Aconteceu dia 04 de Novembro - Terça-feira.

No vão do mesmo Masp, onde três dias antes grupos reacionários chegaram a bradar pela volta da ditadura, os movimentos sociais, com nítida maioria da juventude organizada, uniram-se para pedir mais democracia e um sistema político com participação do povo.

Mais de mil representantes do campo e da cidade, dos movimentos sindical e estudantil, artistas e parlamentares uniram-se a anônimos e, cantando na chuva, ocuparam a Avenida Paulista para cobrar do Congresso Nacional a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 1508/2014 que convoca a Constituinte Exclusiva e Soberana com o objetivo de discutir as mudanças no jogo político

O ato, iniciado com a chegada da noite, pedia ao som de batucada e rápidos discursos a convocação de um plebiscito oficial, a exemplo daquele popular realizado na Semana da Pátria, para perguntar à população se ela quer a convocação de uma assembleia constituinte, a ser eleita para formular um projeto de reforma do sistema político nacional.

A imprensa que jogou sujo no plebiscito popular que essas mesmas organizações promoveram entre os dias 1º e 7 de setembro e contabilizou 7,5 milhões de votos a favor da Constituinte, foi lembrada em uma marchinha adaptada sobre o clássico “Aurora”, de Mário Lago: “Se você fosse sincera, ô, ô, ô, ô / Imprensa / Veja só que bom que era / Ô, ô, ô, ô / Mostrava o Plebiscito / Que o povo organizou / Oito milhões de votos / Que a mídia censurou / Constituinte livre é o que o povo pensa / Ô, ô, ô, ô / Imprensa.”

Referendo é manobra

Para Luã Cupolillo, da Juventude Revolução, deixar que o atual Congresso, ou mesmo a próxima legislatura, ao sabor das versões produzidas pela grande mídia, tenha a tarefa de elaborar a reforma política, equivale a “deixar uma raposa cuidar do galinheiro”. E lembrou: “Nossa presidenta já deu a letra: ela quer a Constituinte, mas isso só vai sair com a pressão das ruas. Chegou a hora da reforma política, que é a mãe de todas as reformas”.

Ao lembrar da manifestação golpista realizada naquele mesmo local dias antes, o cantor e compositor Fernando Anitelli, do Teatro Mágico, provocou: “Precisamos sim de uma revolução, uma revolução democrática. E socialista, por que não? Tinha um povo aqui que estava usando o volume morto do cérebro pra pedir intervenção militar”, fazendo alusão debochada à crise de água que ocorre em São Paulo sob a gestão tucana.

Luciana Genro participa do movimento

Já na avenida, a ex-candidata a presidente da República Luciana Genro (PSOL-RS), foi recebida com entusiasmo pelos manifestantes. Ao microfone, afirmou que não há por enquanto uma democracia plena no Brasil, por isso a necessidade de reformar a Constituição para mudar o sistema político.

“Não temos uma democracia real no Brasil. Essas eleições mostraram mais uma vez isso. Os grandes grupos de comunicação decidem quem é o candidato viável ou não. E com esse Congresso, nada vai mudar. Precisamos de uma participação social de fato. Não vamos deixar a direita colocar o dedo na nossa cara. E eles não vão colocar.”

Ao falar sobre as mudanças no sistema político, que ela acredita possíveis num ambiente de constituinte exclusiva, ela citou agendas muito próximas da juventude, como a desmilitarização das polícias. “Precisamos acabar com essa famigerada guerra às drogas, que é uma guerra ao pobres”. Para ela, “a revolução democrática que precisamos começa com a constituinte exclusiva”.

Fonte: CUT


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