No segundo dia da Conferência do Trabalho Decente, CUT também cobrou negociação com servidores
Nesta quinta-feira (9), segundo dia da Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, a bancada dos trabalhadores reuniu-se com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, local do evento.
Durante o encontro, lideranças das centrais sindicais trataram do posicionamento do governo nos debates que seguem até o próximo sábado (11) e cobraram uma postura democrática na negociação com os servidores públicos.
Umas das representantes da CUT na coordenação da conferência, a secretária de Mulheres, Rosane Silva, comentou que Brizola Neto salientou o esforço para dialogar tanto com a bancada dos trabalhadores quanto a dos empregadores na busca pelo consenso sobre temas estratégicos para o movimento sindical, como o direito à livre organização e o combate às práticas antissindicais.
“O ministro afirmou que é objetivo do ministério do Trabalho sair dessa conferência avançando em direitos para a classe trabalhadora e não retrocedendo.”
O outro representante da Central na coordenação do evento e secretário de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo, espera que o governo posicione-se de acordo com suas origens.
“Em se tratando de uma gestão que tem origem no movimento sindical, evidentemente, esperamos que acompanhe a maioria das propostas da bancada dos trabalhadores”, avaliou.
Os dirigentes cobraram ainda de Brizola Neto a aprovação de temas que consideram prioritários como a redução da jornada de trabalho e a ratificação das convenções 158 – que coíbe a demissão imotivada – e 189 – que garante às domésticas os direitos dos demais trabalhadores – da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
CUT foi a única Central que participou de todos os Grupos de Trabalho; na foto, o Secretário de Políticas Sociais, Expedito Solaney, participa de uma das mesas
Funcionalismo em pauta
A greve dos servidores federais também foi assunto da reunião. A CUT externou mais uma vez o repúdio ao Decreto número 777 – que prevê a substituição dos funcionários públicos federais em greve por estaduais e municipais – e ressaltou como a ação prejudica o diálogo social, justamente no momento em que o movimento articula ações para ampliar a agenda do trabalho decente.
“Essa medida vai contra duas diretrizes que temos pautado nos últimos três anos: democratizar as relações de trabalho, garantindo direito de greve, organização por local de trabalho e liberdade e autonomia sindical. E prejudica a construção dessa perspectiva”, disse Rosane
A dirigente acredita que nos próximos dias, por meio do diálogo e da articulação com as centrais e com as entidades dos servidores públicos, será possível retomar as negociações com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, responsável por fazer a interlocução entre a presidência e os trabalhadores. Quem sabe, enfim, o governo apresente uma contraproposta aos servidores.
Avanços nos tralhados em grupo
O dia também foi marcado por discussões em Grupos de Trabalho. Como as propostas apresentadas dependiam de 30% de aprovação para avançarem, a maior parte dos pontos polêmicos, que dividiam trabalhadores, empresários e governo, avançou em suas duas frentes, tanto na defesa, quanto na rejeição.
Porém, considerando as votações no Grupo 6, onde concentraram-se alguns dos temas prioritários para a CUT, o movimento sindical tem grandes chances de sair vitoriosa.
Secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Junéia Batista (na mesa, de verde e preto) também ajudou a coordenar os debates
Exemplo disso foi a proposta de redução de jornada para 40 horas semanais e aumento de 75% da remuneração da hora extra, medida aprovada por 53% do plenário. Mas, como a proposição de rejeitar obteve 47% dos votos, portanto, acima de 30% do mínimo exigido, ambas vão para plenária desta sexta (10).
Dessa vez, as discussões serão divididas pelos três eixos da conferência: Princípios e Direitos; Proteção Social; Trabalho e Emprego e Diálogo Social, que colocarão em debate os resultados definidos nos grupos.
Por fim, o que passar vai para a plenária final, marcada para o sábado (11), de onde sairão as diretrizes da Agenda e do Plano Nacional de Trabalho Decente. Nessa última etapa, somente 50% dos votos mais um garantem a aprovação.
Para o presidente da CUT-RS e coordenador do Grupo 6, Claudir Nespolo, os trabalhadores demonstraram que estão qualificados para ampliar as conquistas e combater os eixos que defendem práticas antissindicais.
“A bancada da CUT, ao lado das outras centrais, mostrou que está muito bem preparada para construir um posto de trabalho cercado de garantias, que é o conceito do trabalho decente.”
No segundo dia da Conferência do Trabalho Decente, CUT também cobrou negociação com servidores

Nesta quinta-feira (9), segundo dia da Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, a bancada dos trabalhadores reuniu-se com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, local do evento.

