Stédile diz que “trabalhadores têm que acordar para manter democracia”
O Brasil está vivendo um momento histórico de três crises: Política, social e econômica.
Este foi o tom que João Pedro Stédile apresentou no seminário “O papel do intelectual orgânico na educação”, promovido pelo SINPRO ABC, sindicato dos professores do ABC, no sábado (22/08), realizado na sede do sindicato dos trabalhadores na construção e mobiliário, em Santo André.
O evento reuniu a direção do SINPRO, professores e representantes de diversos setores da sociedade.
Segundo Stédile do MST (Movimento Sem Terra), a economia brasileira está passando por um processo de desindustrialização, “na década de 70 a indústria representava 50% do PIB, hoje esse número está em 13%”, afirma. Essa queda associada ao envio de recursos para o exterior, por conta das multinacionais, tem agravado o problema no País. Segundo ele, “nos últimos dois anos foram enviados para fora do Brasil R$ 290 bi para salvar a crise internacional”.
Já a crise social tem se agravado por conta da exploração dos lucros e capital humano e pela violência institucionalizada no País. De acordo com João Pedro Stédile “40 mil jovens negros são mortos por ano no Brasil, além das lutas por moradia, saúde, educação e tantas outras situações de morte que os brasileiros vêm enfrentando”.
E por fim a terceira crise, política, tem dividido o País com reflexos ainda nas eleições do ano passado, onde muitos não aceitam a vitória da presidenta Dilma Rouseff. Segundo Stédile, precisamos de uma reforma política séria, pois “o financiamento privado das campanhas de 70% dos políticos no País foram bancados por empresas, fazendo com que ele seja submisso à vontade do patrão e defenda os interesses, social e econômico, de quem o patrocinou”, afirma. Com isso a classe política está totalmente desmoralizada já que numa recente pesquisa, dados mostram que apenas 0,1% da população acredita nos políticos.
Com relação a um possível golpe, o líder do movimento sem terra diz que os trabalhadores ainda “estão assistindo pela televisão os acontecimentos, como num jogo de tênis”. Segundo ele, “ é preciso que a massa trabalhista acorde e vá para as ruas defender a democracia e fazer com que as leis sejam cumpridas” alerta João Pedro Stédile.