O Projeto de Lei 4.330/04, que escancara a terceirização no Brasil, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 22 de abril e desde o dia 28 já está em tramitação no Senado Federal, onde recebeu novo número: Projeto de Lei da Câmara (PLC) 30/2015. No site do Senado, dentro do Portal e-Cidadania, é possível que todos os cidadãos se manifestem em relação à proposta. Até agora, o placar está em 2.454 votos a favor e 23.193 votos contra. A Contee convoca suas entidade filiadas e toda a categoria a acessar o link e votar contra essa matéria que rasga a CLT, precariza o trabalho e retira direitos dos trabalhadores.

O consultor jurídico da Contee, José Geraldo de Santana Oliveira, elaborou uma profunda análise sobre o texto final do PL aprovado pela Câmara. Conforme ele destaca, “o único meio de para barrar este monstruoso retrocesso social, que se avizinha, é o da ampla discussão social sobre os seus nefastos efeitos; com discussões nos sindicatos, nas empresas, nas escolas, nas igrejas, nos campos e quadras de esportes, nos cinemas, nos teatros; enfim, em toda a parte”. Santana ressalta também, no texto que traz análises de posições do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema e comentários destacados sobre cada artigo do projeto, que “não se pode esquecer que a base eleitoral dos deputados e senadores são os municípios, então, é neles, ou seja, nos mais de 5.570, que se deve intensificar a discussão, mostrando aos eleitores como votam os parlamentares que eles elegeram; até agora, a maioria dos deputados votou pelo atraso e pela supressão de direitos essenciais à dignidade da pessoa humana”.

As Centrais CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central, CSB, UGT e a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) estiveram reunidas com a presidenta Dilma Rousseff, para tratar das políticas de emprego e renda.

No encontro, a presidente defendeu que a regulamentação da terceirização precisa manter a diferença “entre atividade-fim e atividade-meio nos mais diversos ramos da atividade econômica”. Para a presidente, é preciso aprovar uma legislação que não precarize o trabalho.

“É urgente e necessário regulamentar o trabalho terceirizado para que milhões de trabalhadores tenham proteção no emprego e garantia de salário digno, também é importante para os empresários porque significa segurança para eles, uma legislação clara sobre terceirização”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que a declaração de Dilma é um reforço à mobilização pela revogação do PL 4.330 pelo Senado. “Ela fortalece a nossa luta para reverter essa tragédia que a Câmara lançou sobre a classe trabalhadora e a sociedade”, afirma.

Para Adilson Araújo, presidente da CTB, a fala de Dilma sobre terceirização “representou um avanço” do governo. “Avaliamos que o governo vai dando sinai s de retomar aquilo que tinha pautado no debate eleitoral”, ressalta.

Fórum

Dilma anunciou a criação do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e Previdência, formado por representantes de Centrais, empresários, aposentados e governo, com a meta de apresentar uma proposta à sociedade no prazo de seis meses.

A revista Época, em nota assinada pelo seu editor-chefe, Diego Escosteguy, na sexta-feira (1), reafirmou o que está escrito na matéria “Lula, o operador”, como sendo correto e verdadeiro. Como a nota do seu editor é uma reiteração de erros cometidos pela revista, apontamos aqui as 7 principais dentre as muitas mentiras da matéria de Época.

 

Primeira mentira -  dizer que Lula está sendo investigado pelo Ministério Público.

 

A Época afirma que o Ministério Público abriu "uma investigação" na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria "formalmente suspeito" de dois crimes. Época não cita fontes nem o nome do procurador responsável pelo procedimento.

 

O Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República do Distrito Federal não abriu qualquer tipo de investigação sobre as atividades do ex-presidente Lula. O jornal O Globo, do mesmo grupo editorial, ouviu a propósito a procuradora Mirella Aguiar sobre o feito em curso e ela esclareceu: há um “procedimento preliminar”, decorrente de representação de um único procurador, uma “notícia de fato”, que poderá ou não desdobrar-se em investigação ou inquérito, ou simplesmente ser arquivada.

