Sala de aula lotada, barulho dentro e fora da escola, desrespeito dos alunos, acúmulo de turmas em vários colégios, excesso de pressão dos gestores. Tudo isto pode causar bem mais do que frustração e desânimo aos professores. A falta de infraestrutura e de condições de trabalho é considerada uma das principais causas de doenças que afetam o magistério. São males que atingem o corpo e a mente e retiram, a cada ano, milhares de profissionais das escolas.
As pressões do dia-a-dia se refletem em vários sintomas. Depressão, sensação de esgotamento físico e mental e desânimo são indícios da chamada síndrome de burnout, que se caracteriza por um desgaste que afeta o interesse e a motivação em trabalhar. Já as crises de choro, medo e pânico podem ser sinais de que o profissional sofre assédio moral.
De acordo com um estudo realizado por sindicatos ligados à educação, os professores também sentem no corpo as conseqüências das más condições de trabalho. Problemas com a voz, alergias, tendinites, distúrbios do sono, alterações da atenção e da memória, irritabilidade, agressividade, dores na coluna e de cabeça e problemas cardíacos também estão entre os males que afetam muitos dos que ensinam nas escolas.
Um dos riscos é o professor não procurar ajuda médica, por achar que os sintomas estão ligados somente a problemas pessoais.
Síndrome de Burnout
A síndrome de burnout se caracteriza pelo estresse crônico vivenciado por profissionais que lidam de forma intensa e constante com as dificuldades e problemas alheios, nas diversas situações de atendimento.
A síndrome se efetiva e se estabelece no estágio mais avançado do estresse, sendo notada primeiramente pelos colegas de trabalho, depois pelas pessoas atendidas pelo profissional e, em seu estágio mais avançado, pela própria pessoa quando então decide buscar ajuda.
Inicia-se com o desânimo e a desmotivação com o trabalho e pode culminar em doenças psicossomáticas, levando o profissional a faltas frequentes, afastamento temporário das funções e até à aposentadoria, por invalidez.
Assédio Moral
O assédio moral caracteriza-se por ser uma conduta (seja por ação ou por omissão) abusiva e lesiva, praticada de forma repetitiva e prolongada. Tem natureza psicológica e interfere diretamente no ambiente do trabalho, minando a autoestima do trabalhador. O assédio moral atenta contra a dignidade moral, física e psíquica do trabalhador, expondo-o a situações de humilhação, isolamento e constrangimento. Em suma, ofende a dignidade, a personalidade ou a integridade psíquica do trabalhador.
Voz
A falta de preparo vocal, as condições inadequadas de trabalho e o uso excessivo da voz são os principais fatores que causam problemas de voz na categoria.
O professor, geralmente, conta com poucos recursos e muita responsabilidade. Um dos seus principais recursos profissionais é a comunicação por meio da voz. A voz do professor transmite o conhecimento, orienta, acolhe e educa.
Pesquisa revela: 95% dos professores têm problemas na voz
Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Professores do Município do Rio de janeiro e Região (Sinpro-Rio) mostra o impacto que o trabalho na sala de aula pode ter nas condições de saúde. Dos 1.579 docentes entrevistados em 219 instituições privadas da cidade, 93,5% informaram ter sentido, pelo menos, um problema com a voz.
Quase todos os participantes eram da Educação Básica. Dos consultados, 78,4% indicaram que ficam roucos quando abusam da voz. Em seguida, veio o cansaço e a ardência na garganta após o dia de aulas, com 67,4%. Dos entrevistados, 60% afirmaram que precisavam procurar um fonoaudiólogo.
No próximo exemplar do boletim “O Professor”, série saúde, vamos abordar as doenças que isentam o profissional em ser descontado do Imposto de Renda e doenças as quais o trabalhador poderá sacar o FGTS.