Durante o encontro, lideranças das centrais sindicais trataram do posicionamento do governo nos debates que seguem até o próximo sábado (11) e cobraram uma postura democrática na negociação com os servidores públicos.

Umas das representantes da CUT na coordenação da conferência, a secretária de Mulheres, Rosane Silva, comentou que Brizola Neto salientou o esforço para dialogar tanto com a bancada dos trabalhadores quanto a dos empregadores na busca pelo consenso sobre temas estratégicos para o movimento sindical, como o direito à livre organização e o combate às práticas antissindicais.

“O ministro afirmou que é objetivo do ministério do Trabalho sair dessa conferência avançando em direitos para a classe trabalhadora e não retrocedendo.”

O outro representante da Central na coordenação do evento e secretário de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo, espera que o governo posicione-se de acordo com suas origens.

“Em se tratando de uma gestão que tem origem no movimento sindical, evidentemente, esperamos que acompanhe a maioria das propostas da bancada dos trabalhadores”, avaliou.

Os dirigentes cobraram ainda de Brizola Neto a aprovação de temas que consideram prioritários como a redução da jornada de trabalho e a ratificação das convenções 158 – que coíbe a demissão imotivada – e 189 – que garante às domésticas os direitos dos demais trabalhadores – da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Funcionalismo em pauta
A greve dos servidores federais também foi assunto da reunião. A CUT externou mais uma vez o repúdio ao Decreto número 777 – que prevê a substituição dos funcionários públicos federais em greve por estaduais e municipais – e ressaltou como a ação prejudica o diálogo social, justamente no momento em que o movimento articula ações para ampliar a agenda do trabalho decente.

“Essa medida vai contra duas diretrizes que temos pautado nos últimos três anos: democratizar as relações de trabalho, garantindo direito de greve, organização por local de trabalho e liberdade e autonomia sindical. E prejudica a construção dessa perspectiva”, disse Rosane

A dirigente acredita que nos próximos dias, por meio do diálogo e da articulação com as centrais e com as entidades dos servidores públicos, será possível retomar as negociações com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, responsável por fazer a interlocução entre a presidência e os trabalhadores. Quem sabe, enfim, o governo apresente uma contraproposta aos servidores.

Avanços nos tralhados em grupo
O dia também foi marcado por discussões em Grupos de Trabalho. Como as propostas apresentadas dependiam de 30% de aprovação para avançarem, a maior parte dos pontos polêmicos, que dividiam trabalhadores, empresários e governo, avançou em suas duas frentes, tanto na defesa, quanto na rejeição.

Porém, considerando as votações no Grupo 6, onde concentraram-se alguns dos temas prioritários para a CUT, o movimento sindical tem grandes chances de sair vitoriosa.

Exemplo disso foi a proposta de redução de jornada para 40 horas semanais e aumento de 75% da remuneração da hora extra, medida aprovada por 53% do plenário. Mas, como a proposição de rejeitar obteve 47% dos votos, portanto, acima de 30% do mínimo exigido, ambas vão para plenária desta sexta (10).

Dessa vez, as discussões serão divididas pelos três eixos da conferência: Princípios e Direitos; Proteção Social; Trabalho e Emprego e Diálogo Social, que colocarão em debate os resultados definidos nos grupos.

Por fim, o que passar vai para a plenária final, marcada para o sábado (11), de onde sairão as diretrizes da Agenda e do Plano Nacional de Trabalho Decente. Nessa última etapa, somente 50% dos votos mais um garantem a aprovação.

Para o presidente da CUT-RS e coordenador do Grupo 6, Claudir Nespolo, os trabalhadores demonstraram que estão qualificados para ampliar as conquistas e combater os eixos que defendem práticas antissindicais.

“A bancada da CUT, ao lado das outras centrais, mostrou que está muito bem preparada para construir um posto de trabalho cercado de garantias, que é o conceito do trabalho decente.”

