Campanha Salarial: mais de 60 entidades sindicais de todo o Brasil se reúnem em evento organizado pela Contee

Por Milena Buarque/ Fepesp

As estratégias e as dificuldades dos sindicatos e federações em mesas de negociação foram debatidas no “Encontro de Negociadores”, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE). O evento aconteceu na última quinta-feira (28/01) e contou com a presença de mais de 60 sindicatos de professores e auxiliares de todo o País.

A importância de se munir com dados que possibilitem a derrubada dos argumentos comuns apresentados pelo patronato recebeu destaque no encontro por meio da apresentação do material enviado pelas entidades e também pela pesquisa desenvolvida pelo Sinpro-Itajaí, que reuniu dados de conjuntura nacional, estadual e local.

Para Cristina Castro, coordenadora da Secretaria de Comunicação Social, o principal objetivo do evento é a troca de experiências com o intuito de gerar uma sensação de união. “É importante não se sentir sozinho e mostrar que juntos há uma possibilidade maior de enfrentamento”, disse.

Apesar do foco nas cláusulas financeiras em época de crise, os sindicatos lembraram da importância de se discutir questões como assédio moral, hora tecnológica, limitação de alunos por sala e Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

Com o consenso a respeito dos desafios da Campanha Salarial, o período da tarde foi dedicado à divisão de experiências dos sindicatos e à indicação de ações a serem desenvolvidas pela Contee.

Além de Cristina, a mesa foi composta por Fábio Eduardo Zambon, Secretário de Finanças da Contee, e José Ribamar Barroso, coordenador da Secretaria de Organização Sindical.

FEPESP e a caixa-preta do Sistema S

A Fepesp foi uma das seis Federações de todas as regiões do Brasil que estiveram presentes para relatar aspectos da conjuntura atual. Para Claudio Jorge, vice-presidente do Sinpro Campinas e diretor da Fepesp, os dados apresentados durante o encontro foram importantes “para que todos os dirigentes sindicais tenham condições de ir para uma mesa de negociação e rebater as mentiras patronais, bem como a preparação para se referir à base do sindicato”.

As assembleias de fechamento da pauta de reivindicações do Sesi/Senai, que acontecem na próxima quarta-feira (04/02) em todo o Estado, foram lembradas como uma das primeiras ações da Campanha Salarial. “O presidente Paulo Skaf levou o Sistema S a uma situação extremamente complicada. Se ele não quer pagar o pato, nós estamos querendo tirar o pato da caixa-preta. O que ele está fazendo com a Fiesp?”, disse Claudio Jorge, fazendo referência à campanha “Não Vou Pagar o Pato”. O chamado “Dia S” contará com falta abonada.

Na visão de José Jorge Maggio, presidente do Sinpro ABC e diretor da Federação, algumas lutas precisam de mobilização nacional. Pautas como o PL Antiterrorismo (PLC 101/2015), que tipifica o crime de terrorismo, e representa uma ameaça à democracia, ao direito à manifestação e à liberdade de expressão, merecem a união por parte da Contee e de centrais sindicais.

Outra ação lembrada por Aloisio Alves, diretor do Sinpro ABC e da Fepesp, foi o estudo que trata da saúde financeira das instituições privadas de Ensino Superior. Realizado pelo professor Oscar Malvessi, a pesquisa foi tema de matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em julho de 2015.

Além de demandas comuns aos sindicatos de todo o País, a Fepesp também expôs algumas reivindicações únicas ao Estado de São Paulo, como, por exemplo, a manutenção da cesta básica e plano de saúde para toda a categoria.

O patrão e a crise

A mercantilização da educação e o papel da mídia no que diz respeito à crise foram amplamente debatidos. Sob a ideia de que o patrão é o mesmo em todo o País, mas outro com o passar do tempo, as entidades sindicais citaram os grandes grupos educacionais e a situação de desigualdade na hora do entrave na mesa de negociação. “Se o campinho estiver nivelado, a gente sabe que joga bem”, disse Cristina.

A conjuntura econômica atual foi puxada sob as figuras da inflação e do desemprego. “O monstro da década de 1990, o desemprego, volta a ser usado como ameaça aos professores e técnicos administrativos. A justificativa patronal é a crise. Quem paga a crise? Certamente não são eles”, disse Cristina.

O encontro mostrou a importância das informações na elaboração de estratégias para tentar nivelar o campo e lutar contra a ganância patronal, que não se inibe no reajuste de mensalidades, mas hesita quando o assunto é o salário do trabalhador.


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