O Conselho Sindical da Gerência Regional do Ministério do Trabalho em Santo André, que abrange as cidades São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, juntamente com os sindicatos destes municípios, filiados a todas as Centrais Sindicais reconhecidas oficialmente ou não e sindicatos independentes, realizam uma aula pública.

O tema proposto é uma análise do "saco de maldades" em forma de PL e PEC que tramitam no Congresso Nacional como, o PL 257, a PEC 241, o PLC 30, a próxima e anunciada (contra) Reforma Previdenciária, que ameaçam os trabalhadores.

O evento será realizado no dia 15 de setembro de 2016 às 14 horas.

Local- Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André.

Endereço- Rua Gertrudes de Lima, 202- Centro- Santo André- Tel. 4993-8999.

Participe e juntos vamos lutar por “Nenhum direito a menos”!                

Fonte: Fepesp

A Assembleia Legislativa de São Paulo abriu seu maior auditório nesta quinta-feira (25/08) – o auditório Franco Montoro, no pavilhão nobre da Alesp –  para debater em audiência pública os projetos de cerceamento de atividades pedagógicas em sala de aula, conhecidos genericamente como iniciativas de uma ‘escola sem partido’. A audiência foi convocada pelo deputado Carlos Giannazi e incluía na pauta o projeto de lei 587, de sua autoria, que com o título de ‘Escola com Liberdade’ procura contrapor as restrições ao debate crítico nas escolas com uma garantia à liberdade de ensinar.

 O que se viu na audiência foi muito diferente. Interrompendo de forma ruidosa e agressiva a exposição de professores e alunos presentes à assembleia, um grupo articulado tratou de encobrir a voz dos debatedores com a defesa enfática da mordaça aos professores. Gritando, fazendo ruído com apitos e portando cartazes, faziam a defesa da escola sem debate, sem pensamento crítico, sem discussão. Com isso, os manifestantes conseguiram o encerramento prematuro da audiência.

 Essa manifestação esteve longe de ser majoritária, entre os presentes na audiência, e muito provavelmente não iria prevalecer em um debate aberto nas escolas públicas e privadas de São Paulo. Mas foi uma intervenção ruidosa, organizada, planejada com antecedência e indicativa da disposição de grupos que já não se acanham em vir a público identificando-se como ‘de direita’ para calar a boca de quem defende a democracia e a livre troca de ideias.

 A prevalecer essa forma de intervenção, corre sério risco a noção de Educação como o desenvolvimento de consciência crítica entre os jovens, e perde terreno a liberdade de debate com diversidade de opiniões. Hoje, como ficou claro na manifestação truculenta durante a audiência pública, já há quem não tenha qualquer vergonha em defender ativamente o atraso, a censura, o cerceamento ao debate e às liberdades públicas. A Federação dos Professores de São Paulo defende a liberdade de ensino e a autonomia do docente, e também condena a violência em debates públicos. Mais que isso, reafirmamos a necessidade de reforçar nossa organização e ampliar a defesa incondicional da democracia.

 A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo rejeitou, em 16 de agosto, dois projetos de lei que tramitam na Casa para instituir no Estado o programa do grupo Escola sem Partido, que restringe a liberdade de cátedra e prevê a criação de canais de denúncia e a instalação de cartazes nas escolas para impedir que professores expressem opiniões políticas e religiosas em sala de aula. As propostas foram apresentadas por dois deputados, Luiz Fernando Machado (PSDB) e José Bittencourt (PSD), em projetos diferentes, mas com textos iguais. Esses projetos ainda seguem para discussão na Comissão de Finanças antes de ir para votação em Plenário. Tramita ainda na Alesp projeto de lei contrário, que propõe a criação de programa de ‘Escola com Liberdade’ no sistema estadual de ensino.

 As organizações de professores, estudantes e todos os que defendem a democracia devem se organizar para influir decisivamente nessas votações.

O mundo engajado da charge na imprensa sindical

O cartunista do SINPRO ABC, Israel Machado é destaque na reportagem

por Milena Buarque - Fepesp

Um acervo formado por mais de 4 mil ilustrações de renomados cartunistas brasileiros sobre a trajetória do movimento sindical no País compõe um dos projetos aprovados na 17ª edição do Rumos, programa do Itaú destinado ao fomento da produção artística. “Traços da Resistência: Organização e Disponibilização das Ilustrações da Oboré Editora” propõe a preservação, a digitalização, a catalogação e a publicação de materiais inéditos de artistas como Laerte, Glauco (1957-2010), Henfil, Chico Caruso, Fortuna (1931-1994), Gilberto Maringoni, entre outros. São sete caixas arquivo de papelão e 18 pastas que incluem charges, tirinhas, histórias em quadrinhos, vinhetas de divulgação e caricaturas.

