Interesses econômicos ditam o fim da escravidão no Brasil

O Brasil foi o último país da América Latina a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888, após a promulgação da Lei Áurea. Já o Haiti foi o primeiro País Latino onde os próprios escravos, através de lutas e rebeliões, se tornaram livres em 1804. Em Cuba a escravidão foi praticada até 1886. Na época, o comércio de negros tinha sido adotado por portugueses e espanhóis que faziam o tráfico escravo para que a mão de obra africana fosse utilizada na exploração das riquezas naturais americanas em benefício da Europa.

No início, o comércio era controlado por Portugal que já havia exportado escravos do Congo desde 1441. Os portugueses seguiram sendo os mercadores de escravos de maior destaque até o começo do século XVII, quando foram superados pelos neerlandeses, franceses e ingleses. Foram centenas de anos explorando os negros até que a escravidão fosse abolida em nosso continente.

No entanto, alguns livros de história questionam mitos da libertação dos escravos no País. O próprio fim da escravidão gera controvérsias. De acordo com alguns historiadores, os ingleses tinham motivos ideológicos para pressionar pelo fim da escravidão. Pesquisadores afirmam que o interesse era econômico e estava relacionado com o preço do açúcar exportado da América Latina para a Europa, o que desmistifica a figura da Princesa Isabel, como heroína da escravatura.

Outro mito questionado é que Lei Áurea acabou com a escravidão no Brasil. Apesar de representar o fim de uma era, a lei não resolveu o problema da escravidão. Apenas mudou a forma que era feita a atividade. "Livres", os negros passaram a contrair dívidas praticamente impagáveis e ficavam o resto da vida pagando dívidas intermináveis.

Importância de Zumbi para a História do Brasil

Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

Depoimentos

“A reflexão é a melhor forma de projetarmos nossos anseios. Ansiamos por uma sociedade mais justa, igualitária, com mais dignidade. A nossa luta é permanente. O dia da consciência negra marca e relembra vários episódios. Não devemos esquecer da luta de nossos ancestrais, de nossos sonhos e de quem somos” – Vicente Paulo da Silva (deputado federal – PT).

“O racismo se dá de forma velada no Brasil. Uma menina negra que não vê mulheres negras em situações favoráveis nas novelas ou nos programas de TV está sendo vítima do racismo. Um jovem que em sala de aula não ouve a história de luta de seus ancestrais está sendo vítima de racismo. Um profissional negro que tem salário mais baixo exercendo exatamente a mesma função que um profissional de qualquer outra etnia, está sendo vítima de racismo. Então, posso dizer, categoricamente, que todos os negros e negras, em nosso país, já foram e são vítimas do racismo” – Leci Brandão (deputada estadual – PC do B).

“Até os parlamentares negros e negras de esquerda, com raríssimas exceções, de todos os partidos, foram omissos na luta pelo mínimo de dignidade em prol dos direitos do seu povo negro” - Frei David Santos OFM - Teólogo e Filósofo; Especialista em Ações Afirmativas.

Homenagem a Luiz Gama

A Universidade Mackenzie (SP) realizou nos dias 03 e 04 de novembro um evento em que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil inscreveu oficialmente Luiz Gama nos quadros da advocacia nacional.

Após 133 anos de sua morte, nosso maior advogado receberá o justo reconhecimento da instituição que representa advogados e advogadas de todo o País.

Luiz Gama, negro nascido em 1830, chegou a ser escravizado. Chegando a São Paulo, conseguiu a liberdade, tornando-se depois importante jornalista, poeta e militante político de posições republicanas e abolicionistas. Tentou formar-se advogado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas apesar de formalmente livre, o racismo não permitiu. Ainda assim, Luiz Gama tornou-se advogado provisionado, com autorização para atuar nos tribunais em defesa de escravos que lutavam por liberdade. Com teses brilhantes e atuação combativa libertou centenas de escravos, tornando-se exemplo no exercício da advocacia.


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