A mesma diferenciação foi observada pelo jornal The New York Times e pela agência Bloomberg. O The New York Times chamou de "preliminary step" (um passo preliminar) e não de investigação.

 

Isso não é um detalhe, e para quem preza a correção dos fatos, faz diferença do ponto de vista jurídico e jornalístico.

 

Ao publicar apenas parcialmente o cabeçalho de um documento do MP, sem citar os nomes do procurador Anselmo Lopes, que provocou a iniciativa, e da procuradora Mirella, que deu prosseguimento de ofício, e sem mostrar do que realmente se trata o procedimento, Época tenta enganar deliberadamente seus leitores.

 

Segunda mentira- Lula seria lobista

 

No início da matéria a revista lembra um fato: Lula deixou o poder em janeiro de 2011 com grande popularidade e desde então, não ocupa mais cargo público. Segundo a revista, Lula faria lobby para privilegiar seus "clientes". Que fique bem claro, como respondemos à revista: o ex-presidente faz palestras e não lobby ou consultoria.

 

A revista Época colocou todas as respostas das pessoas e entidades citadas nas suas ilações no fim da matéria, que não está disponível na internet. Por isso vale ressaltar trecho da resposta enviada pelo Instituto Lula:

 

"No caso de atividades profissionais, palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é remunerado, como outros ex-presidentes que fazem palestras. O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores - tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações - e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem. O ex-presidente faz palestras, e não presta serviço de consultoria ou de qualquer outro tipo."

 

Os jornalistas Thiago Bronzatto e Felipe Coutinho, que assinam o texto, chamam Lula de "lobista em chefe".  A expressão, além de caluniosa, não condiz com a verdade, e revela o preconceito e a ignorância dos jornalistas de Época em relação ao papel de um ex-presidente na defesa dos interesses de seu país.

 

O que Lula fez, na Presidência e fora dela, foi promover o Brasil e suas empresas. Nenhum presidente da história do país liderou tantas missões de empresários ao exterior, no esforço de internacionalizar nossas empresas e aumentar nossas exportações.

 

Terceira mentira – sobre as viagens de Lula

 

A “reportagem” de Época não tem sustentação factual. A revista afirma que nos últimos quatro anos Lula teria viajado constantemente para "cuidar dos seus negócios”. E continua: “Os destinos foram basicamente os mesmos - de Cuba a Gana, passando por Angola e República Dominicana." 

 

Vamos deixar bem claro: o ex-presidente não tem nenhum negócio no exterior. E, ao dizer “a maioria das andanças de Lula foi bancada pela construtora Odebrecht”, mente novamente a revista. Não é verdade que a maioria das viagens do ex-presidente foi paga pela Odebrecht. Repetimos trecho da nota enviada para a revista: “O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores - tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações - e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem.”

 

Mesmo sem ter obrigação nenhuma de fazê-lo, as viagens do ex-presidente estão documentadas no site do Instituto Lula e as suas viagens ao exterior foram informadas à imprensa.

 

De novo, diferente do que diz a revista, depois que deixou a Presidência, Lula viajou para muitos países, e o mais visitado foi os Estados Unidos da América (6 viagens), onde entre outras atividades recebeu o prêmio da World Food Prize (http://www.institutolula.org/lula-recebe-nos-eua-premio-por-trabalho-de-combate-a-fome), pelos seus esforços de combate à fome, em outubro de 2011, e do International Crisis Group, em abril de 2013,  por ter impulsionado o Brasil em uma nova era econômica e política (http://www.institutolula.org/lula-recebe-premio-em-nova-york-por-impulsionar-o-pais-a-nova-era-economica-e-politica). 

 

Nos EUA encontrou-se ainda, por duas vezes, com o ex-presidente Bill Clinton --que também tem o seu instituto e também faz palestras. 

 

Dois países empatam no segundo lugar de mais visitados por Lula após a presidência: o México e a Espanha (5 visitas cada um). No México, além de proferir palestras para empresas do país, Lula recebeu o prêmio Amalia Solórzano, em outubro de 2011 (http://www.institutolula.org/lula-recebe-no-mexico-o-premio-amalia-solorzano) e lançou, junto com o presidente Peña Nieto, a convite do governo mexicano, um programa contra a fome inspirado na experiência brasileira: http://www.institutolula.org/lula-no-mexico-eu-vim-aqui-dar-um-testemunho-e-possivel-acabar-com-a-fome-do-mundo . 