Charges, tiras e cartuns – que não são a mesma coisa – sempre foram um dos muitos recursos utilizados na comunicação da imprensa sindical. O movimento sindical brasileiro, desde o início do século XX, é pródigo no uso de imagens e ilustrações. O maior cartunista paulistano das primeiras décadas do século XX, o Lemmo Lemmi (1884-1926), mais conhecido por seu personagem Voltolino, teve grande parte de sua produção voltada para jornais, cartazes e panfletos dos trabalhadores.

Na visão de Gilberto Maringoni, político e professor da UFABC, a ilustração não substitui um texto, mas pode ser tão eficiente quanto. “A charge busca sempre a síntese. Ela é um artigo de opinião em formato visual. São linguagens diferentes. Mas pode ser eficiente quando consegue captar com graça e humor determinada situação social ou, no caso sindical, um momento tenso das disputas entre trabalhadores e patrões.”

A forma de comunicação que usa simultaneamente texto, imagem e cor pode ser mais ágil e sugerir diferentes tipos de compreensão. “Ou você ri da proposta ou você se incomoda com ela e isto faz pensar. E pensar sobre uma tira, charge, cartum ou caricatura amplia o nosso grau de compreensão sobre a realidade. E os artistas gráficos, em geral, estão sempre um passo adiante de nós na percepção sobre os acontecimentos”, diz o cientista político Adolpho Queiroz, professor da Universidade Mackenzie e especialista em humor gráfico.

Indo além da recuperação histórica, a publicação do acervo da Oboré assume o sentido de difundir e democratizar uma coleção de textos e imagens essenciais para quem atua nos movimentos dos trabalhadores e com imprensa sindical. Para Queiroz, a produção de ilustrações naquele período contribuiu de forma decisiva para a organização e a politização do movimento sindical daqueles dias. “O sindicato dos Metalúrgicos foi um dos pioneiros na divulgação de revistas, jornais, cartazes e faixas com a utilização de personagens de quadrinhos e deu a grandes artistas, como a Laerte Coutinho, entre outros, a possiblidade da prática de um humor engajado”, conta.

Surgida em 1978 para colaborar com os movimentos sociais e de trabalhadores urbanos na montagem de seus departamentos de imprensa e na produção de jornais, boletins e projetos de comunicação, a estética estabelecida pela Oboré Editora continua atual. No Sindicato dos Professores do ABC e Região, o designer Israel Machado é o responsável pelas ilustrações que acompanham as publicações feitas pela redação.

O cartunista concorda com Maringoni e afirma que, o recurso, ainda que menos utilizado pelos sindicalistas hoje, segue como elemento importante no diálogo com a categoria. “Uma charge não substitui e nem é mais importante que um texto, são duas ferramentas que se somam para melhorar a compreensão das informações. Quando eu vou apenas ilustrar um texto, só leio e tento dar um certo humor à informação. Entretanto, quando vou fazer uma charge em um espaço do jornal já pré-determinado, é como se estivesse escrevendo um artigo que representa a opinião do autor, só que, no meu caso, é desenhado”, conta Israel.

Se o uso do humor aparece como uma ponte entre o autor do texto e o leitor, a familiaridade com o tema é apontada por Maringoni como uma das chaves para uma boa charge. “Não há fórmula para se elaborar uma charge. Às vezes você tem uma boa ideia em cinco minutos e em outras isso demora várias horas. Tem menos a ver com inspiração a seco e mais com familiaridade com o tema tratado. Em situações de crise e contraste entre propostas em disputa, é mais fácil escolher um lado e criticar outro.”

Com a internet e, posteriormente, as redes sociais, o processo de produção artística das charges e cartuns foi acelerado. O novo espaço, o da vívida timeline, possibilitou o surgimento de uma audiência cativa. Tanto Maringoni quanto Machado fazem uso de páginas na internet para a divulgação de ilustrações. “A charge continua desempenhando o seu papel: de informar de uma maneira mais leve e humorada, seja em versão impressa ou digital. A essência da elaboração continua a mesma”, diz Machado.

De dentro de estúdios ou na escrivaninha de casa, os artistas gráficos brasileiros, que seguem fazendo críticas engajadas e gerando reflexões por meio de desenhos, só têm a ganhar – em inspiração e conhecimento histórico – com um arquivo recheado de Laertes, Glaucos, Henfils e Fortunas do acervo da Oboré Editora.

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