SINPRO ABC condena violência nas escolas e se solidariza à professora Marcia Friggi
O Sindicato dos Professores do ABC se solidariza à professora Marcia Friggi (51), agredida por um aluno na última segunda-feira (21/08), no município de Indaial, Santa Catarina . “Somos totalmente contrários a qualquer tipo de violência física ou verbal cometida contra docentes, em qualquer ambiente, principalmente dentro da sala de aula”, afirmou José Jorge Maggio, presidente do SINPRO ABC. Segundo ele, “a violência não pode ser aceita em nenhum lugar por atentar contra a vida do ser humano, além de privar o direito à liberdade de expressão”. Maggio lembra que além do prejuízo físico cometido contra a professora fica também os danos morais, já que a docente tem recebido, através de postagens nas redes sociais, manifestações de ódio e intolerância. De acordo com reportagem publicada pelo jornal “Diário Catarinense” desta terça-feira, o relato da professora de Língua Portuguesa, acumula 380 mil compartilhamentos e quatro mil comentários registrados até às 20h do dia 22/08. Mas, ao contrário do que se esperava, nem todos foram de apoio à profissional. Apesar de protestos favoráveis à educadora, muitas mensagens são manifestações de ódio, conforme desabafou Marcia nas redes sociais. Em uma postagem, a professora diz que é "imensamente grata às milhares de mensagens de apoio e carinho. Da mesma forma, não posso me calar diante das manifestações de ódio que estou sendo alvo. O ódio não irá me calar, só fortalece a certeza que sempre estive do lado certo".
A profissional reforça que continuará lutando por um mundo melhor, livre do racismo, preconceito, machismo e misoginia. Diante dos ataques — muitos comentários a acusaram de ter feito elogios à ovada contra o deputado federal Jair Bolsonaro e, por isso, ser merecedora da agressão — a professora não permite mais comentários em suas postagens.
Motivo da Violência
A professora Marcia Friggi foi brutalmente agredida por um de seus alunos, de apenas 15 anos, nas dependências da escola. Indignada com o fato, ela resolveu desabafar em sua página do Facebook. Marcia resumiu seu sentimento em uma palavra: “Dilacerada”. O depoimento dela foi o seguinte:
“Estou dilacerada. Aconteceu assim: Ele estava com o livro sobre as pernas e eu pedi:
– Coloque seu livro sobre a mesa, por favor.
– Eu coloco o livro onde eu bem quiser.
– As coisas não são assim.
– Ahhh, vai se foder.
– Retire-se por favor.
Ele levantou para sair, mas no caminho jogou o livro na minha cabeça. Não me feriu, mas poderia. Na direção eu contei o que tinha acontecido. Ele retrucou que menti e eu tentei dizer:
– Como, menti? A sala toda viu… Não deu tempo para mais nada.
Ele, um menino forte de 15 anos, começou a me agredir. Foi muito rápido, não tive tempo ou possibilidade de defesa. O último soco me jogou na parede. Estou dilacerada por ter sido agredida fisicamente. Estou dilacerada por saber que não sou a única, talvez não seja a última. Estou dilacera por já ter sofrido agressão verbal, por ver meus colegas sofrerem. Estou dilacerada porque me sinto em desamparo, como estão desamparados todos os professores brasileiros.
Estamos, há anos, sendo colocados em condição de desamparo pelos governos. A sociedade nos desamparou. A vida… Lembrei dos professores do Paraná que foram massacrados pela polícia, não teve como não lembrar. Estou dilacerada pelos meus bons alunos, que são muitos e não merecem nossa ausência. Estou dilacerada, mas eu me recupero e vou dedicar a minha vida para que nenhum professor brasileiro passe por isso nunca mais”. Trecho do depoimento publicado pela revista Fórum.