Fonte: Central Única dos Trabalhadores

O Senado aprovou nesta terça-feira, 7, um projeto de lei que prevê que 50% das vagas em universidades e escolas técnicas federais sejam reservadas a quem cursou o ensino médio integralmente em escolas públicas.
Dida Sampaio/AE-27/6/2012
Protesto de representantes do movimento negro Educafro em frente ao Palácio do Planalto
De autoria da deputada federal Nice Lobão (PSD-MA), a proposta, já aprovada na Câmara, ainda tem de passar pela sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta do projeto. Dessa porcentagem, metade será destinada a estudantes cuja renda familiar é igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa.
Dentro desse universo de vagas destinadas a alunos oriundos da rede pública serão aplicados também critérios raciais. Estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas terão cotas proporcionais ao número desse grupo de pessoas que vivem no Estado onde está localizada a universidade, com base em dados do mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não importando a renda per capita do aluno – mas a exigência de terem cursado integralmente em escolas públicas permanece.
Em São Paulo, por exemplo, aproximadamente 30% da população se declara negra, parda ou indígena. Na Bahia, esse número chega aos cerca de 70%. No caso de não preenchimento dessa cota racial, as vagas remanescentes serão ocupadas por estudantes que fizeram todo o ensino médio na rede pública.
Um ponto polêmico – mas já resolvido – do projeto de lei foi o artigo que previa adotar como critério de seleção do cotista o “coeficiente de rendimento”, obtido por meio de média aritmética das notas do aluno.
Senadores fecharam um acordo com o governo para que a presidente Dilma vete esse artigo e mantenha a seleção utilizando o vestibular, orientação do Ministério da Educação (MEC). Foi uma estratégia para que o projeto fosse aprovado exatamente como votado pelos deputados. Caso sofresse alteração, teria de voltar à Câmara para nova apreciação, o que atrasaria ainda mais a aprovação da projeto.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), único a se posicionar contra o assunto, considera que essa lei trará “um abalo muito grande na qualidade de ensino das universidades federais, que já não andam bem”.
Para ele, a reserva de vagas nesses moldes é inconstitucional. “Os colegas votaram a favor por medo da pressão dos chamados movimentos ligados ao governo. Sou contra essa diferenciação por raça e não tenho medo desses movimentos. O branco pobre não é filho de senhor de escravos”, disse ao Estado.
O senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou a aprovação. “É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite enquanto o branco descansa o dia todo.” O petista concluiu dizendo que “a minoria que é contra o projeto infelizmente tem o poder e é bem articulada”.
Assim que sancionada pela presidente Dilma, a lei modificará todo o sistema de divisão de vagas das universidades federais. Atualmente, quase todas utilizam algum sistema de cota social, racial ou de gênero, que deixarão de lado para adotar o modelo único. A lei não modifica o sistema de adesão nas universidades estaduais nem nas particulares, que poderão continuar a escolher se adotam ou não algum sistema de cotas.
Segundo o texto aprovado pelo Senado, a aplicabilidade desse sistema será revisada em dez anos.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) não se posicionou oficialmente sobre o tema. Nos bastidores, a informação é de que a maioria dos reitores é contra.
COMO É HOJE
UnB
A Universidade de Brasília reserva 20% das vagas para negros e 11 vagas em 7 cursos para índios.
UFRJ
Desde o ano passado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro passou a reservar 30% das vagas para egressos do ensino público, desde que a renda per capita familiar seja de 1 salário mínimo. Não há cotas raciais.
UFRGS
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul reserva 30% das vagas em todos os cursos a estudantes oriundos do sistema público, sendo que, desse porcentual, metade deve ser garantida a negros que também frequentaram escola pública.
Proposta ainda tem de passar pela sanção de Dilma Rousseff, entusiasta do projeto

O Senado aprovou nesta terça-feira, 7, um projeto de lei que prevê que 50% das vagas em universidades e escolas técnicas federais sejam reservadas a quem cursou o ensino médio integralmente em escolas públicas.

De autoria da deputada federal Nice Lobão (PSD-MA), a proposta, já aprovada na Câmara, ainda tem de passar pela sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta do projeto. Dessa porcentagem, metade será destinada a estudantes cuja renda familiar é igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa.

Dentro desse universo de vagas destinadas a alunos oriundos da rede pública serão aplicados também critérios raciais. Estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas terão cotas proporcionais ao número desse grupo de pessoas que vivem no Estado onde está localizada a universidade, com base em dados do mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não importando a renda per capita do aluno – mas a exigência de terem cursado integralmente em escolas públicas permanece.

Em São Paulo, por exemplo, aproximadamente 30% da população se declara negra, parda ou indígena. Na Bahia, esse número chega aos cerca de 70%. No caso de não preenchimento dessa cota racial, as vagas remanescentes serão ocupadas por estudantes que fizeram todo o ensino médio na rede pública.

Um ponto polêmico – mas já resolvido – do projeto de lei foi o artigo que previa adotar como critério de seleção do cotista o “coeficiente de rendimento”, obtido por meio de média aritmética das notas do aluno.

