‘Acho uma palhaçada o que estão fazendo com a Dilma’

Durante a manifestação na Paulista, trabalhadora critica a campanha feita pela mídia

Escrito por: Vanessa Ramos/CUT-SP

Momentos antes do ato político do Dia Nacional de Luta contra o Impeachment e o Ajuste fiscal e pela saída do presidente da Câmara federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), milhares se reuniram nesta terça-feira (16) em diferentes pontos da Avenida Paulista, rumo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde ocorreu o ato principal. Balões das centrais sindicais, como a CUT, e faixas de diferentes movimentos sociais do campo e da cidade aos poucos foram ocupando o espaço, exigindo a permanência da presidenta Dilma Rousseff, mas também mudanças na política econômica.

Grupos de rap, de periferias da capital paulista, iniciaram uma programação com música, movimentando as pessoas que passavam pela calçada do Masp.

Já os policiais militares, carentes das selfies com os golpistas – os quais testemunharam de perto o fracasso dos atos que ocorreram no domingo passado em todo Brasil, no dia do aniversário de 47 anos Ato Institucional nº5, mostravam pouca tolerância se comparada à manifestação do domingo anterior, quando um grupo reduzido de golpistas pedia a cassação da presidenta.

Máquina do Estado

Ao lado do Masp, pesquisadores do Banco de Dados do Estado de São Paulo (Badasp) abordavam as pessoas nas ruas. A reportagem da CUT acompanhou uma das entrevistas. As perguntas, de múltipla escolha, se referiam ao desempenho do governo Dilma (bom, ruim, regular); se o voto da pessoa nas últimas eleições foi para Aécio Neves ou Dilma Rousseff, se as pessoas são contra ou a favor do impeachment e, por último, se os entrevistados acreditam que os deputados devem votar pelo afastamento da presidenta da República.

Questionados, os pesquisadores disseram que o mesmo questionário foi aplicado no último final de semana na Avenida Paulista.

A voz das ruas

Perto da estação Trianon-Masp do Metrô, a cozinheira Renata Branco, 32, confessou que prefere não ligar a televisão para assistir o que está acontecendo no Brasil. “O pior é que as pessoas parecem não discutir o que significam as manobras que ocorrem no Congresso contra Dilma. Ao contrário, tem gente que chega a avaliar como será a gestão do (Michel) Temer como presidente. É o retrocesso do retrocesso”, avalia.

Com avaliação similar, cinco amigos viajaram de Amparo-SP para participar do ato na capital. Ismael Oliveira, 68, destacou que a população precisa ter conhecimento de que forças da direita no Congresso pretendem dar um golpe institucional. “Não há acusação de crime contra a Dilma, mas fazem todo o tipo de manobra para provar isso e, ainda, com apoio da mídia. Aécio Neves (PSDB) mostra o tamanho da dor de cotovelo ao não aceitar que perdeu nas eleições. Ele, e seus pares, honestamente, não conseguiram superar a derrota”, disse.

Trabalhadora de uma empresa na Avenida Paulista, Nerci Gomes, 46, disse que o Brasil passa por um momento de desgaste. “Eu não sou petista, mas acho uma palhaçada o que estão fazendo com Dilma todos os dias na televisão. Eu sempre desconfio. A escola em que minha sobrinha estudou, na zona Oeste de São Paulo, talvez seja fechada por Alckmin. Quantas vezes vemos isso passando na TV? Bem menos do que falam de impeachment.”


Mais Lidas