiente para minar a base fisiológica do governo no Congresso, nem a vergonhosa subordinação do Ministério Público Federal. O país se envergonha e sofre a cada novo dia com Bolsonaro na presidência. Apesar disso, as possibilidades de interrupção do seu mandato antes das eleições são cada vez menores.

3. Os brasileiros terão em 2022 o destino do país em suas mãos. É um ano decisivo para o Brasil que trabalha. Ou continuamos no caminho da perda de direitos, do trabalho precário e do empobrecimento da maioria da população ou abrimos caminho para um projeto de reconstrução nacional que valorize a vida, a democracia, promova direitos e desenvolvimento com soberania nacional, justiça social e respeito ao meio ambiente.

4. É por isso que a CUT, em aliança com o conjunto do movimento sindical e popular, se prepara para um ano de 2022 de muita solidariedade, escuta, diálogo, organização e luta e apresenta às CUT estaduais, confederações, federações e sindicatos a proposta de criação dos COMITÊS DE LUTA em defesa da classe trabalhadora, pela vida vida e democracia.

5. Esses comitês são a expressão sindical de um amplo movimento social de trabalho e organização de base em defesa do Brasil e do povo brasileiro e buscam contribuir para elevar a consciência política da classe trabalhadora e sua mobilização para mudar os rumos do país. São inspirados no aprendizado histórico do sindicalismo combativo e dos movimentos populares e em nossas experiências mais recentes de unidade e organização como as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a Campanha Lula Livre e a Campanha Fora Bolsonaro.

6. Os COMITÊS DE LUTA constituem-se como espaço de reunião e acolhida de todas as pessoas dispostas a lutar e contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro. Eles podem se organizar por local de trabalho, moradia, estudo, tema ou qualquer forma que ajude a reunir pessoas. Se encontram e se unem nos territórios com as proposições de mesmo tipo dos movimentos populares e coletivos militantes.

7. Os COMITÊS DE LUTA tem como valores:

a. Solidariedade, um princípio fundante da ação sindical e uma emergência nacional no momento em que a fome e a carestia crescem assustadoramente;

b. Democracia, que busca na escuta, no diálogo, reflexão e síntese em meio a diversidade de opiniões a força e a unidade para entender e transformar a realidade; e

c. Unidade de ação como requisito para que a classe trabalhadora construa a força social necessária para defender seus interesses e obter conquistas.

8. Os COMITÊS DE LUTA têm por objetivo:

a. promover a solidariedade de classe e o apoio à população mais prejudicada pela crise;

b. intensificar o trabalho de base, a escuta e o diálogo com o Brasil que trabalha sobre os principais problemas do país;

c. organizar a população para fazer as lutas em defesa da vida, dos direitos, dos empregos e da democracia;

d. contribuir para a formação política dos seus integrantes, por meio da reflexão e debate sobre as causas e responsáveis pela crise brasileira e as alternativas para sua superação;

e. fazer a disputa ideológica e pautar o debate político na sociedade em favor de uma sociedade justa, fraterna e igualitária, livre de preconceitos e opressões, lutando pela derrota do projeto neoliberal, do neofascismo e do negacionismo e para combater a onda de desinformação, fake-news e violência disseminada pelas redes sociais da direita.

f. ampliar a força do movimento sindical e elevar a capacidade de mobilização para o enfrentamento das lutas, presentes e futuras da classe trabalhadora.

9. A proposição dos COMITÊS DE LUTA se integra e complementa a estratégia que a CUT já vem construindo de constituição das BRIGADAS DIGITAIS. Todo COMITÊ DE LUTA deve também ser uma BRIGADA DIGITAL e atuar nas redes assim como no seu território. Toda BRIGADA DIGITAL também deve ser um COMITÊ DE LUTA e repercutir nas redes a ação política das ruas.

10. A constituição e animação dos COMITÊS DE LUTA nos locais de trabalho e junto às bases sindicais é atribuição prioritária dos sindicatos. São os dirigentes sindicais que estão presentes no cotidiano de cada categoria, conhecem sua realidade e estão mais próximos para mobilizar os trabalhadores dispostos a atuar nos comitês a partir dos locais de trabalho. O movimento sindical também se soma às iniciativas dos comitês populares e de coletivos militantes nos territórios buscando dialogar com a grande massa de trabalhadores e trabalhadoras que estão à margem dos direitos trabalhistas e da organização sindical.

11. Para que essa proposição seja efetiva é necessário um processo rápido e intenso de diálogo, orientação e mobilização das entidades filiadas à CUT. Por isso a Direção Executiva Nacional da CUT orienta e propõe:

a. Realizar, durante todo o mês de março, plenárias estaduais, regionais e dos ramos da CUT reunindo todas as entidades filiadas para apresentação, discussão e orientação quanto a proposta de constituição dos COMITÊS DE LUTA visando atingir a meta de 6.000 comitês constituídos;

b. Para estas plenária e para subsidiar o trabalho de organização dos comitês a CUT Nacional está produzindo um GUIA SINDICAL DE ORGANIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO DOS COMITÊS DE LUTA com detalhamento passo-a-passo para a organização e desenvolvimento das atividades dos comitês;

c. A direção da CUT nos estados deve promover o encontro e o diálogo com as diversas forças sindicais, populares e partidárias para apresentar a proposição da CUT, conhecer as iniciativas em curso e construir um processo unitário a nível estadual;

d. As entidades nacionais dos ramos e as direções estaduais da CUT devem indicar de 1 a 3 dirigentes para composição de um grupo de referência nacional responsável pelo desenvolvimento e monitoramento dos comitês, sob coordenação da CUT Nacional;

e. A Plataforma da Classe Trabalhadora para as Eleições 2022 produzida pela CUT, a Agenda da Classe Trabalhadora produzida pelo Fórum das Centrais e a Plataforma Unitárias das Frentes, todas em fase de elaboração constituem-se como referência programática para o trabalho dos comitês, somando-se aos esforços locais de elaboração de propostas e reivindicações em relação aos governos estaduais;

f. A partir do mês de março e, principalmente, no mês de abril, nosso esforço prioritário deve ser a constituição dos COMITÊS DE LUTA nas bases, tendo a semana do Primeiro de Maio como referência para uma primeira jornada de ação unitária dos Comitês.

12. A proposição dos COMITÊS DE LUTA vem somar e fortalecer o desenvolvimento do plano de lutas da central e o calendário unitário de mobilizações construído junto ao Fórum das Centrais e a Campanha Fora Bolsonaro e aprovado pela Executiva Nacional da CUT.

Somos fortes! Somos CUT!


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