Noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo (23/08), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS) divulgou que três em cada 10 planos de saúde privados não pagam de volta o atendimento que o SUS prestou a seus clientes.

Desde 2001, o calote divulgado é de R$ 826 milhões. Porém, o buraco é maior, segundo o professor Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, ouvido pela Folha. Ele informa que esses valores referem-se apenas a procedimentos simples. Os outros, mais complexos, como hemodiálise e tratamento de câncer – que os planos privados invariavelmente transferem para o SUS – não estão contabilizados nessa conta.

Além disso, há R$ 1,4 bilhões cobrados pela ANSS que as empresas de plano de saúde estão contestando na Justiça.

A conta não para aí. Embora a cobrança tenha sido institucionalizada em 1998, só começou a ser feita em 2001. Ou seja, três anos foram simplesmente esquecidos.

Tais fatos são mais uma mostra do perigo representado pela proposta do ministro interino da saúde de criar “planos de saúde baratos” para substituir parte do papel do SUS.

Conatee acontece neste final de semana em São Paulo

Será realizado nesta semana em São Paulo, de 26 a 28 de agosto, o 9º Congresso Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Conatee). O tema do Congresso, para o qual se inscreveram mais de 800 delegados, é “Lutar e resistir: preservar a democracia e não perder direitos”. Na pauta estão a eleição da Diretoria Plena e do Conselho Fiscal da Contee; o balanço da atual gestão; a prestação de contas e o plano de lutas; a conjuntura nacional e internacional; a conjuntura educacional; e as relações sindicais e direito do trabalho, entre outros assuntos.

Do SINPRO ABC participarão do encontro os diretores: José Jorge Maggio; Edilene Arjoni; Rafael Fieri; Marcelo Buzetto; Mariana de Melo Rocha; Elias Balbino; Jorge Gonçalves; José Oliveira dos Santos;  Alexandre Linares e Júlio Turra. 

 

A Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino já está tomando providências junto ao Conselho Administrativo de defesa Econômica (Cade) e ao Ministério Público Federal (MPF) contra o novo passo dado nesta semana no nocivo fenômeno da oligopolização do ensino superior: a aprovação dos acionistas das empresas Kroton e Estácio aos termos da proposta para a incorporação da segunda pela primeira. Se for concretizado, o negócio entre as duas companhias vai engordar ainda mais o monstro educacional já formado quando da fusão entre Kroton e Anhanguera e deterá cerca de 1,5 milhão de alunos e aproximadamente 25% de participação no mercado brasileiro de educação privada.

A negociação, no entanto, ainda precisa da análise e do aval do Cade, que vai avaliar se impõe restrições à operação. Caso sejam feitas restrições, as empresas decidirão se aceitam cumprir as exigências do Cade ou se desistem do negócio. Para deter mais esse prejuízo à educação brasileira, o setor jurídico da Contee já trabalha junto ao Cade e ao MPF, a exemplo do que fez no caso da Anhanguera.

Na ocasião, tanto o MPF quanto a Superintendência do Cade corroboraram os argumentos apresentados pela Confederação e apontaram que a operação financeira representava, em razão dos problemas concorrenciais, risco de prejuízo aos estudantes e aos trabalhadores, com redução da oferta de serviços, aumento de preços e queda na qualidade de ensino. Lamentavelmente, embora tenham sido impostas restrições e ressalvas, a fusão Kroton-Anhanguera acabou sendo aprovada, um atentado à educação superior no Brasil, símbolo máximo da mercantilização do ensino que teve início com a política neoliberal implantada nos anos 1990 e que culminou, a partir de 2005, no processo de financeirização e desnacionalização da educação superior no país.

O tema certamente voltará à baila na próxima semana, durante o 9º Conatee, tanto na discussão da conjuntura educacional brasileira quanto no debate do plano de lutas da Contee para a próxima gestão. Para contribuir com o debate e as ações a serem tomadas, a Confederação também lançará, durante o Conatee, o livro “O capital global na educação brasileira”, resultado do seminário internacional ‘‘Os diferentes modos de privatização da educação no mundo e as estratégias globais e locais de enfrentamento”. O mote da publicação traduz exatamente a luta da Contee: a de que não basta constatar o fenômeno da privatização na educação, sendo necessário entender seus processos, descobrir os atores e criar ações para interagir com o sistema político e combater o avanço dos grandes grupos econômicos no seto

Mais Lidas