Balanço trimestral revela que situação financeira do grupo vai bem, contudo o resultado não é o mesmo na parte educacional
Dados divulgados recentemente pela Anhanguera Educacional comprovam que a instituição obteve sucesso no mundo dos negócios. Em 2011, 12 faculdades foram adquiridas pelo grupo, que tornou-se a maior mantenedora do ensino superior privado no país. São mais de 444,7 mil alunos matriculados em quase uma centena de cursos de graduação tecnológica, bacharelado e licenciatura, oferecidos por dezenas de instituições sediadas em 49 cidades de nove estados da federação mais o Distrito Federal, totalizando mais de 75 campi.
Segundo o balanço do primeiro trimestre de 2012, publicado no portal oficial da Anhanguera, a instituição aferiu um lucro líquido de R$ 62 milhões (aumento de 33,5% em relação ao mesmo período de 2011), puxado pelo crescimento de 30,4% de estudantes matriculados. Das 444,7 mil matrículas (302,2 mil no presencial e 142,5 mil na modalidade ensino a distância), 146 mil são de alunos ingressantes. O Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior, Fies, é citado como responsável por permitir o acesso de 40 mil alunos ao grupo, com boas perspectivas sobre a expansão significativa do programa do Governo Federal.
“A Anhanguera seria, de fato, um sucesso, se comercializasse outros produtos e, não, educação”, compara Nelson Bertarello, professor e diretor do SINPRO ABC. Ao mercantilizar a educação, o grupo vende uma ideia falsa a respeito da educação, que foi descrita pelo professor João dos Reis Silva Júnior, em entrevista ao jornal Diário do Grande ABC (janeiro de 2012), como fetiche: “O aluno vê o que não existe, no caso, a formação universitária, e não enxerga o que existe, que é a ilusão de que será profissional qualificado.”
“Tendo à frente um projeto pedagógico indiscutivelmente pobre, com redução de carga horária, monitores ocupando o lugar de docentes em sala de aula, classes com superlotação, falta de infraestrutura, ausência de órgãos colegiados, entre outros, a Anhanguera Educacional pouco contribui para resolver os problemas do mercado de trabalho, no que se refere à qualificação dos trabalhadores”, acrescenta Bertarello, “e contribui menos ainda para romper com as carências do ensino básico da escola pública ao se constituir em sua extensão”.
No campo do trabalho, o balanço da Anhanguera também é extremante negativo ao se apoiar na rotatividade dos empregos para aumentar sua margem de lucro. Ainda segundo o documento, as despesas com salários e encargos somaram R$ 8,5 milhões, apenas 2,03% da sua receita líquida (R$ 417,7 milhões) neste 1º trimestre. No Estado de São Paulo, 1552 docentes foram demitidos no final de 2011, sendo mais de 400 somente no ABC.
Sem pudores
Pauta constante em nossas publicações, a Anhanguera tem sido destaque pelo descaso permanente com todos os envolvidos com o grupo, sejam professores, que sofrem com erros e atrasos nos pagamentos de salários, alunos ou demais funcionários. Por diversas vezes, a instituição negligenciou os direitos assegurados na Convenção Coletiva e no próprio contrato de trabalho firmado com cada profissional, tentando, inclusive, dificultar o exercício das legítimas e legais funções dos órgãos colegiados das instituições.
Mas onde está o poder público e o órgão regulador? Qual é o papel do Ministério da Educação (MEC) nesse contexto de contradições entre os interesses público e privado? Amparadas inicialmente pelo Decreto 2207/97, e atualmente pelo Decreto 5773/2006 (que regulamentam o artigo 19 da Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação), as sociedades mercantis atuam desde 1997, época das grandes privatizações, mas foi com o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Fies que elas intensificaram suas atividades, aumentando o número de matrículas. Criado por uma legislação perversa, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) esvazia órgãos colegiados e conselhos universitários, não considera a estabilidade de emprego, desobriga a instituição de oferecer condições para as atividades de pesquisa, por exemplo. Conforme a mensagem da administração da Anhanguera, “(...) formato de cursos convenientes, bem como a qualidade comprovada tanto por alunos quanto pelo regulador, possibilitaram uma nova captação recorde no 1º trimestre de 2012 (...)”.
