Educação a Distância em pauta: qualidade de ensino sem precarização do professor

A educação a distância (EaD) é a modalidade de ensino que mais cresce no Brasil. Com o surgimento de novas tecnologias facilitadoras da relação ensino-aprendizagem e com o maior acesso a cursos de ensino superior, o debate sobre as implicações dessa nova prática, no que se refere à qualidade do ensino e à precarização do trabalho do professor, por exemplo, se faz necessário.

Para o especialista em tecnologia educacional e diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) João Mattar, apesar das facilidades, a reação contrária à educação a distância é legítima por diversos motivos. “O principal deles é porque no Brasil, e não apenas no Brasil, as instituições enxergaram na educação a distância um centro de lucro, uma situação onde você poderia pagar um conteúdista para produzir determinado material e depois aquele conteúdo ficaria rodando máximo de tempo possível. Quanto mais rodar, mais lucro para a instituição”, explica Mattar, entrevistado do programa ‘Sala de Professores’ desta semana (assista na TV Fepesp, aqui).

Pensar na inserção das tecnologias na prática do ensino e em uma maior participação dos alunos sem para que isso seja precarizado o trabalho do professor, peça elementar na relação ensino-aprendizagem, é um dos desafios trazidos pela EaD. Segundo João Mattar, não há apenas um único modelo, já que a educação a distância pode ser realizada por satélite, por videoconferência ou por arquivos de múltipla escolha, entre outros. Entretanto, a utilização desses modelos não pode ser feita sem a discussão do ponto de vista trabalhista e da qualidade da educação.

EaD é o tema da semana no 'Sala de Professores', programa da TV Fepesp

Para Gentil Gonçales Filho, presidente do Sindicato de Professores de Indaiatuba, Salto e Itu e estudioso de práticas de ensino que incluam o uso de tecnologia, existe um caminho para a regularização do trabalho do professor nessa modalidade. “A EaD como uma galinha dos ovos de ouro, na qual as instituições gastavam pouco e precarizavam o trabalho do professor, está caminhando para uma regularização. O debate é importante também para que professores deixem de ter resistência às novas tecnologias. É importante que ele possa entender que elas podem ajudar. O professor vai ter que aprender também a dividir esse protagonismo com os alunos.”

Estudo recente da Fepesp sobre a saúde financeira de quatro grandes grupos educacionais (Kroton, Estácio, Anima e Ser) aponta um aumento na proporção de alunos matriculados na modalidade EaD de 2013 a 2016. A Anima Educação, por exemplo, começou a fornecer a possibilidade a distância apenas em 2015, chegando em 2016 com quase 5% de seu total de alunos sendo EaD.

O tema é destaque no ‘Sala de Professores’ desta semana. O apresentador Celso Napolitano conversa com João Mattar e com Gentil Gonçales Filho sobre o panorama da educação a distância no Brasil e quais as suas consequências para o trabalho do professor. Assista ao programa no Canal Universitário (NET: 11 e VIVO: 10 e 187) e no canal da TV Fepesp no YouTube: http://youtube.com/tvfepesp.


Mais Lidas