Os protestos ocorridos em junho e julho de 2013 não sensibilizaram a classe política, pelo menos é o que se depreende quase dois anos após os acontecimentos. A diferença com o momento atual prende-se ao fato de que uma parte da população protestou basicamente contra o governo e o seu partido político. Só que há um equívoco político da oposição e da elite : mostrar insatisfação contra a corrupção é louvável, mas apontar seletivamente a presidenta Dilma e o PT como responsáveis pelo descalabro é que não faz sentido, uma vez que outros partidos e outras pessoas, como o PSDB, que é alvo de investigação internacional, em especial na França -no caso metrôgate. Só para relembrar : a Operação Lava-Jato, que acaba de completar um ano, já indiciou e colocou sob investigação 82 pessoas de 6 partidos – PP (a maioria), PT, PMDB, PSDB, PTB e Solidariedade - , sendo 22 deputados federais e 12 senadores e, entre eles, os presidentes da Câmara e do Senado Federal. Outro detalhe : o MBL (Movimento Brasil Livre), que está coletando assinaturas pedindo o impeachment da presidenta, desconhece que a solicitação não tem amparo jurídico, pois crime de responsabilidade para a cassação de mandato só pode ocorrer por descumprimento da Constituição Federal (como aconteceu com Collor de Mello que, estranhamente, o STF o absolveu dois anos depois com a clássica doutrina jurídica “falta de provas’), e não pelo impulso de alguns jovens adultos preconceituosos e inimigos da democracia institucional. Não é digno sequer de comentários a postura de um pequeno grupo (entre eles um ex-fuzileiro naval da marinha-RJ, hoje na reserva) favorável à volta do regime militar, exatamente trinta anos após o início da redemocratização do Brasil (1985-2015).
Mas o sinal amarelo intermitente está ligado. Num momento conjuntural de crise política, nenhuma das partes pode radicalizar. O momento exige reflexão, muita sensibilidade e diálogo qualificado. A repercussão que as Organizações Globo fez desde as 9 horas da manhã do Dia 15/03 traz à tona, mais uma vez, que a mídia quer retomar e reconstruir o “padrão global’ de comportamento do povo brasileiro na direção do retrocesso nos destinos da nação.
O problema da corrupção não é fato novo em qualquer lugar deste planeta, mas no Brasil pode-se afirmar que as causas têm sua origem na legislação política, em particular do processo eleitoral, nas doações/investimentos de CNPJ, que contamina o esquema de propinas, ou a relação corrupto/corruptor. É preciso urgentemente fazer a Reforma Política, não com esse Congresso que está aí, que só exala corporativismo, mas com uma Constituinte exclusiva e soberana composta por representantes da sociedade civil organizada .
Corrupção, intolerância e golpismo não ! Democracia e Reforma Política sim !
Direção SINPRO ABC