 

Na Espanha, Lula recebeu os prêmios da cidade de Cádiz (http://www.institutolula.org/cidade-espanhola-de-cadiz-premia-lula-por-combate-a-pobreza),  o prêmio internacional da Catalunha (http://www.institutolula.org/lula-recebe-24o-premio-internacional-Catalunha), e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Salamanca (http://www.institutolula.org/lula-recebe-titulo-de-doutor-honoris-causa-da-universidade-de-salamanca-na-espanha).

 

Os leitores que eventualmente confiem na Época como sua única fonte de informação, não só não foram informados desses prêmios, como foram mal informados sobre as atividades do ex-presidente  no exterior.

 

Sobre os países citados pela revista, Lula esteve, desde que saiu da presidência, três vezes em Cuba, duas em Angola, e somente uma vez em Gana e na República Dominicana, os dois países mais citados na matéria. 

 

A revista diz serem “questionáveis” moralmente as atividades de Lula como ex-presidente. Em primeiro lugar, como demonstrado acima, a revista está mal informada ou informando mal sobre tais atividades (provavelmente os dois). Por exemplo, a revista acha moralmente questionável organizar, na Etiópia, um Fórum pela Erradicação da Fome na África, junto com a FAO e a União Africana (http://www.institutolula.org/e-preciso-investir-nos-pobres-para-acabar-com-a-fome-disse-lula-a-uma-plateia-de-15-chefes-de-estado-africanos)? Esse evento não foi noticiado pela Época, nem pela Veja. Mas foi noticiado pelo jornal britânico The Guardian (em inglês - http://www.theguardian.com/global-development/2013/jul/01/africa-brazil-hunger-lula). 

 

Ou em Angola, país citado pela Época, a revista acha moralmente questionável fazer uma grande conferência, (http://www.institutolula.org/lula-em-angola-e-possivel-para-qualquer-pais-acabar-com-a-fome) para mais de mil representantes do governo, do congresso, de partidos políticos e de ONGs, além de acadêmicos e jornalistas angolanos, reunidos para ouvir sobre as políticas públicas de Angola e do Brasil para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento econômico?

 

Ou em Gana participar de um evento organizado pela ONU, lotado e acompanhado pela mídia local, novamente sobre combate à fome (http://www.institutolula.org/e-plenamente-possivel-garantir-que-todo-ser-humano-possa-comer-tres-vezes-ao-dia-diz-lula-em-gana)? 

 

Parafraseando a revista, moralmente, o jornalismo de Época, que mente para seus leitores desde a capa da revista, é questionável. Mas será que à luz das leis brasileiras, há possibilidade de ser objeto de ação judicial?

 

Quarta mentira – sobre a visita de Luiz Dulci à República Dominicana

 

A revista Época constrói teorias malucas não só sobre as viagens do ex-presidente, mas questiona e faz ilações também sobre a visita do ex-ministro e diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, à República Dominicana em novembro de 2014. A revista foi informada, e publicou que o ex-ministro viajou ao país para fazer uma conferência, mas não que era sobre as políticas sociais brasileiras. Deu entrevistas à imprensa local e foi convidado pelo presidente Medina para uma conversa sobre as políticas sociais brasileiras, das quais o presidente dominicano é um admirador. A revista registrou apenas como “versão” que Dulci foi convidado pelo Senado do país. Todos os documentos do convite e da viagem estão disponíveis para quem quiser consultá-los.  O que a revista não fez antes de se espantar com o interesse no exterior sobre os  êxitos do governo Lula.

 

Quinta mentira – a criminalização da atividade diplomática do Brasil em Gana

 

Época relaciona como denúncia “dentro de um padrão”, um comunicado diplomático feito pela embaixada brasileira no país um ano antes de Lula visitar Gana, enviado em 30 de março de 2012. Lula esteve em Gana apenas um ano depois de tal comunicado, em março de 2013. É importante lembrar aos jornalistas “investigativos” da Época, que em março de 2012, Lula estava se recuperando do tratamento feito contra o câncer na laringe, que havia sido encerrado no mês anterior. 