De acordo com a agência Carta Maior, em 2009, o faturamento das instituições particulares foi de R$ 29 bilhões e o aprofundamento deste modelo de financiamento com dinheiro público é considerado fundamental pelos empresários para a manutenção de seus lucros. “Nesse cenário, premidos por circunstâncias de forte influência econômica e política, os profissionais da educação deverão desenvolver esforços para defender seu próprio trabalho e a qualidade do ensino superior, oferecido de forma precária por instituições como a Anhanguera, que lança no mercado mão de obra despreparada e, potencialmente, coloca em risco o futuro da sociedade”, reflete Bertarello.
UniA
Conforme noticiamos em edições anteriores, o SINPRO ABC realizou foro conciliatório para tratar de questões específicas de cada unidade da Anhanguera na região. No caso da UniA, o Sindicato aguarda o retorno do grupo com as respostas aos questionamentos realizados, mas, até o fechamento desta edição, a Anhanguera não havia dado nenhuma devolutiva. O SINPRO ABC segue pressionando a Anhanguera para que os direitos da categoria sejam preservados.
Dados divulgados recentemente pela Anhanguera Educacional comprovam que a instituição obteve sucesso no mundo dos negócios. Em 2011, 12 faculdades foram adquiridas pelo grupo, que tornou-se a maior mantenedora do ensino superior privado no país. São mais de 444,7 mil alunos matriculados em quase uma centena de cursos de graduação tecnológica, bacharelado e licenciatura, oferecidos por dezenas de instituições sediadas em 49 cidades de nove estados da federação mais o Distrito Federal, totalizando mais de 75 campi.
Segundo o balanço do primeiro trimestre de 2012, publicado no portal oficial da Anhanguera, a instituição aferiu um lucro líquido de R$ 62 milhões (aumento de 33,5% em relação ao mesmo período de 2011), puxado pelo crescimento de 30,4% de estudantes matriculados. Das 444,7 mil matrículas (302,2 mil no presencial e 142,5 mil na modalidade ensino a distância), 146 mil são de alunos ingressantes. O Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior, Fies, é citado como responsável por permitir o acesso de 40 mil alunos ao grupo, com boas perspectivas sobre a expansão significativa do programa do Governo Federal.
“A Anhanguera seria, de fato, um sucesso, se comercializasse outros produtos e, não, educação”, compara Nelson Bertarello, professor e diretor do SINPRO ABC. Ao mercantilizar a educação, o grupo vende uma ideia falsa a respeito da educação, que foi descrita pelo professor João dos Reis Silva Júnior, em entrevista ao jornal Diário do Grande ABC (janeiro de 2012), como fetiche: “O aluno vê o que não existe, no caso, a formação universitária, e não enxerga o que existe, que é a ilusão de que será profissional qualificado.”
“Tendo à frente um projeto pedagógico indiscutivelmente pobre, com redução de carga horária, monitores ocupando o lugar de docentes em sala de aula, classes com superlotação, falta de infraestrutura, ausência de órgãos colegiados, entre outros, a Anhanguera Educacional pouco contribui para resolver os problemas do mercado de trabalho, no que se refere à qualificação dos trabalhadores”, acrescenta Bertarello, “e contribui menos ainda para romper com as carências do ensino básico da escola pública ao se constituir em sua extensão”.
No campo do trabalho, o balanço da Anhanguera também é extremante negativo ao se apoiar na rotatividade dos empregos para aumentar sua margem de lucro. Ainda segundo o documento, as despesas com salários e encargos somaram R$ 8,5 milhões, apenas 21,4% da sua receita líquida (R$ 417,7 milhões) neste 1º trimestre. No Estado de São Paulo, 1552 docentes foram demitidos no final de 2011, sendo mais de 400 somente no ABC.
