Sistema "S" professores pagam a conta
O clima de terror instalado nos últimos dias por conta do fechamento de turmas, fim do período integral e demissão de professores no sistema “S” de ensino (SESI/SENAI), motivou a mobilização dos 26 sindicatos (SINPRO’s) ligados a Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). As entidades definiram uma estratégia de luta unificada em reação ao comunicado oficial do SESI, aos pais e alunos, sobre o fechamento do período integral do 6º ao 9º ano, em 2016, além de acabar com as classes de 1º ano do Ensino Fundamental, deixando de atender cerca de 1.700 alunos em 54 turmas.
Paulo Skaf, presidente do SESI/SENAI, com campanha milionária nos meio de comunicação (rádio e TV), vislumbrando interesses políticos pessoais, investe contra professores, alunos e sociedade com o objetivo de reduzir custos, principalmente na folha de pagamento.
Além do fechamento de turmas, muitos professores do sistema “S” vão perder aulas, já que o SESI, visando diminuição nos custos, definiu que as aulas de português serão reduzidas e o ensino do espanhol não será mais em sala de aula, com isso haverá diminuição das aulas no Ensino Médio, o que acarretará queda na qualidade do ensino.
Sistema “S” tem R$ 18 bilhões em aplicações financeiras
Os valores arrecadados pelas entidades do sistema “S” vêm da contribuição sobre a folha de salário e são considerados recursos públicos. De acordo com as medidas anunciadas em setembro pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), para recompor o orçamento do País, haverá redução de 30% nas alíquotas do Sistema. No entanto a desculpa utilizada por Paulo Skaf dizendo que, as demissões dos professores e a extinção da jornada de aulas são por conta do corte orçamentário, não se sustentam, já que o sistema utilizou o dinheiro, que deveria melhorar o setor, em aplicações financeiras, além de ter praticado um aumento de 20% nas mensalidades dos alunos que não são bolsistas. De acordo com informações do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2013 as entidades do sistema “S” investiram no mercado financeiro cerca de R$ 18 bilhões. Segundo o governo, esse dinheiro deveria ter sido utilizado para aperfeiçoar os cursos de formação profissional, ampliar o número de vagas e melhorar a remuneração dos professores, ao contrário do que foi praticado pelo setor.
O que é o Sistema “S”
O sistema “S” é um conjunto de entidades patronais, financiadas pelo dinheiro público proveniente das contribuições obrigatórias das empresas ao governo federal com o objetivo de qualificação e formação profissional dos trabalhadores.
Formado por organizações criadas por setores empresariais (indústria, comércio, agricultura, transportes e cooperativas) que oferecem cursos em áreas da indústria e comércio.
Os valores arrecadados pelas entidades vêm da contribuição sobre a folha de salários. São considerados recursos públicos, entram no cálculo da carga tributária, mas são destinados pela Constituição para o financiamento das entidades, que são de direito privado. A destinação dessas receitas não sofre ingerência do poder público.
Mãos à obra
A direção do SINPRO ABC se reuniu no dia 09/10 com o deputado estadual Teonílio Monteiro da Costa, o Barba (PT), para articular ações políticas sobre a decisão arbitrária e unilateral do presidente do SESI/SENAI, Paulo Skaf, com relação ao fechamento do período integral, salas de 1º ano do Ensino Fundamental para 2016 e modificação da grade curricular do Ensino Médio. De acordo com o presidente do sindicato dos professores do ABC, José Jorge Maggio, “essa medida fere o direito a educação e prejudica, além das crianças e jovens, os pais (trabalhadores) e professores (desempregados) que terão que arcar com o ônus desta readequação financeira”, afirmou.
Além da conscientização dos professores, por meio de folhetos explicativos e a mobilização da categoria, será realizada no dia 06/11 uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo para debater a retaliação, por parte do SESI/SENAI, e suas consequências à sociedade.