As eleições gerais de 2014 ficaram marcadas por dois projetos distintos e alguns fatores colaterais. O primeiro projeto, representado pelo candidato Aécio, era o da volta do neoliberalismo ( entenda-se, especialmente, como o do Estado mínimo ) e, o segundo, o do neo desenvolvimentismo, representado pela Presidenta reeleita Dilma Rousseff. Este embate acirrou-se nas três semanas que antecederam o segundo turno, algo inédito até então na história pós-redemocratização do Brasil de 1985. Interesses conflitantes entre as duas candidaturas à parte, destacamos alguns fatores que realmente influenciaram a opinião pública para o desfecho do resultado totalizado. Tentarei aqui sintetizar os que considero os mais relevantes nesta campanha eleitoral : a) o papel exercido pelos veículos de comunicação, sempre subservientes aos interesses do capital, e propagando um sentimento anti-petista mesclado com o sentimento geral por mudanças; b) o comportamento nefasto dos especuladores da bolsa de valores, desvalorizando drasticamente os valores das ações de empresas estatais, como Petrobrás, Banco do Brasil e Eletrobrás, além de inflar a cotação do dólar no câmbio flutuante, querendo passar a imagem de que a política econômica do país é frágil e não consolidada; c) o desempenho significativo das redes sociais, realidade cada vez mais presente nas campanhas eleitorais, socializando fatos e boatos; d) o retorno da militância petista às ruas, desempenhando protagonismo importante na reta final da campanha, conseguindo reverter uma situação de dificuldade e de confusão de propostas.

Evidente que, após a árdua batalha, a vida continua e o 2º. Mandato da Presidenta Dilma teve seu início antecipado. Vários e pesados desafios estão à sua frente, como a reforma política (assumida por ela logo após a apuração dos votos), a reforma tributária, a democratização dos veículos de comunicação, a implantação do Plano Nacional de Educação (PNE), o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, as reformas agrária e urbana, a regulamentação da Convenção 151 da OIT ( negociação coletiva com o setor público), a ampliação das políticas sociais ( como emprego e renda), entre outros.

Claro que a governabilidade deste novo mandato está dificultada com a nova composição do Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados, que teve uma renovação danosa para os interesses da população brasileira. Por isso os movimentos sociais organizados precisam atuar mais vigorosamente para pressionar sem tréguas os políticos eleitos. Quando o quadro não parece favorável, significa que mais energia precisa ser empregada daqui pra frente.          

Paulo Roberto Yamaçake

Diretor do Sinpro-ABC e da Contee e coordenador do FRE ABCDMRR- outubro/2014.


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