Sem pudores
Pauta constante em nossas publicações, a Anhanguera tem sido destaque pelo descaso permanente com todos os envolvidos com o grupo, sejam professores, que sofrem com erros e atrasos nos pagamentos de salários, alunos ou demais funcionários. Por diversas vezes, a instituição negligenciou os direitos assegurados na Convenção Coletiva e no próprio contrato de trabalho firmado com cada profissional, tentando, inclusive, dificultar o exercício das legítimas e legais funções dos órgãos colegiados das instituições.
Mas onde está o poder público e o órgão regulador? Qual é o papel do Ministério da Educação (MEC) nesse contexto de contradições entre os interesses público e privado? Amparadas inicialmente pelo Decreto 2207/97, e atualmente pelo Decreto 5773/2006 (que regulamentam o artigo 19 da Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação), as sociedades mercantis atuam desde 1997, época das grandes privatizações, mas foi com o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Fies que elas intensificaram suas atividades, aumentando o número de matrículas. Criado por uma legislação perversa, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) esvazia órgãos colegiados e conselhos universitários, não considera a estabilidade de emprego, desobriga a instituição de oferecer condições para as atividades de pesquisa, por exemplo. Conforme a mensagem da administração da Anhanguera, “(...) formato de cursos convenientes, bem como a qualidade comprovada tanto por alunos quanto pelo regulador, possibilitaram uma nova captação recorde no 1º trimestre de 2012 (...)”.
De acordo com a agência Carta Maior, em 2009, o faturamento das instituições particulares foi de R$ 29 bilhões e o aprofundamento deste modelo de financiamento com dinheiro público é considerado fundamental pelos empresários para a manutenção de seus lucros. “Nesse cenário, premidos por circunstâncias de forte influência econômica e política, os profissionais da educação deverão desenvolver esforços para defender seu próprio trabalho e a qualidade do ensino superior, oferecido de forma precária por instituições como a Anhanguera, que lança no mercado mão de obra despreparada e, potencialmente, coloca em risco o futuro da sociedade”, reflete Bertarello.
UniA
Conforme noticiamos em edições anteriores, o SINPRO ABC realizou foro conciliatório para tratar de questões específicas de cada unidade da Anhanguera na região. No caso da UniA, o Sindicato aguarda o retorno do grupo com as respostas aos questionamentos realizados, mas, até o fechamento desta edição, a Anhanguera não havia dado nenhuma devolutiva. O SINPRO ABC segue pressionando a Anhanguera para que os direitos da categoria sejam preservados.Dados divulgados recentemente pela Anhanguera Educacional comprovam que a instituição obteve sucesso no mundo dos negócios. Em 2011, 12 faculdades foram adquiridas pelo grupo, que tornou-se a maior mantenedora do ensino superior privado no país. São mais de 444,7 mil alunos matriculados em quase uma centena de cursos de graduação tecnológica, bacharelado e licenciatura, oferecidos por dezenas de instituições sediadas em 49 cidades de nove estados da federação mais o Distrito Federal, totalizando mais de 75 campi.
Segundo o balanço do primeiro trimestre de 2012, publicado no portal oficial da Anhanguera, a instituição aferiu um lucro líquido de R$ 62 milhões (aumento de 33,5% em relação ao mesmo período de 2011), puxado pelo crescimento de 30,4% de estudantes matriculados. Das 444,7 mil matrículas (302,2 mil no presencial e 142,5 mil na modalidade ensino a distância), 146 mil são de alunos ingressantes. O Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior, Fies, é citado como responsável por permitir o acesso de 40 mil alunos ao grupo, com boas perspectivas sobre a expansão significativa do programa do Governo Federal.