Senadores fecharam um acordo com o governo para que a presidente Dilma vete esse artigo e mantenha a seleção utilizando o vestibular, orientação do Ministério da Educação (MEC). Foi uma estratégia para que o projeto fosse aprovado exatamente como votado pelos deputados. Caso sofresse alteração, teria de voltar à Câmara para nova apreciação, o que atrasaria ainda mais a aprovação da projeto.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), único a se posicionar contra o assunto, considera que essa lei trará “um abalo muito grande na qualidade de ensino das universidades federais, que já não andam bem”.

Para ele, a reserva de vagas nesses moldes é inconstitucional. “Os colegas votaram a favor por medo da pressão dos chamados movimentos ligados ao governo. Sou contra essa diferenciação por raça e não tenho medo desses movimentos. O branco pobre não é filho de senhor de escravos”, disse ao Estado.

O senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou a aprovação. “É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite enquanto o branco descansa o dia todo.” O petista concluiu dizendo que “a minoria que é contra o projeto infelizmente tem o poder e é bem articulada”.

Assim que sancionada pela presidente Dilma, a lei modificará todo o sistema de divisão de vagas das universidades federais. Atualmente, quase todas utilizam algum sistema de cota social, racial ou de gênero, que deixarão de lado para adotar o modelo único. A lei não modifica o sistema de adesão nas universidades estaduais nem nas particulares, que poderão continuar a escolher se adotam ou não algum sistema de cotas.

Segundo o texto aprovado pelo Senado, a aplicabilidade desse sistema será revisada em dez anos.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) não se posicionou oficialmente sobre o tema. Nos bastidores, a informação é de que a maioria dos reitores é contra.

Como é hoje
UnB
A Universidade de Brasília reserva 20% das vagas para negros e 11 vagas em 7 cursos para índios.

UFRJ
Desde o ano passado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro passou a reservar 30% das vagas para egressos do ensino público, desde que a renda per capita familiar seja de 1 salário mínimo. Não há cotas raciais.

UFRGS
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul reserva 30% das vagas em todos os cursos a estudantes oriundos do sistema público, sendo que, desse porcentual, metade deve ser garantida a negros que também frequentaram escola pública.

Fonte: O Estado de São Paulo

Tradicional e aguardada por todos os professores sindicalizados, a Agenda 2013, preparada pelo SINPRO ABC, trará os painéis Guerra e Paz, do brasileiro Candido Portinari.

Com apoio da Fundação Projeto Portinari, o material contará com detalhes de ambas as obras, produzidas especialmente para a Organização das Nações Unidas, com sede em Nova Iorque.

Em setembro de 2007, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, discursou na Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos, no ano do cinquentenário dos painéis em questão. Na ocasião, Lula destacou: "Ao entrar neste prédio, os delegados podem ver uma obra de arte presenteada pelo Brasil às Nações Unidas, há 50 anos. Trata-se dos murais 'Guerra e Paz', pintados pelo grande artista brasileiro Candido Portinari. O sofrimento expresso no mural que retrata a guerra nos remete à alta responsabilidade das Nações Unidas de afastar o risco de conflitos armados. O segundo mural revela que a paz vai muito além da ausência da guerra, pressupõe bem estar, saúde e um convívio harmonioso com a natureza. Pressupõe justiça social, liberdade e superação dos flagelos da fome e da pobreza. Não é por acaso que o mural Guerra está colocado de frente para quem chega e, o mural Paz, para quem sai.  A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperanças, guerra em paz. É a essência da missão nas Nações Unidas. O Brasil continuará a trabalhar para que essa expectativa tão elevada se torne definitivamente realidade".

