Professor :
A importância histórica e o papel atual dos sindicatos
Os direitos não são permanentes, você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida. A escritora Simone de Beauvoir, autora da frase, referia-se mais especificamente às conquistas das mulheres, no entanto, sua afirmação responde com exatidão nossos maiores questionamentos e anseios neste inicio de 2019.
Emerge em nossa sociedade o trabalhador precarizado, com trabalho irregular, de tempo parcial, sem garantias. Mas também emerge o trabalhador estável e empobrecido da suposta classe media. Soma-se a esse novo trabalhador a singularidade daqueles que são da área educacional. São trabalhadores que convivem com a nova ordem, obrigados, em muitos casos a atuarem como Pessoa Jurídica, que convivem com monitoramento e vigilância sistemática e uma tentativa constante de serem incorporados com “naturalidade” ao desmonte de conquistas de quase 80 anos, que a reforma trabalhista jogou por terra.
Diante do retrocesso, nenhum trabalhador está isento de risco. As consequências do desmantelamento do trabalho serão sentidas por todos; no entanto, o educador passa pelo agravante de ser desqualificado com a pecha de “doutrinador “ usada ultimamente para validar imposições ideológicas e desculpas para os “fracassos” da educação pública nacional.
Historicamente, os sindicatos foram a principal arma coletiva do trabalhador para conquistar direitos e combater a destruição de conquistas. Isso vale desde a Inglaterra da Revolução Industrial até o Brasil do século XX. O atual cenário de ataques ao trabalhador, que teve suas garantias, decorrentes de lutas históricas, sequestradas pelas novas prioridades politicas e econômicas, só pode encontrar resposta eficaz na atuação contundente da organização sindical.
A importância de ser capaz de atuar como classe, para assim ser capaz de agir de modo eficaz, na defesa de direitos e avanços de conquistas não é nostalgia, mas faz-se urgente.
O movimento sindical brasileiro tem força para vetar certas medidas; mais que isso, é capaz de ir além e impor uma agenda propositiva ao país. Tudo depende da participação ativa das principais categorias profissionais em seus sindicatos.
O novo sindicalismo, um elemento chave da redemocratização do Brasil, surgiu sob a liderança do ABC Paulista e estendeu-se nacionalmente. Sua marca foi ter tido uma postura mais ousada, rompendo as amarras que o prendiam ao controle estatal durante décadas.
Um novo momento se desenha. Não há nada mais atual que compreender o ataque aos direitos conquistados, o risco pessoal e coletivo e, por outro lado a dimensão da força da classe trabalhadora e de seu uso em beneficio da própria categoria.
Nesse momento de desmonte dos direitos trabalhistas, o sindicalismo volta a ter uma importância imprescindível aos trabalhadores e o ABC pode ser novamente protagonista desse momento histórico.
Angela Lima - Jornalista - Mestrandra em Geografia