“A Anhanguera seria, de fato, um sucesso, se comercializasse outros produtos e, não, educação”, compara Nelson Bertarello, professor e diretor do SINPRO ABC. Ao mercantilizar a educação, o grupo vende uma ideia falsa a respeito da educação, que foi descrita pelo professor João dos Reis Silva Júnior, em entrevista ao jornal Diário do Grande ABC (janeiro de 2012), como fetiche: “O aluno vê o que não existe, no caso, a formação universitária, e não enxerga o que existe, que é a ilusão de que será profissional qualificado.”
“Tendo à frente um projeto pedagógico indiscutivelmente pobre, com redução de carga horária, monitores ocupando o lugar de docentes em sala de aula, classes com superlotação, falta de infraestrutura, ausência de órgãos colegiados, entre outros, a Anhanguera Educacional pouco contribui para resolver os problemas do mercado de trabalho, no que se refere à qualificação dos trabalhadores”, acrescenta Bertarello, “e contribui menos ainda para romper com as carências do ensino básico da escola pública ao se constituir em sua extensão”.
No campo do trabalho, o balanço da Anhanguera também é extremante negativo ao se apoiar na rotatividade dos empregos para aumentar sua margem de lucro. Ainda segundo o documento, as despesas com salários e encargos somaram R$ 8,5 milhões, apenas 21,4% da sua receita líquida (R$ 417,7 milhões) neste 1º trimestre. No Estado de São Paulo, 1552 docentes foram demitidos no final de 2011, sendo mais de 400 somente no ABC.
Sem pudores
Pauta constante em nossas publicações, a Anhanguera tem sido destaque pelo descaso permanente com todos os envolvidos com o grupo, sejam professores, que sofrem com erros e atrasos nos pagamentos de salários, alunos ou demais funcionários. Por diversas vezes, a instituição negligenciou os direitos assegurados na Convenção Coletiva e no próprio contrato de trabalho firmado com cada profissional, tentando, inclusive, dificultar o exercício das legítimas e legais funções dos órgãos colegiados das instituições.
Mas onde está o poder público e o órgão regulador? Qual é o papel do Ministério da Educação (MEC) nesse contexto de contradições entre os interesses público e privado? Amparadas inicialmente pelo Decreto 2207/97, e atualmente pelo Decreto 5773/2006 (que regulamentam o artigo 19 da Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação), as sociedades mercantis atuam desde 1997, época das grandes privatizações, mas foi com o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Fies que elas intensificaram suas atividades, aumentando o número de matrículas. Criado por uma legislação perversa, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) esvazia órgãos colegiados e conselhos universitários, não considera a estabilidade de emprego, desobriga a instituição de oferecer condições para as atividades de pesquisa, por exemplo. Conforme a mensagem da administração da Anhanguera, “(...) formato de cursos convenientes, bem como a qualidade comprovada tanto por alunos quanto pelo regulador, possibilitaram uma nova captação recorde no 1º trimestre de 2012 (...)”.
De acordo com a agência Carta Maior, em 2009, o faturamento das instituições particulares foi de R$ 29 bilhões e o aprofundamento deste modelo de financiamento com dinheiro público é considerado fundamental pelos empresários para a manutenção de seus lucros. “Nesse cenário, premidos por circunstâncias de forte influência econômica e política, os profissionais da educação deverão desenvolver esforços para defender seu próprio trabalho e a qualidade do ensino superior, oferecido de forma precária por instituições como a Anhanguera, que lança no mercado mão de obra despreparada e, potencialmente, coloca em risco o futuro da sociedade”, reflete Bertarello.
UniA
Conforme noticiamos em edições anteriores, o SINPRO ABC realizou foro conciliatório para tratar de questões específicas de cada unidade da Anhanguera na região. No caso da UniA, o Sindicato aguarda o retorno do grupo com as respostas aos questionamentos realizados, mas, até o fechamento desta edição, a Anhanguera não havia dado nenhuma devolutiva. O SINPRO ABC segue pressionando a Anhanguera para que os direitos da categoria sejam preservados.