CONFERENCIA DOS DIREITOS E CIDADANIA DOS SURDOS
CONDICISUR
E com grande alegria que envio a vocês uma visão geral sobre a Língua dos Surdos no qual pude concretizar esse sonho.
Em Junho de 2012, foi realizado o Congresso da Conferência dos Direitos e Cidadania dos Surdos – CONDICISUR – em 4,5,6 de Junho, em Barcelona, em 11,12,13 de Junho, em Lisboa, em 18,19,20 de Junho, em Paris, em 25 e 26 Junho, em Milão, em 29 e 30 de Junho, na Grécia. Veio tratar dos direitos e cidadania dos surdos. Tal instrumento conta sobre o movimento dos surdos e sua luta em prol da garantia de seus direitos e suas reais reivindicações. Espero que esta seja mais uma porta a ser aberta para a comunidade surda,consciente da realidade que vive e das necessidades de seus membros.
Esse evento representou um marco para nós, surdos e ouvintes que se envolveram diretamente nesse projeto, onde todas as reinvidicações apresentadas representam o desejo dos surdos de verem respeitados seus direitos a cidadania.
Nossa luta e união devem continuar até que nossa “diferença” seja finalmente reconhecida, não como algo que nos limita, mas sim, como um fator de enriquecimento a diversidade cultural existente em nosso país.
Precisamos sim, de atenção diferenciada por parte da sociedade majoritária ouvintes para termos acesso a um ensino de qualidade e a todo tipo de informação que hoje nos é negada, para desenvolvermos nossa capacidade profissional e nos tornarmos cidadãos atuantes e participativos.
Esperamos também não sentir mais nenhum tipo de preconceito e discriminação, como disseram na conferência, pelo nosso jeito diferente de “falar”, sejam com o som de nossas vozes ou através de nossa Língua de Sinais.
As dificuldades encontradas pelos surdos ao longo de suas vidas, o desrespeito aos seus direitos e ao exercício pleno de sua cidadania, foram a mola propulsora para a realização dessa Conferência.
Foram convidados 32 países. Participaram 21 países, que coordenaram os trabalhos de levantamentos dos problemas vividos pelos surdos em diversas áreas (família e saúde, educação, cultura, direitos e deveres, esportes, língua de sinais, associações, comunicação e trabalho) e fizeram o levantamento de propostas para melhorias de condições de vida.
Transcrevemos a seguir, a íntegra das propostas da CONDICISUR.
Essas propostas não representam um produto acabado, mas esperamos que sirvam de estímulo, não apenas para novas discussões sobre alternativas, quiçá melhores que ora apresentamos, mas também, na promoção de novas conferências de surdos em várias cidades de todos os países.
Muitas pessoas acreditam que as línguas de sinais são somente um conjunto de gestos que interpretam as línguas orais.
Pesquisas sobre as línguas de sinais vem mostrando que estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a qualquer língua oral. Estas línguas expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-las com função estéticas para fazer poesias, contar estórias, criar peças de teatro e humor.
Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta as mudanças culturais e tecnológicas. Assim a cada necessidade surge um novo sinal e, desde que se torne aceito, será utilizado pela comunidade.
Acredita-se também que sòmente exista uma língua de sinais no mundo, mas assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridas em CULTURAS SURDAS, possuem suas próprias línguas, existindo portanto muitas línguas de sinais diferentes, como Língua de Sinais Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana,Argentina, Venezuelana, Peruana, Inglesa ,Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo, o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes. O mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá.
Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se com mais facilidades uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve a capacidade que as pessoas surdas tem em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos as expressões faciais e corporais das pessoas e devido ao fato dessas línguas terem muitos sinais que se assemelham as coisas representadas.
“OS SURDOS OUVEM COM OS OLHOS, FALAM COM AS MAOS “– As Línguas de Sinais são línguas naturais das comunidades surdas.
No Brasil, as comunidades surdas urbanas utilizam a LIBRAS, mas alem dela, há registros de outra língua de sinais que é utilizada pelos índios URUBUS-KAAPOR na Floresta Amazônica.
Muitas pessoas acreditam que a LIBRAS é o português feito com as mãos, que os sinais substituem as palavras desta língua, e que ela é uma linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo, como a mímica. Entre as pessoas que acreditam que a LIBRAS é realmente uma língua, há algumas que pensam que ela e limitada e expressa apenas informações concretas, e que não é capaz de transmitir ideias abstratas.
Esses mitos precisam ser desfeitos porque a LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão, portanto, diferencia da Língua Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças não estão sòmente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua.
Embora com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem algumas semelhanças que as identificam como língua e não como linguagem como é o caso da linguagem das abelhas, dos golfinhos, dos macacos, enfim, a comunicação dos animais.
