O 2º.turno das eleições municipais ratificou a tendência do 1º.turno. O PSDB foi o grande vencedor, não em número de municípios, mas na quantidade de eleitores representados- 24%-e o PT o grande derrotado, passando de 3º. para 10º. lugar no ranking de quantidade de prefeituras governadas pela sigla. Mas o grande destaque dos analíticos políticos e da grande mídia foi o percentual de abstenções, votos brancos e votos nulos- 1/3 dos eleitores-, fato que traz à tona algumas reflexões sobre a legislação eleitoral, que precisa urgentemente de uma profunda reformulação.
O primeiro debate deve ser sobre o voto obrigatório, porque a prática nos mostra que ele é facultativo, dado a fatores como a facilidade de justificar ausência em qualquer seção eleitoral, o baixíssimo valor da multa para quem sequer justificar e, o pior dos fatores, a crise de representatividade política que se estende por mais de dez anos, com escândalos de corrupção, contas secretas no exterior e outros escárnios, levando o povo a desacreditar nos políticos e na política.
Não bastou a primeira e tímida experiência nesta eleição- a proibição de doações de empresas-, há necessidade de uma profunda reforma estruturante, como: a) rever a quantidade exorbitante de legendas- quase 40-, pois 90% delas só aparecem em ano eleitoral, como verdadeiros partidos de aluguel; b) reavaliar o financiamento público, como o Fundo Partidário; c) estabelecer o sistema de representação política condizente com a realidade brasileira.
Diante do exposto, só uma Assembleia Nacional Constituinte, autônoma e soberana, poderá restabelecer o envolvimento do cidadão eleitor nos destinos políticos do Brasil, assim como acredito que o resultado desta eleição não servirá de prévia para a eleição de 2018, pois até lá é preciso aguardar quem vai sobreviver na Operação Lava Jato e futuras delações, por isso a costura política feita agora poderá não valer nada no futuro próximo.
Paulo Yamaçake – Diretor SINPRO ABC.- 31/out/2016.