Análise de afastamentos por motivo de saúde auxilia na articulação de uma medicina preventiva voltada aos educadores do ABC
O procurador Ricardo Ballarini, do Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP), apresentou na última sexta-feira (20/9) um projeto para analisar os afastamentos de profissionais da educação por motivo de saúde nas sete cidades da região do ABC. O projeto é resultado de uma parceria entre o MPT-SP e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), e foi apresentado durante reunião do Grupo de Trabalho (GT) Educação da entidade regional.
O objetivo da proposta é criar um banco de dados da região coletando o número de afastamentos de educadores, tanto na rede pública como na rede privada. Com o banco de dados em mãos, torna-se possível identificar e correlacionar causas, períodos em que os afastamentos ocorreram massivamente, qual gestão e quais políticas estão em operação e compõem o plano de fundo da atuação da categoria, etc. A metodologia estatística é um importante instrumento de diagnóstico, largamente utilizada em áreas de estudo da Saúde Pública e epidemiologia.
A proposta prevê que as secretarias municipais responsáveis pelo armazenamento dos dados encaminhem essas informações, por meio do Consórcio ABC, ao MPT-SP.
“Só na cidade de São Paulo, em 2018, ocorreram 22 mil afastamentos, sendo 62 por dia. Ter conhecimento do número do Grande ABC será importante para podermos fazer uma comparação com o país e sabermos as causas predominantes, realizando, assim, políticas públicas para solucionar esse problema”, disse o Procurador.
Adoecimento mental do docente – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta a categoria docente como sendo a segunda a apresentar mais doenças ocupacionais. Um estudo realizado no Paraná, em março de 2018, mostra o sofrimento mental como o problema de saúde mais citado pelos professores estaduais: 29,73% da categoria relatou alguma forma de adoecimento como depressão, ansiedade e estresse, entre outros. Ademais, baixos salários, péssimas condições de trabalho e violência nas escolas são marcadores relevantes que colaboram para o quadro nacional de sofrimento mental dos professores