Uma perguntinha singela que não está no noticiário da briga pela aquisição da Estácio – pela Kroton, que propôs uma fusão com troca de ações, ou pela Ser, que deseja assumir a Estácio com pagamento de dividendos extras de R$590 milhões aos seus acionistas – é o que isso significa em termos de educação e de condições de trabalho. Trata-se, até agora, de uma disputa financeira, para criar um grupo ainda mais lucrativo no ambiente mercantil em que se transformou a educação superior privada.
No nosso estudo sobre a Saúde Financeira do Ensino Superior Privado (http://bit.ly/24USeYH), a Fepesp mostra que entre 2011 e 2015 a renda operacional bruta das quatro maiores instituições do ramo cresceu 328%. O investimento em professores não seguiu no mesmo ritmo. O gasto com remuneração média dos docentes, 40% da receita líquida das maiores escolas em 2011, diminuiu para 37% em 2015. O custo do serviço prestado – ensinar nossos jovens – também foi cortado de 61% em 2011 para 51% em 2015. As faculdades privadas recebem hoje pelo menos três de cada quatro estudantes no Brasil, um índice ainda maior no estado de São Paulo.
As grandes escolas do ensino superior tornaram-se fábricas de diplomas. E o que não aparece em seus balanços são investimentos na aprimoramento do professor ou de seus métodos de ensino, orientados agora por questões de eficiência financeira e não por eficácia do ensino. “As empresas de educação e as empresas de saúde, por exemplo, tem um fim social. Não se pode comparar a lucratividade de uma empresa dessas com a de um banco”, diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp. “Elas tem que prestar contas disso”.
Confira a notícia do Estadão sobre o interesse da Kroton: http://bit.ly/1sS3Spp.
Confira a notícia da Folha de S.Paulo sobre o interesse da Ser Educaional: http://bit.ly/1UtV9zT
Entenda as propostas da Kroton e da Ser Educacional, matéria da Revista Exame: http://bit.ly/1UnB0vI