Língua DE SINAIS
- “OS SURDOS OUVEM COM OS OLHOS, FALAM COM AS MÃOS “-
Como surgiu a Língua de Sinais !
Porque proibiram a Língua de Sinais !
Como foi implantado o oralismo !
Então, vamos conhecer um pouco da história de educação e métodos de ensino.
Ponce de Leon, 1570 usava sinais dentro do mosteiro, pois lá havia a Lei do Silêncio.
Uma família espanhola que tinha muitos descendentes surdos, por se casarem entre si, criaram uma língua para se comunicar. Dois membros dessa família foram para o mosteiro e lá, junto com Ponce de Leon deram origem à Língua de Sinais.
Ponce de Leon foi tutor de muitos surdos e foi dado a ele o mérito de provar que o surdo era capaz, contrariando a afirmação anterior de Aristóteles. Seus alunos foram pessoas importantes que dominavam filosofia, história, matemática e outras ciências.
1780 – Abade de L´Epee – foi a época de ouro para a educação dos surdos, quando atingiram posições nunca antes alcançadas. Em sua escola foram formados professores surdos que difundiram a Língua de Sinais por todo o mundo.
1851 – 36% dos professores das escolas para surdos eram surdos (Europa e USA).
1856 – Chegada ao Brasil de E. Huet (ex-aluno surdo do Instituto de Paris), que trouxe o alfabeto manual francês e Língua Francesa de Sinais para o Brasil, dando origem à Língua de Sinais Brasileira,
1857 – Fundação do Instituto dos Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES,
1858 – 40% - aumentou o numero de professores surdos,
1870 – 43% - novo aumento de professores surdos,
1880 - Realizado o 2* Congresso Mundial de Surdos, em Milão, na Itália, quando a Língua de Sinais foi oficialmente abolida, proibida de ser utilizada na Educação de Surdos e quando, os professores Surdos ali presentes, foram proibidos de participarem da votação.
1980 – O bilinguismo para Surdos passa a ganhar mais e mais adeptos em todos os países do mundo,
1994 – Realizada a Declaração de Salamanca, resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, promovidas pelo Governo da Espanha e pela UNESCO, veio tratar da construção de uma sociedade inclusiva e da preocupação com a “garantia de educação para todos”,
2001 – Realizado a Conferência dos Surdos em São Paulo, no Centro de Convenções Rebouças, com o tema de “Viva a sua diferença”.
ABORDAGENS EDUCACIONAIS:
- o desrespeito pela Língua de Sinais, fruto de desconhecimento, gerou preconceitos. Pensava-se que a Língua de Sinais não poderia ser língua e que se os surdos ficassem se comunicando desta forma, não aprenderiam a língua oficial do seu país. Mas pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa, mostraram o contrário.
“Aceitar o Braille significa aceitar a diferença da pessoa cega”.
“E o surdo! Tem sido ela respeitado em sua diferença!”
COMUNICAÇÃO TOTAL:
A comunicação total foi criada inicialmente como uma filosofia na qual se permite ao surdo utilizar toda e qualquer forma de comunicação: língua de sinais, leitura orofacial, fala, gestos, sinais, a leitura, a escrita e a amplificação sonora adequada.
Mas quando colocada em prática se transformou em método e, erradamente, as pessoas passaram a usar os sinais da Língua de Sinais na ordem da língua oral do país.
BIMODALISMO:
Uso simultâneo de duas línguas de modalidades diferentes (sinais e língua oral), ocasionando uma superposição de línguas. Ex: como sinalizar roubar e falar ao mesmo tempo!
BILINGUISMO:
Consiste na exposição da criança a duas línguas (Língua de Sinais e Língua Escrita), sendo que a criança deve adquirir a Língua de Sinais desde muito cedo, para que esta seja sua primeira língua, ou seja, sua língua natural, pois é visual-espacial, possibilitando com isso seu desenvolvimento cognitivo e psicossocial e a Língua Escrita com a 2* língua. A modalidade oral dessa 2* língua deve ser optativa para os surdos.
INTÉRPRETE:
“Trata-se de um tradutor que se coloca entre os que ouvem e se expressam de viva voz e os que se comunicam por meio de Língua de Sinais e do alfabeto manual.”
Ana Regina e Souza Campello
“Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceitei a pessoa....
Quando eu rejeito a língua, eu rejeito a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos... Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo.
Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los, ajudá-los, mas temos que lhes permitir ser surdo.”
Terje Basilier (psiquiatra surdo norueguês)
A questão da educação bilíngue já não é tão controvertida, porém ainda gera polêmicas, mas cada vez mais se tem configurado como uma solução viável para o atendimento às pessoas surdas. É minha tarefa seguir procurando formas de implementá-la, buscando soluções para esta problemática tão intrigante. Por isso, os surdos enfrentam muitos problemas para se comunicar. Conhecer a sua linguagem – a arte de conversar através das mãos – é ter, acima de tudo, respeito e ética com eles.
Na próxima edição, publicarei sobre as propostas apresentadas no Congresso da CONDICISUR.
Professor Carlos Ayrton Sodré, diretor do Sindicato dos Professores do ABC
É com grande alegria que envio a vocês uma visão geral sobre a Língua dos Surdos no qual pude concretizar esse sonho.

