Os descalabros anunciados na Educação do Sesi/Senai foram alvo de debate em Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo, na última sexta-feira (06). Trabalhadores, sindicatos e entidades lotaram o Plenário Dom Pedro I, onde aconteceu o evento, iniciativa do deputado Carlos Giannazi (PSOL-SP) e organizado pela Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). Mais de 200 pessoas estiveram presentes.
Tanto representantes do Ministério Público como do Sesi e Senai não apareceram para prestar esclarecimentos. Ainda assim, o evento foi importante por mostrar mobilização da categoria, trazer casos concretos de alunos e professores, além de levantar questões sobre as políticas educacionais que a instituição vem tomando e os desafios que surgirão mais à frente.
Na porta da Assembleia, um pato gigante dentro de uma caixa-preta ironizava a campanha do Paulo Skaf e lembrava que é preciso investigar os gastos do Sesi e do Senai. Professores questionavam os cortes na educação e os recursos destinados à propaganda. O deputado Giannazi abriu a Audiência Pública chamando a atenção para este fato. “Não podemos assistir ao desmonte na educação do Sesi e Senai. Nossa luta é em defesa desses profissionais, para que nenhuma vaga seja suprimida”, disse.
O presidente da Fepesp, Celso Napolitano, falou da ausência dos representantes patronais e lembrou que Skaf, ao anunciar o fim do período integral, parece ter esquecido de suas bandeiras de campanha ao governo do Estado de São Paulo. “O Sesi e o Senai, mais uma vez, deixarão de explicar publicamente as medidas que estão sendo anunciadas. Uma das propagandas do Skaf vendia um estudo integrado. Vendeu transferir para o Estado a política integral do Sesi e Senai. Angariou alunos e professores. De uma hora para outra, ameaça tirar o período integral. Alunos e famílias ficaram sem ter o que fazer e professores estão com o emprego ameaçado.”
A mobilização contou com o apoio da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O presidente Rafael Marques, representando os metalúrgicos, questionou a necessidade de cortes e afirmou que, entre 2011 e 2015, as indústrias foram beneficiadas por mais de R$ 400 bilhões em desoneração. “É fundamental as movimentações que a Fepesp e os sindicatos fizeram e estão fazendo para denunciar que não há transparência no Sistema S”, disse.
Além da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também expressou descontentamento. “Só conseguiremos barrar os desmandos no Sesi/Senai com mobilização. Se nós não resistimos a essa política que sinaliza com o fechamento de escolas para o ano que vem, não temos condições de lutar pelas condições de trabalho”, afirmou Paulo Nobre, diretor do Sinpro São Paulo e secretário-geral da CTB no Estado.
Na última semana, o Sesi-SP emitiu um comunicado sinalizando um recuo em duas das decisões anunciadas. Na audiência, professores e sindicatos deixaram claro que não estavam satisfeitos.