O governo do Estado de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), determinou o fechamento de aproximadamente 300 salas de aula no ABCD, que poderiam comportar 12 mil estudantes. Os cortes se dão no Ensino Médio e também no Fundamental, e atinge os períodos da manhã, tarde e noite. A Secretaria Estadual de Educação afirma que atende toda a demanda de alunos apresentada pelos municípios, informação contestada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que fez o levantamento.

De acordo com o sindicato, a redução de salas de aula só tem uma justificativa: corte de gastos, o que poderia “precarizar ainda mais” a educação pública, com salas superlotadas.

“É mais uma medida para acabar com a qualidade do ensino público. As salas estão cada vez mais lotadas e a secretaria de Educação não fala nada. A demanda é grande e faltam salas”, garantiu a presidente da Apeoesp, Maria Isabel Azevedo, a Bebel.

Cortes por cidades - São Bernardo foi o município que teve maior redução, perdendo cerca de 100 salas. Em Santo André foram cortadas 70 salas de aula; Diadema perdeu 22 e São Caetano cerca de 32 salas. O Estado também cortou, somadas as cidades de Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, outras 90 vagas.

“Está claro que a redução nas salas de aula é economia de dinheiro. Existe demanda e as salas existentes estão cada vez mais lotadas. Atualmente, temos cerca de 40 a 45 estudantes por sala. Tal decisão ainda traz outro problema: demissão de professores”, lamenta o conselheiro da subsede da Apeoesp de Santo André, Alexandre Ferraz.

O fechamento de salas não foi uma prática do governo apenas na Região. A equipe de Alckmin teria afetado, de acordo com a Apeoesp, 104 mil alunos em todo o Estado de São Paulo com o corte de vagas.

Mobilizações - A Apeoesp, com apoio da UEE (União Estadual dos Estudantes) e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), decretou, em protesto realizado na última quinta-feira (29/01) e que reuniu cerca de cinco mil pessoas, greve por melhores salários e condições de emprego, como a redução das salas de aula, a partir de março. A categoria cobra reajuste salarial de 75,33% para equiparação com as demais categorias com formação de nível superior, com jornada de 20 horas semanais de trabalho.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que as escolas estaduais de todo o Estado e também do ABCD atendem totalmente a demanda para a Educação Básica. Ainda de acordo com a equipe de Alckmin, todas as escolas orientam suas salas de aula de acordo com o total de alunos de determinada região e que ninguém ficará sem vaga.

Ensino técnico tem corte em 50% das vagas

Além de reduzir o número de salas de aula na rede estadual de ensino, o governo do Estado de São Paulo ainda cortou pela metade as vagas em cursos profissionalizantes atendidas pelo programa estadual “Vence”. Tradicionalmente, eram disponibilizadas 20 mil vagas por semestre para os alunos da rede estadual. Em 2015, o número foi reduzido para 10 mil.

Durante a campanha eleitoral de 2015, quando Alckmin foi reeleito por mais quatro anos, o programa Vence foi uma das iniciativas do seu governo mais citadas como opção de profissionalização dos jovens no Estado.

Na semana passada, a Secretaria Estadual de Educação encaminhou documento para as instituições credenciadas anunciando redução. De acordo com o comunicado, o motivo dos cortes se dá para “rearticulação das ações governamentais”.

As escolas de ensino técnico credenciadas no programa Vence recebem subsídio do Estado para a abertura de vagas gratuitas. Entre os cursos que estão disponíveis e que tiveram cortes são: administração, enfermagem e informática.

Matéria: ABCD Maior


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