Paralisação é contra os baixos salários, o fechamento de turmas e a superlotação das classes remanescentes e a precarização nas contratações

O sindicato dos professores da rede estadual paulista (Apeoesp) estima que 20% dos professores tenham aderido à greve no primeiro dia do movimento. De acordo com a presidenta da entidade, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, o índice é satisfatório e tende a aumentar com a próxima assembleia, na sexta-feira (20), apesar de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ter afirmado à imprensa no último sábado que o movimento é uma novela que se repete todos os anos e que o sindicato não tem legitimidade.

"Se o sindicato oficial da categoria, com os 20 mil professores que lotaram o vão livre do Masp na última sexta-feira não tem legitimidade, então quem tem?", questiona, ressaltando total tranquilidade na deliberação da greve. Segundo Bebel, ao afirmar que a paralisação é uma novela que se repete anualmente o governador admite que os professores têm motivos para entrar em greve todos os anos. "Ele admite que seu governo não prioriza nem valoriza a educação e os professores."

Pelas contas da Apeoesp, a Secretaria Estadual da Educação fechou neste ano 3.390 classes, sendo 3.300 apenas de ensino médio, conforme levantamento parcial em 73 regiões, o que agravou a superlotação de salas de aula com até 60 alunos em turmas do ensino regular e de até 91 alunos em classes de Educação de Jovens e Adultos.

"No momento em que o ensino médio tem de ser ampliado e melhorado, para colocar mais alunos e mantê-los nessa etapa importante da educação, o governo paulista vai na contramão e fecha turmas", explica. Além disso, cortou verbas das escolas, muitas das quais não têm recursos nem sequer para comprar papel higiênico.

Quanto aos recursos humanos, foi reduzido o número de coordenadores pedagógicos, profissionais fundamentais para o planejamento e execução do trabalho pedagógico nas escolas, o que piora ainda mais a qualidade do ensino. Sem contar o grande número de escolas que dispensam os alunos mais cedo por falta de água.

Conforme a presidenta da Apeoesp, os professores reivindicam melhores condições de trabalho, o que inclui o desmembramento das salas superlotadas, melhorando assim as condições de ensino-aprendizagem para os estudantes, a equiparação salarial com os demais profissionais com formação de nível superior conforme estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE). Ou seja, aumento de 75,33%, índice necessário para essa equiparação.

A Apeoesp refuta o discurso do governo estadual, segundo o qual o piso pago aos professores paulistas é 26% maior do que o piso nacional. "Mas não diz que em 2009 o salário-base dos professores da rede estadual era 59% maior que o piso nacional, o que demonstra claramente a desvalorização dos nossos salários", afirma Bebel.

Ao longo do dia de hoje, em todas as escolas, os professores conversaram com os estudantes sobre as razões do movimento. Amanhã, conversarão com a comunidade como um todo.

Para a presidenta da Apeoesp, o desdém do governador Alckmin pode ser entendido como sinal de que deverá ignorar o movimento e endurecer com a categoria. "Ele deverá fazer como fez seu antecessor, José Serra, em 2010, quando a greve durou 33 dias. A intransigência, a falta de diálogo já está colocada. Para os três ofícios que mandamos, já respondeu que só nos atenderia em abril, sendo que nossa data-base é 1º de março." Procurada por meio da assessoria, a Secretaria da Educação não se manifestou.


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