Neste março de 2024, lamentamos os 60 anos do Golpe Civil Militar de 1964, um evento trágico de nossa História que, ainda hoje, expõe feridas profundas na sociedade brasileira, ainda não inteiramente cicatrizadas. Manter viva a memória é uma forma de valorizar a democracia, a liberdade e os direitos humanos no Brasil.
O Golpe de 1964 nos levou a mais de 20 anos de ditadura, repressão e graves violações dos direitos humanos. Milhares de brasileiros foram perseguidos, presos, torturados e mortos por se oporem ao regime militar e defenderem a democracia, liberdade, justiça social e o fim da corrupção.
Com o fraterno espírito cristão, honramos aqui a memória das vítimas do regime militar, a fim de se reconhecer o sofrimento e a injustiça que muitos enfrentaram. Um povo que não conhece a sua História está condenado a repetir os erros do passado. Por isso é tão imperativo reafirmar nosso compromisso com os valores democráticos e os direitos humanos em nosso país.
A ditadura aumentou muito a pobreza e abriu um enorme fosso entre ricos e pobres, o que agravou enormemente a violência em nosso país. Não suficiente, cresceram muito os índices de desemprego e inflação, enquanto o crescimento econômico despencou, sobretudo nos anos 1980.
Como sociedade, devemos nos unir para garantir que os abusos e atrocidades cometidos durante este período sombrio e melancólico de nossa existência não sejam esquecidos e que os responsáveis sejam julgados pelos crimes que cometeram. É fundamental que as vítimas e suas famílias recebam justiça, reparação e reconhecimento por seus sofrimentos.
Os eventos de janeiro de 2023 (com tentativa de novo golpe de estado) demonstram a importância de a sociedade se manter alerta e ativa contra aqueles que, ainda hoje, conspiram e atacam o estado democrático de direito. Estas pessoas, mormente os mandantes e financiadores, devem ser processados e os culpados, presos, tudo dentro do devido processo legal.
Nosso compromisso com a promoção dos direitos humanos e da justiça social, com a liberdade e a democracia é inabalável.
Assinado,
Comissão de Justiça e Paz do ABC Paulista.
Diocese de Santo André.