Realizado durante o mês de junho, em cinco países  (4,5,6 de Junho, em Barcelona, 11,12,13 de Junho, em Lisboa, 18,19,20 de Junho, em Paris, 25 e 26 Junho, em Milão, 29 e 30 de Junho, na Grécia), o Congresso da Conferência dos Direitos e Cidadania dos Surdos, Condicisur, representou um marco para nós, surdos e ouvintes, que se envolveram diretamente nesse projeto, no qual todas as reinvidicações apresentadas significam o desejo dos surdos de verem respeitados seus direitos à cidadania.

Tal instrumento conta sobre o movimento dos surdos e sua luta em prol da garantia de seus direitos e suas reais reivindicações. Espero que essa seja mais uma porta a ser aberta para a comunidade surda, consciente da realidade que vive e das necessidades de seus membros.

Esse evento representou um marco para nós, surdos e ouvintes, que se envolveram diretamente nesse projeto, onde todas as reinvidicações apresentadas retratam o desejo dos surdos de verem respeitados seus direitos à cidadania.

Nossa luta e união devem continuar até que nossa “diferença” seja finalmente reconhecida, não como algo que nos limita, mas, sim, como um fator de enriquecimento à diversidade cultural existente em nosso país.

Precisamos, sim, de atenção diferenciada por parte da sociedade, em sua maioria ouvinte, para termos acesso a um ensino de qualidade e a todo tipo de informação que hoje nos é negada, para desenvolvermos nossa capacidade profissional e nos tornarmos cidadãos atuantes e participativos.

Esperamos, também, não sentir mais nenhum tipo de preconceito e discriminação, como disseram na Conferência, pelo nosso jeito diferente de “falar”, sejam com o som de nossas vozes ou através de nossa Língua de Sinais.

As dificuldades encontradas pelos surdos ao longo de suas vidas, o desrespeito aos seus direitos e ao exercício pleno de sua cidadania, foram a mola propulsora para a realização dessa Conferência.

Foram convidados 32 países. Participaram 21 países, que coordenaram os trabalhos de levantamentos dos problemas vividos pelos surdos em diversas áreas (família e saúde, educação, cultura, direitos e deveres, esportes, língua de sinais, associações, comunicação e trabalho) e apresentaram propostas para melhorias de condições de vida.

Transcrevemos, a seguir, a íntegra das propostas da Condicisur. Essas propostas não representam um produto acabado, mas esperamos que sirvam de estímulo, não apenas para novas discussões sobre alternativas, quiçá melhores que ora apresentamos, mas, também, na promoção de novas conferências de surdos em várias cidades de todos os países.

Muitas pessoas acreditam que as línguas de sinais são somente um conjunto de gestos que interpretam as línguas orais. Pesquisas sobre as línguas de sinais vêm mostrando que essas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a qualquer língua oral. Essas línguas expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-las com função estéticas para fazer poesias, contar estórias, criar peças de teatro e humor.

Como toda língua, as línguas de sinais aumentam vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas. Assim, a cada necessidade surge um novo sinal e, desde que se torne aceito, será utilizado pela comunidade.

Acredita-se, ainda, que somente exista uma língua de sinais no mundo, mas assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridas em CULTURAS SURDAS, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto, muitas línguas de sinais diferentes, como língua de sinais francesa, chilena, portuguesa, americana, argentina, venezuelana, peruana, inglesa ,italiana, japonesa, chinesa, uruguaia, russa, Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Essas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros países. Por exemplo,  Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes. O mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá.

Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se com mais facilidades uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve a capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos as expressões faciais e corporais das pessoas e devido ao fato dessas línguas terem muitos sinais que se assemelham as coisas representadas.

“Os surdos ouvem com os olhos, falam com as mãos“ - As Línguas de Sinais são línguas naturais das comunidades surdas.

No Brasil, as comunidades surdas urbanas utilizam a Libras, mas além dela, há registros de outra língua de sinais que é utilizada pelos índios URUBUS-KAAPOR na Floresta Amazônica.

Muitas pessoas acreditam que a Libras é o português feito com as mãos, que os sinais substituem as palavras desta língua, e que ela é uma linguagem como a das abelhas ou do corpo, como a mímica. Entre as pessoas que acreditam que a Libras é realmente uma língua, há algumas que pensam que ela é limitada e expressa apenas informações concretas, e que não é capaz de transmitir ideias abstratas.

Esses mitos precisam ser desfeitos porque a Libras, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão, portanto, diferencia da Língua Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão, também, nas estruturas gramaticais de cada língua.

Embora com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem algumas semelhanças que as identificam como língua e não como linguagem como é o caso da linguagem das abelhas, dos golfinhos, dos macacos, enfim, a comunicação dos animais.

Língua de sinais
“Os surdos ouvem com os olhos, falam com as mãos".
Como surgiu a Língua de Sinais?
Porque proibiram a Língua de Sinais?
Como foi implantado o oralismo?

Então, vamos conhecer um pouco da história de educação e métodos de ensino.

