A reeleição da presidenta Dilma Rousseff com 51,64% dos votos não é o fim, mas o começo. O início de um novo governo com mais mudanças, mais propostas, mais direitos assegurados aos cidadãos e cidadãs. E também começo de uma nova luta, com a possibilidade de, enfim, concretizar bandeiras que há tempos fazem parte da agenda dos trabalhadores e trabalhadoras. Entre elas, o combate ao capital financeiro especulativo – que afeta sobremaneira a educação brasileira, principalmente com a mercantilização, financeirização e oligopolização do ensino superior ; a batalha pela regulamentação e democratização dos meios de comunicação – a fim de romper com o monopólio de uma mídia comprometida com as elites e com o que o que existe de pior no país; a defesa da reforma política.
Ao analisar friamente os números, há quem diga que o país sai das urnas dividido. Não é verdade. O Brasil sempre foi um país divido, desde 1500. Dividido entre os brancos que desembarcaram de suas caravelas e os índios que já habitavam estas terras. Dividido entre os senhores da casa grande e os negros da senzala. Dividido entre o sul pretensamente “desenvolvido” e o norte vítima de preconceitos. Dividido entre os que sempre tiveram oportunidades e aqueles que não a têm. O que tem sido feito nos últimos 12 anos e, com a nossa luta, continuará sendo feito pelos próximos quatro é justamente diminuir esse abismo. Como destacou a própria presidenta reeleita em seu pronunciamento: “Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil.”
Muito se precisa avançar nos próximos quatro anos. Entre tanto a ser feito, é preciso ampliar o diálogo com os movimentos sociais e com os trabalhadores; contemplar reivindicações primordiais, como a redução da jornada de trabalho sem perdas salariais e o fim do fator previdenciário; garantir uma ampla discussão dos projetos de reforma política e de uma Lei da Mídia Democrática; assegurar o cumprimento das diretrizes e metas do Plano Nacional de Educação (PNE), com o fortalecimento da educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada a instituição do Sistema Nacional de Educação, com a devida regulamentação do setor privado. Mas o que o resultado deste pleito garante é que as portas para essas demandas não sejam fechadas na cara o povo. Pelo contrário. As portas estão abertas.
Da redação - Contee
Gráfico: Thomas Conti, mestrando em História Econômica na Unicamp, divulgado no Facebook