06042021 semvacinasemaulO Brasil ultrapassou as 330 mil vidas perdidas em decorrência da covid-19. Não são apenas números, são vidas e histórias ceifadas por uma doença nova e com comportamento inesperado. O que se sabe é que ela é cruel.

Com base nisso, o SINPRO ABC reforça que é contrário a retomada das aulas presenciais sem que haja a vacinação dos profissionais da Educação. Prevista para iniciar na próxima semana somente para os trabalhadores com idades acima dos 47 anos, a imunização exige, ainda, um período após a aplicação da segunda dose para que atinja a eficácia. Retornar às escolas antes disso é um atentado à vida de funcionários, alunos e todos os familiares.

Dados da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo divulgados em março, após o início das atividades presenciais nas escolas, mostram que os casos suspeitos nas instituições de ensino paulistas em 2021 passaram dos 4 mil, incluindo professores, alunos e funcionários. O que vimos, de lá para cá, foi uma curva crescente nos casos positivos em todo o País, o colapso no sistema de Saúde (público e privado), uma vacinação a passos lentos, óbitos diários se aproximando dos 4 mil e, como sempre, inércia do Governo Federal para reverter o cenário caótico instalado no Brasil.

Com intuito de reduzir a circulação de pessoas nas ruas e preservar vidas, a Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo), juntamente com outros sindicatos e grupos de representação dos profissionais da Educação, moveu ação civil pública alertando as autoridades sobre o evidente risco de alta propagação do coronavírus com a retomada das atividades presenciais nas escolas, defendendo a necessidade o isolamento social como único mecanismo eficiente de combate à pandemia e reivindicando a manutenção do trabalho remoto para as equipes pedagógicas. As aulas presenciais podem ser opcionais aos alunos, mas não aos professores e demais trabalhadores, uma vez que não vimos a implantação de um efetivo esquema de rodízio.

Ao mesmo tempo, vivenciamos as contradições por parte do Governo Estadual. Em nota técnica do Centro de Contigência da Covid-19, em 2020, é dito que o “setor educacional por especificidades e, especialmente, por movimentar diariamente cerca de um terço da população de todo o Estado, exigiu uma análise particular para estimar, com segurança e responsabilidade, o potencial impacto na transmissão da doença em razão da retomada das aulas e atividades presenciais. No cenário atual, o Centro de Contingência e a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo recomendam que o setor da educação retome as atividades presenciais somente quando todo o território estadual se estabilizar por 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo. Isto é, a partir do momento em que todo o território paulista apresentar sinais de redução da velocidade da transmissão do Sars-CoV-2, o vírus causador da doença Covid-19.”

Os números oficiais mostram que estamos distante desta realidade e, mesmo assim, o retorno às atividades presenciais segue ativo na pauta, com data prevista para os próximos dias.

Em sua justificativa no parecer favorável ao pedido dos representantes dos trabalhadores da Educação, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti destaca que “houve repentina mudança de posicionamento do Estado de São Paulo sem a melhora dos indicadores do plano São Paulo ou de novas descobertas do campo da epidemiologia em total desprezo pelos pareceres técnicos da própria Secretaria da Educação divulgados em julho e agosto de 2020. E, naquela época, a pandemia não estava numa situação crítica e desenfreada como o atual momento.”

“Na fase mais aguda da pandemia, com número de mortes diárias ultrapassando o patamar de 1.000 e a incapacidade do sistema de saúde, o retorno presencial das aulas, ainda que com número reduzido e de forma opcional para os alunos, sem evidências científicas sobre o impacto na transmissão do covid, é medida contraditória e sem motivação válida. Assim, diante de tais princípios a retomada da aulas presenciais deve ocorrer numa situação de maior controle da pandemia, com a redução dos números de internações e mortes, com base em estudos técnicos e científicos condizentes com a realidade, com medidas governamentais capazes de assegurar não só o distanciamento social, mas também a vacinação da população de forma mais célere”, acrescenta a magistrada.

O SINPRO ABC, como legítimo representante dos professores, segue a luta incessante para reivindicar a vacinação para outras faixas etárias, exigir ações por parte dos governos em defesa dos trabalhadores e assegurar condições de segurança para nossa categoria.

Sabemos que o momento exige responsabilidade, inspira uma série de cuidados e clama pelo senso de coletividade. Todos nós precisamos fazer a nossa parte.


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