Inep comprova que professores do setor privado ganham menos
Os professores do ensino privado ganham, em média, menos do que os da rede pública. Essa é uma das conclusões evidenciadas pelo levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo os números, enquanto a média de remuneração por 40 horas semanais é de R$ 7.767,94 na rede federal da educação básica, R$ 3.476,42 nas escolas estaduais e R$ 3.116,35 nas municipais, nas escolas particulares é de R$ 2.599,33 pelo mesmo tempo de trabalho.
O estudo divulgado durante o “Seminário 10 Anos de Metodologia de Coleta de Dados Individualizada dos Censos Educacionais”, foi feito a partir de um pareamento das bases de dados do Censo Escolar com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. O cruzamento das bases levou a uma população de 2.080.619 professores, o que corresponde a 93,3% dos docentes da educação básica. Segundo o Inep, a robustez dos dados fortalece o monitoramento e amplia os subsídios para condução das políticas educacionais dos diferentes níveis de governo.
Os valores considerados são a média das remunerações mensais informadas na Rais por esfera administrativa (empregador), referentes ao ano-base 2014 e devidas em cada mês trabalhado, pagas ou não, computados os valores considerados rendimentos do trabalho. Essas remunerações mensais são compostas por salários, mas também por adicionais extraordinários, suplementações, bonificações, gratificações, participações, produtividade, porcentagens, comissões etc. E é aí que entra uma das grandes desproporções. Se o magistério da rede pública, com todas as dificuldades enfrentadas — e que não são poucas —, conta ao menos com o amparo de seus planos de carreira e do Piso Salarial Profissional Nacional, instituído a partir de um princípio de valorização da profissão docente, o professor do setor privado é obrigado a trabalhar segundo a lógica do mercado, que, para o patronato, representa a maximização dos lucros. Ganha, na maioria das vezes, por hora-aula, sem plano de cargos e salários e sem garantia de ascensão na carreira. E seu piso salarial é negociado entre sindicatos profissionais e econômicos, sem que haja um fundamento em lei que lhe garanta uma remuneração mínima — situação que ainda pode se agravar caso a reforma trabalhista seja aprovada, por exemplo.
Fonte: Contee