Reforma trabalhista revela real motivo de sua aprovação

Estácio demite 1200 professores e abre cadastro para novos docentes com salários menores e contrato intermitente.

Mal entrou em vigor e a nova legislação trabalhista já revelou o principal motivo pelo qual foi aprovada pelo congresso corrupto: atender o interesse dos empresários e patrões. A notícia da demissão de 1200 professores e professoras da universidade Estácio, em todo o País, caiu como uma bomba no segmento educacional.  A justificativa da Instituição para as demissões seria o fato de que a hora-aula dos docentes do grupo estaria acima dos preços praticados pelo mercado. No entanto, as demissões acontecem depois das regras trabalhistas terem entrado em vigor (11/11), protegendo os empresários de qualquer tipo de punição legal.

Aproveitando a oportunidade da nova lei trabalhista, que prejudica os trabalhadores e defende os empresários, como foi amplamente anunciado e discutido pelos sindicatos, a Estácio lançou também um cadastro reserva para a substituição dos professores demitidos. Os novos profissionais serão contratados com salários bem mais baixos, o que precariza e desvaloriza, ainda mais, a mão de obra e o trabalho docente.

De acordo com depoimentos professores da Estácio, divulgados pelos veículos de comunicação (jornais) no último dia 05/12, as demissões aconteceram sorrateiramente, surpreendendo os funcionários.  Foi o caso da professora de história e pedagogia, Yara Kassab, de 61 anos. “Cheguei para aplicar prova normalmente, quando fui bater o ponto, uma funcionária da sala dos professores não deixou. De lá fui direto para uma sala assinar os papéis da demissão”, contou a professora, confirmando que não houve aviso prévio e nem negociação com o corpo docente.

Yara é uma professora experiente e esteve nas salas de aula de diversos cursos em 17 anos de serviços prestados à instituição. Formada e doutorada pela Universidade de São Paulo (USP), ela conta que a maioria dos professores demitidos no campus de Interlagos tem longa experiência acadêmica. “Eram mestres e doutores que estavam na instituição há muitos anos”, lamenta. 

Já o professor de matemática Roberto Reis (58), que trabalhou na Estácio durante 20 anos, disse que suspeitava que algo iria acontecer, mas não esperava que fosse tão rápido. “Desde que começou a ser discutida a reforma trabalhista, os sindicatos nos alertaram para o que poderia acontecer, caso a reforma fosse aprovada. Tá aí, a nova lei veio para prejudicar ainda mais os trabalhadores e acabar com nossos direitos. Agora a gente não pode desistir não, tem que se  unir para exigir o que é nosso de direito e se proteger de muitos outros ataques que virão por aí, finaliza.

Ministério Público vai apurar demissões

O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro vai investigar a aplicação da reforma trabalhista no Rio de Janeiro. Casos como o de demissões em massa de médicos e fisioterapeutas da Rede D’Or São Luiz e agora da Universidade Estácio, chamaram a atenção da Justiça. De acordo com o coordenador do Núcleo de Fraudes Trabalhistas do MPT-Rio, Rodrigo Carelli, a falta de transparência das empresas, e o visível desrespeito aos direitos dos trabalhadores, será investigado com rigor. Segundo ele, houve má interpretação das empresas sobre a reforma. “O que parece, é que as empresas acham que vale tudo depois da reforma, e não é isso. A reforma não prevê nenhuma mágica, que permite desaparecer com empregados para recontratar de forma precária, por isso vamos abrir inquérito para fazer as apurações”, revelou.

Sindicatos se mobilizam contra as demissões

O mal exemplo dado pela direção da universidade Estácio, nas demissões em massa, tem deixado os trabalhadores muito preocupados com relação ao futuro do trabalho no País. Embora as centrais sindicais e os sindicatos tenham alertado às categorias sobre as perdas da dos trabalhadores com a reforma, a luta continua para que a lei seja revogada. De acordo com o presidente do sindicato dos professores do ABC, José Jorge Maggio e diretor da CUT, é preciso ficar atentos para que não haja demissões em massa no segmento. “Nós estamos empenhados, não somente os professores, mas outras categorias, em trabalhar juntos, buscando a unidade com diversos segmentos, para reverter a nova legislação trabalhista. A campanha nacional pela anulação da reforma continua e é importante que os trabalhadores participem, afirmou. 

Segundo Maggio, estamos em estado de greve , agora não somente pela anulação da reforma trabalhista, mas para a não aprovação da “Reforma da Previdência”. “A pressão dos trabalhadores impediu que a reforma da previdência fosse para votação no dia 06 de dezembro. O governo recuou e agora estamos em estado de greve. Se colocarem a reforma para votação, vamos nos unir a todas as categorias e parar o País. Não podemos deixar que um presidente ilegítimo e um congresso corrupto tomem  conta do destino de milhões de brasileiros”, afirmou o presidente do Sinpro ABC.

Saiba como participara da Campanha Nacional de anulação da Reforma Trabalhista.

 Acesse: http://anulareforma.cut.org.br/

 


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