Por: Maria Izabel Azevedo Noronha - Presidenta da APEOESP

Os episódios da tarde do último sábado, 14.11, na Escola Estadual José Lins do Rego, situada no Jardim Ângela, na Zona Sul da capital, dizem muito sobre a natureza do Governo de Geraldo Alckmin, do PSDB.

Enquanto o Juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, suspendeu as ordens de reintegração de posse das escolas ocupadas, por entender corretamente que a questão é muito mais ampla, diz respeito a políticas públicas do Estado que merecem ser debatidas com toda a população e não caso de polícia, o Governador Geraldo Alckmin continua a agir em sentido contrário.

O Jardim Ângela é bairro da periferia de São Paulo, região de trabalhadores, gente pobre que utiliza a escola pública estadual. O Governo autoritário do PSDB, agindo por meio de sua Polícia Militar violenta e despreparada, escolheu essa região, no final de semana, para barbarizar os filhos e filhas desses trabalhadores, demonstrando com muita clareza que este Governo não reconhece e não respeita os direitos dessa população.

Devemos nos indignar contra todo tipo de violência e discriminação. Devemos nos insurgir contra todo tipo de arbitrariedade. Sobretudo quando a mão pesada do Estado, conduzida por um Governo insensível às demandas populares, cai sobre adolescentes, seus professores e suas famílias, que lutam para que escolas não sejam fechadas e descaracterizadas. Têm nossa solidariedade todos os que foram ali agredidos e também o professor Edivan, que foi preso e conduzido ao distrito policial após receber alta médica, tendo sido libertado graças ao trabalho do advogado enviado pela APEOESP.

Na luta contra a “reorganização” das escolas estaduais, agradecemos a presença de militantes do MTST - cujos filhos e filhas estudam nas escolas públicas - e que apoiam a ocupação da EE José Lins do Rego e outras unidades, bem como a presença de outras entidades e movimentos que, junto conosco, participam do Grito pela Educação Pública de Qualidade no Estado de São Paulo.

O Governo Alckmin iniciou um processo de fechamento e “reorganização” de escolas que tem como único objetivo reduzir gastos, enxugar a máquina pública, aplicar uma concepção de “Estado Mínimo” que significa, em resumo, menos direitos e menos serviços públicos para a população que mais precisa. Na outra ponta, significa mais uso da força repressora - para tentar conter os inevitáveis protestos - e mais concessões e benesses aos grupos econômicos historicamente privilegiados e que se consideram os “donos” de todas as políticas públicas.

Nós, cidadãos e cidadãs comprometidos com a luta por um futuro melhor para nosso Estado e para o nosso País, só podemos nos orgulhar das crianças e jovens que se dispõem a ocupar as unidades escolares para que não sejam fechadas nem fragmentadas, pois não há qualquer justificativa pedagógica para isto. Orgulhamo-nos também dos professores/as, dos funcionários/as e dos pais e mães que permanecem ao lado de seus filhos e filhas, estudantes das nossas escolas, no momento em que realizam este lindo movimento em prol de uma educação pública de qualidade para todos e todas. São 20 escolas ocupadas no momento em que escrevo este texto. Este número tende a aumentar.

Não aceitamos e não aceitaremos que as questões educacionais sejam tratadas como caso de polícia. Vamos continuar denunciando essa bagunça que o Governo realiza nas escolas estaduais. Estamos atentos para defender e apoiar os que lutam bravamente nas escolas ocupadas e fora delas. A luta pela melhoria da escola pública é de toda a sociedade.

Maria Izabel Azevedo Noronha

Presi


Mais Lidas