“A minha primeira grande missão é a sanção do Plano Estadual de Educação”, diz novo coordenador do Fórum de São Paulo, Reginaldo Soeiro.

No fim do mês de março, o colegiado do Fórum Estadual de Educação de São Paulo (Feesp) elegeu o professor Reginaldo Soeiro para a nova coordenação. Durante os anos de 2016 e 2017, o professor do Instituto Federal de Guarulhos e membro do Proifes terá entre as principais missões tirar do papel o Plano Estadual de Educação.

O Fórum Estadual de Educação de São Paulo foi recriado, em 2013, tendo como objetivo auxiliar na criação e validação do Plano Nacional de Educação (PNE). A aprovação só aconteceu no dia 25 de junho de 2014, com a exigência da elaboração dos planos estaduais e municipais em no máximo um ano, o que não aconteceu até hoje.

A construção desses planos estadual e municipais é importante para garantir os avanços conquistados, a partir do diagnóstico, da definição de metas e estratégias.

Em entrevista para a Fepesp, Soeiro fala de sua primeira semana a frente do Fórum, destaca medidas e afirma que quer o diálogo como marca de sua gestão. A educação privada  e as empresas que investem em educação por meio da bolsa de valores também foram lembradas pelo coordenador nessa conversa.

Fepesp: Como decidiu se candidatar para coordenador do Fórum Estadual de Educação?

Reginaldo Soeiro: Decidi me candidatar porque acredito que o Fórum tem de ser mais participativo e atuante, além de querer melhorar a luta pela educação. As entidades e participantes podem esperar um trabalho e uma igualdade de tratamento em todas as questões e necessidades particulares. Nesta gestão, o diálogo será permanente.

F: Como vê o panorama da educação no Brasil?

R: A educação no Brasil infelizmente não é levada a sério há muito tempo. Apesar de que nesses últimos anos de governo popular o investimento na educação pública ter aumentado, com a criação de novas universidades e novos institutos federais, o que foi muito bom, no primeiro governo da Presidente Dilma o repasse para as instituições privadas de ensino superior, teve uma aumento absurdo, atraindo empresas que investem em educação através de ações na Bolsa de valores. Esse fenômeno teve como consequência, queda na qualidade de ensino, diminuição dos salários dos professores e lucro exorbitante das empresas que adquiriram as instituições privadas de ensino superior.

F: E a educação em São Paulo?

R: A educação no Estado de São Paulo sofre há mais de 20 anos com desmandos na educação por um inescrupuloso plano que cada vez mais acaba com a qualidade e com o respeito que os professores e a educação merece por parte da população. A educação de São Paulo chegou exatamente ao ponto onde os autores desse plano desejam, ou seja, tão desvalorizado e desrespeitado pelos estudantes e pela população, que todos concordarão que terceirizar a educação será a melhor opção. Teremos mais lucros das empresas que investem em educação

através de ações na bolsa de valores e um desemprego sem precedentes na categoria de professores do estado.

F: Assim que assumiu anunciou duas medidas: conversar com o Secretário de Educação e com o relator do Plano Estadual de Educação, que não saiu do papel ainda. Como foram esses dois encontros?

R: No dia 1º de abril, fui recebido junto com o professor João Palma Filho [ex-coordenador do Fórum] pelo Secretário de Educação, onde discutimos o PEE e as dificuldades de sua aprovação. Também falamos sobre o Conselho Estadual de Educação e pedimos alguns assentos no órgão, sendo um deles para o Feesp.

Quanto ao encontro com o relator, entrei em contato por e-mail pedindo uma reunião com o Presidente da Alesp, e o Presidente da comissão. Recebi uma resposta de que entrarão em contato em breve para agendar essa reunião.

F: Como avaliou a reunião com o secretário? O que foi discutido?

R: O secretário foi muito receptivo. Conversamos sobre a aprovação do PEE pedindo, entre outras coisas, a retirada das metas 21, 22 e 23 que foram criadas pelo secretário anterior. Falamos também sobre o Conselho Estadual de Educação (CEE) e pedimos vagas permanentes para entidades representantes de professores e para o Feesp. No fim, o secretário se colocou a disposição dizendo que está de portas abertas para nossas reivindicações e também aceitou o nosso convite para comparecer a uma reunião do Feesp.

F: Quais são os próximos passos? A sua grande missão é tirar o Plano Estadual do papel?

R: A minha primeira grande missão é a sanção do Plano Estadual da Educação, ao mesmo tempo vamos alterar o regimento do Feesp. Após a sanção do PEE, acompanharemos o seu cumprimento.

Também em 2017 teremos a sessão estadual do Conferência Nacional de Educação 2018, onde temos a responsabilidade de organizar, realizar e eleger os delegados para enviar a Brasília na Conae 2018 nacional.

F: Qual seria o papel da Conae 2018, visto que a última foi focada nas metas e estratégias do PNE?

R: Penso que será focada no cumprimento das metas, ou seja, até que ponto as metas chegaram, quanto falta para atingir as metas parciais e as finais e o que fazer para alcançá-las. Além disso, penso que devemos debater sobre o futuro da nossa educação, quanto investir  e como investir e, principalmente, criar mecanismos rígidos de controle para instituições particulares de ensino.


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