Ponce de Leon, 1570, usava sinais dentro do mosteiro, pois lá havia a Lei do Silêncio.

Uma família espanhola que tinha muitos descendentes surdos, por se casarem entre si, criaram uma língua para se comunicar. Dois membros dessa família foram para o mosteiro e lá, junto com Ponce de Leon deram origem à Língua de Sinais.

Ponce de Leon foi tutor de muitos surdos e foi dado a ele o mérito de provar que o surdo era capaz, contrariando a afirmação anterior de Aristóteles. Seus alunos foram pessoas importantes que dominavam filosofia, história, matemática e outras ciências.

1780 – Abade de L´Epee – foi a época de ouro para a educação dos surdos, quando atingiram posições nunca antes alcançadas. Em sua escola foram formados professores surdos que difundiram a Língua de Sinais por todo o mundo.

1851 – 36% dos professores das escolas para surdos eram surdos (Europa e USA).

1856 – Chegada ao Brasil de E. Huet (ex-aluno surdo do Instituto de Paris), que trouxe o alfabeto manual francês e Língua Francesa de Sinais para o Brasil, dando origem à Língua de Sinais Brasileira.

1857 – Fundação do Instituto dos Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES.

1858 – 40% - aumenta o numero de professores surdos.
1870 – 43% - novo aumento de professores surdos.

1880 - Realizado o 2* Congresso Mundial de Surdos, em Milão, na Itália, quando a Língua de Sinais foi oficialmente abolida, proibida de ser utilizada na Educação de Surdos e quando, os professores Surdos ali presentes, foram proibidos de participarem da votação.

1980 – O bilinguismo para Surdos passa a ganhar mais e mais adeptos em todos os países do mundo.

1994 – Realizada a Declaração de Salamanca, resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, promovidas pelo Governo da Espanha e pela UNESCO, veio tratar da construção de uma sociedade inclusiva e da preocupação com a “garantia de educação para todos”.

2001 – Realizado a Conferência dos Surdos em São Paulo, no Centro de Convenções Rebouças, com o tema de “Viva a sua diferença”.

Abordagens educacionais
- O desrespeito pela Língua de Sinais, fruto de desconhecimento, gerou preconceitos. Pensava-se que a Língua de Sinais não poderia ser língua e que se os surdos ficassem se comunicando desta forma, não aprenderiam a língua oficial do seu país. Mas pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa, mostraram o contrário.

“Aceitar o Braille significa aceitar a diferença da pessoa cega”.
“E o surdo? Tem sido ele respeitado em sua diferença?”
Comunicação total
A comunicação total foi criada inicialmente como uma filosofia na qual se permite ao surdo utilizar toda e qualquer forma de comunicação: língua de sinais, leitura orofacial, fala, gestos, sinais, a leitura, a escrita e a amplificação sonora adequada.

Mas quando colocada em prática se transformou em método e, erradamente, as pessoas passaram a usar os sinais da Língua de Sinais na ordem da língua oral do país.

Bimodalismo
Uso simultâneo de duas línguas de modalidades diferentes (sinais e língua oral), ocasionando uma superposição de línguas. Ex: como sinalizar roubar e falar ao mesmo tempo!

Bilinguismo
Consiste na exposição da criança a duas línguas (Língua de Sinais e Língua Escrita), sendo que a criança deve adquirir a Língua de Sinais desde muito cedo, para que esta seja sua primeira língua, ou seja, sua língua natural, pois é visual-espacial, possibilitando com isso seu desenvolvimento cognitivo e psicossocial e a Língua Escrita com a 2* língua. A modalidade oral dessa 2* língua deve ser optativa para os surdos.

Intérprete
“Trata-se de um tradutor que se coloca entre os que ouvem e se expressam de viva voz e os que se comunicam por meio de Língua de Sinais e do alfabeto manual.”
Ana Regina e Souza Campello

“Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceitei a pessoa....
Quando eu rejeito a língua, eu rejeito a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos... Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo.
Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los, ajudá-los, mas temos que lhes permitir ser surdo.”
Terje Basilier (psiquiatra surdo norueguês)

A questão da educação bilíngue já não é tão controvertida, porém ainda gera polêmicas, mas cada vez mais se tem configurado como uma solução viável para o atendimento às pessoas surdas. É minha tarefa seguir procurando formas de implementá-la, buscando soluções para esta problemática tão intrigante. Por isso, os surdos enfrentam muitos problemas para se comunicar. Conhecer a sua linguagem – a arte de conversar através das mãos – é ter, acima de tudo, respeito e ética com eles.

Professor Carlos Ayrton Sodré, diretor do Sindicato dos Professores do ABC

Mais Lidas