A ponta do Iceberg foi descoberta, agora é só esperar que tudo apareça!
Depois de ter seu mandato cassado pela Câmara dos deputados por 450 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções (resultado que só se deve pela votação aberta), o ex-deputado Eduardo Cunha responsabilizou o governo de Michel Temer pelo resultado, por ter apoiado a eleição do Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa, com apoio do PT. O ex-deputado que até o último minuto buscava entendimento com os aliados para livrá-lo da cassação, apontou o dedo para Temer, que deve ter muito a temer, assim como inúmeros políticos envolvidos em escândalos fraudulentos, de modo particular, ligados à Petrobras. “Quem elegeu o presidente da Casa foi o governo, quem derrotou o candidato Rogério Rosso foi o governo. Todo mundo sabe que o governo hoje tem uma eminência parda e quem comanda o governo é o Moreira Franco, que é o sogro do presidente da casa (Rodrigo Maia). Todo mundo sabe que o sogro do presidente da Casa comandou uma articulação e fez com que fosse feita uma aliança com o PT e, consequentemente, com isso, a minha cassação estava na pauta”, disse Cunha.
O parlamentar já tinha dado o recado que se caísse levaria muitos consigo, tentando intimidar os políticos envolvidos no processo. O que aconteceu? Com certeza a proximidade das eleições e a opinião pública influenciaram muito no processo de votação. Ainda mais, depois do episódio de afastamento da presidenta Dilma, condenada, vítima de um golpe de políticos, empresários e mídia.
Agora é esperar e ficar atento aos acontecimentos, pois Cunha mais cedo ou mais tarde, deverá entregar as falcatruas e todos envolvidos como fez o ex-senador Delcídio do Amaral (ex PT- MS), apesar de ter dito que só criminoso faz delação. “ Eu não sou criminoso, não tenho que fazer delação.” O peemedebista, contudo, disse que pretende escrever um livro sobre o impeachment de Dilma Rousseff. “Vou contar tudo que aconteceu, diálogo com todos os personagens que participaram de diálogos comigo. Eles serão tornados públicos, na sua integralidade. Todo mundo que conversou comigo, todos, todos”, disse Cunha.
O ex-deputado, que é alvo de pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal e que aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal, disse não ter medo de ser preso e nem do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato na primeira instância.
Cunha reconheceu que cometeu alguns erros, mas não o usado pelos adversários para cassá-lo. “Cometi muitos erros, eu sou um ser humano que errou muitas vezes, mas não foram os meus erros que me levaram à cassação. O que me levou à cassação é a política. Fui vítima de uma vingança política no meio do processo eleitoral.”
Já tinha inúmeros precedentes!
Conheça alguns episódios trajetória política de Eduardo Cunha:
Envolvido em diversos escândalos de corrupção, o deputado trabalha contra os direitos dos trabalhadores, das mulheres e dos gays.
• 1992: Denúncias de ilegalidades que envolviam o tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello, PC Farias, apontavam que Eduardo Cunha era um dos principais captadores de dinheiro para a campanha do então candidato. Em 1991 ao assumir a presidência do Brasil, Collor nomeou Cunha como presidente da TELERJ. Ele foi retirado do cargo no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso por “trapalhadas administrativas” e corrupção.
• Em 2000, Eduardo Cunha deixou a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro, alguns meses depois de assumir o comando da Empresa, sob acusações de fraudar licitações para favorecer a construtora de um amigo de partido durante o governo de Anthony Garotinho. O advogado do deputado usou documentos falsos para livrá-lo da acusação de fraude nas licitações.
• Em 2002, a falsa documentação também foi utilizada para arquivar uma investigação contra Cunha no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal percebeu um complô entre o subprocurador de Justiça Elio Fischberg, Eduardo Cunha e o advogado Jaime Cukier. Os três viraram réus na Justiça e somente Fischberg foi condenado.
• Eduardo Cunha também estava envolvido em um esquema de corrupção que resultou num rombo de R$ 850 milhões em impostos. O caso aconteceu entre 2002 e 2006 quando uma CPI apurou um esquema de venda de combustíveis sem o recolhimento de impostos no Rio de Janeiro. Cunha participava do esquema e teve vários contatos confirmados com Ricardo Magro, dono da refinaria de Manguinhos, apontado como um dos principais cabeças da fraude.
• Em 2005 Eduardo Cunha foi ligado a denúncias de desvio de recursos do Mensalão. Ele estava envolvido com desvio de recursos do fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, no repasse de dinheiro público a partidos políticos.
• Em 2007 a deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ) acusou Cunha de ter vendido um imóvel em Angra dos Reis por US$ 800 mil ao traficante de drogas Juan Carlos Abadia, preso no mesmo ano. Cunha teria comprado o imóvel de volta por US$ 700 mil.
• Em 2010 Eduardo Cunha foi retirado da relatoria do anteprojeto do Código de Processo Civil (CPC) por influência direta da Ordem dos Advogados do Brasil. Para se vingar da entidade, em 2011, Cunha propôs projetos na Câmara Federal para acabar com o exame da OAB.
• Eduardo Cunha indicou o deputado Arthur Lira (PP-AL) para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Enquadrado na Lei Maria da Penha, Arthur Lira é acusado de agredir fisicamente a companheira dele, Jullyene Cristine Santos Lins em 2006. O caso foi denunciado em 2012 e, em 2013, o deputado tornou-se réu no Supremo Tribunal Federal. Além de tapas e socos, Jullyene disse em depoimento que foi arrastada pelos cabelos e chutada enquanto estava no chão.
• 2016 - Por dez votos a zero, o STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento que decidiu pela abertura de processo criminal contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com a decisão, Cunha passa a ser o primeiro parlamentar no exercício do mandato a se tornar réu a partir das investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.