Ao tentar atacar a presidenta Dilma, com matéria (capa) tendenciosa no último domingo (3), a revista Isto É, atirou no que viu e atingiu o que não viu. Tentando ferir ainda mais a imagem de Dilma falando sobre um descontrole emocional, as mulheres tomaram as dores da presidenta e questionam os veículos de comunicação sobre a questão de gênero que vem sendo depreciado pela grande imprensa.
Na segunda-feira (4) a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE - lançou uma nota contra o machismo da mídia. Confira:
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee, fundada em 1990, representa, há 25 anos, os(as) professores(as) e técnicos(as) administrativos(as) que atuam na educação privada, tendo, atualmente, cerca de 1 milhão de trabalhadores(as) na base. Por isso, há muito tempo a Confederação acompanha e atua na prevenção de casos de discriminação, preconceito e intolerância de todas as naturezas dentro das escolas e fora delas. A Confederação entende, portanto, que é dever de todos agir contra todo e qualquer forma de discriminação.
Não é de hoje que ouvimos relatos de mulheres que foram assediadas, violentadas e mortas pelo simples fato de serem mulheres. Essa violência acontece dentro de casa, no trabalho, nas ruas. São ataques gratuitos, produto de uma sociedade machista que se nega em mudar.
Nos últimos dias, a capa da edição do dia 3 de abril de 2016 da Revista IstoÉ foi divulgada e nela vemos a representação da presidenta Dilma Rousseff em uma imagem de aparente descontrole e com a manchete “As explosões nervosas da presidente”. Na mesma capa também se lê: “Em surtos de descontrole com a iminência de seu afastamento e completamente fora de si, Dilma quebra móveis dentro do Palácio, grita com subordinados, xinga autoridades, ataca poderes constituídos e perde (também ) as condições emocionais para conduzir o País” – o que está grifado aqui aparece realçado em amarelo na capa da publicação. No Portal da Revista a manchete também é clara: “Fora de controle”.
A escolha editorial da Revista tem o único objetivo de desmerecê-la como mulher e retratá-la como uma pessoa descontrolada, reforçando os estereótipos e preconceitos sofridos por todas as mulheres. Infelizmente, essa atitude da imprensa não acontece somente no Brasil: outras mulheres, líderes em seus países, são atacadas constantemente – entre os exemplos, podemos citar a ofensiva da mídia contra a ex-presidenta da Argentina, Cristina, Kirchner, que a trata como “louca”.
Essa manifestação não se apoia em qualquer questionamento político ou na política em si, ela se apoia no machismo e na crescente discriminação de gênero em nossa sociedade, que insiste em dizer que a mulher não é capaz de exercer cargos de chefia e que o seu lugar é em casa, cuidando dos filhos.
Ao atacar a presidenta Dilma Rousseff por ser mulher, a imprensa ataca a todas as mulheres brasileiras e contribui para o enfraquecimento da luta pela igualdade de gênero em nossa sociedade.
Frente a esse acontecimento e tantos outros que tiveram como alvo a presidenta Dilma Rousseff e seu papel como primeira mulher a exercer o cargo de presidenta do Brasil, a Contee manifesta seu repúdio às atitudes da imprensa que utiliza sua plataforma para ofender as mulheres ao invés de exercer sua função democrática de informar o povo brasileiro.
Brasília, 04 de abril de 2016.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE