Representes de centrais sindicais reafirmam que não aceitarão perda de direitos e marcam dia nacional de protestos para 10 de novembro, véspera de entrada em vigor da Lei 13.467
A 40 dias da entrada em vigor da Lei 13.467, que altera a legislação trabalhista, os metalúrgicos e outras categorias do setor industrial afirmam que as medidas não serão implementadas nas convenções coletivas.
"Vai ter luta, vai ter resistência, vai ter enfrentamento", alertou o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, que nos últimos dias percorreu o sul de Minas Gerais em campanha de informação sobre os efeitos das mudanças na legislação trabalhista.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), ligada à Força Sindical, Miguel Torres, também presidente do sindicato da categoria em São Paulo, o movimento sindical mostrou "maturidade" ao se unificar em torno do tema. Ele afirmou que a reforma trabalhista faz parte de um processo de "desnacionalização e entreguismo" em curso no país, em benefício do mercado financeiro. "Nós vimos este ano que a luta de classes não acabou. A unidade das centrais tem de passar também pelo chão de fábrica."
Em alguns locais, as empresas já tentam impor mudanças com base na lei que ainda não entrou em vigor. Na base metalúrgica da CUT em São Paulo, por exemplo, o G3 (grupo patronal que inclui o setor de autopeças) insiste há algum tempo em alterações de cláusulas sociais, como a de estabilidade para trabalhador acidentado ou com doença ocupacional.
Na cidade goiana de Catalão, a Mitsubishi quer excluir o Sindicato dos Metalúrgicos das negociações sobre participação nos lucros ou resultados (PLR), diz o presidente da entidade, Carlos Albino de Rezende Júnior. Segundo ele, essa negociação já ocorre há 13 anos, mas a empresa agora quer discutir apenas com uma comissão e, de acordo com Albino, iniciou um processo de "terrorismo" contra a entidade sindical.
"Se os patrões se uniram pensando que iam aplicar facilmente a reforma trabalhista, vão encontrar uma pedreira", disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, da executiva da CSP-Conlutas. "É preciso enfrentar o descalabro que acontece neste país com o governo Temer", acrescentou, defendendo a realização de uma greve geral. Parte da plenária apoiou a proposta, enquanto uma parcela se manifestou por um dia de protestos. A unanimidade veio com o coro de "Fora, Temer", repetido várias vezes.
O presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal, ligada à CTB), Marcelino da Rocha, afirmou que a mobilização da categoria é uma resposta aos "gananciosos deste país". "Não vamos permitir que continuem nos roubando. No dia 10 de novembro a nossa bandeira é única."
E o secretário-geral da CUT São Paulo, João Cayres, chamou a reforma de "estatuto do empresário", lembrando que a central está coletando assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular pela revogação da lei.
Fonte: CUT