 

Quanto ao telegrama de Irene Gala, embaixadora do Brasil em Gana, a resposta do Itamaraty colocada no fim do texto da Época, malandramente longe da ilação contra a diplomata, é cristalina sobre não haver qualquer irregularidade nele: “O Itamaraty tem, entre as suas atribuições, a atuação em favor de empresas brasileiras no exterior. Nesse contexto, a realização de gestões com vistas à realização de um investimento não constitui irregularidade.”

É lamentável que o grau de parcialidade de certas publicações tenha chegado ao ponto de tentar difamar funcionários públicos de carreira por simplesmente fazerem o que é parte de suas atribuições profissionais. Seria como criticar uma embaixada brasileira por dar apoio a um jornalista da Época, uma empresa privada, quando o mesmo estivesse em visita a um país.

 

 

Sexta mentira – a criminalização do financiamento à exportação de serviços pelo Brasil

 

A revista criminaliza e partidariza a questão do financiamento pelo BNDES de empresas brasileiras na exportação de serviços. É importante notar que esse financiamento começou antes de 2003, ou seja, antes do governo do ex-presidente Lula. 

 

Sobre o tema, se pronunciou o BNDES em comunicado (https://www.facebook.com/bndes.imprensa), e também a Odebrecht  (http://odebrecht.com/pt-br/comunicacao/releases/nota-de-esclarecimento-01052015). A questão foi analisada em textos de Marcelo Zero (http://www.pt.org.br/ignorancia-ou-ma-fe-amparam-desinformacao-do-mp-publicada-pela-epoca/) e Luís Nassif (http://jornalggn.com.br/noticia/na-epoca-o-alto-custo-da-politizacao-do-ministerio-publico-federal), que lembrou que a publicação irmã de Época, Época Negócios, exaltou a internacionalização das empresas brasileiras em outubro de 2014.

 

 

Sétima e maior mentira – o “método jornalístico” de Época

 

Bolsas de estudo pomposas nos Estados Unidos pagas por institutos conservadores (http://www.institutomillenium.org.br/blog/instituto-ling-concede-mais-27-bolsas-de-estudos-exterior/) valem pouco se o jornalismo é praticado de maneira açodada, com má vontade e parcialidade, de uma forma mentirosa. 

 

Não é a primeira vez que o Instituto Lula, ou outras pessoas e entidades tem contato com o método “Época” de jornalismo (que não é também exclusivo desta revista). Resumindo de forma rudimentar, o método constitui na criação de narrativas associando fatos, supostos fatos ou parte de fatos que não têm relação entre si, e que são colados pelo jornalista, construindo teorias sem checar com as fontes se a realidade difere da sua fantasia.

 

Poucas horas antes do fechamento, quando pelos prazos de produção jornalística provavelmente a matéria já está com as páginas reservadas na revista, capa escolhida e infográficos feitos, o repórter entra em contato, por e-mail, com as pessoas citadas na matéria. Em geral sem contar sobre o que realmente o texto se trata (Época não perguntou ou mencionou a iniciativa do Ministério Público). Não há interesse real em verificar se as acusações, em geral muito pesadas, se sustentam e justificam o espaço dado ao assunto ou o enfoque do texto.

 

Mesmo que a tese do jornalista não se comprove, a matéria não será revista e será publicada.  Na “melhor” das hipóteses, as respostas das pessoas e entidades envolvidas serão contempladas ao final da matéria, e este trecho não será disponibilizado online (e muitas vezes não é visto com cuidado por jornalistas de outros veículos que dão a “repercussão” do fato). É feito assim, primeiro porque a revista não teria nenhuma matéria para colocar no lugar, e segundo porque isso poderia afetar o impacto político, bem como a repercussão em outros órgãos de imprensa e nas mídias sociais. 

 

Foi exatamente isso que a Época fez. Contatou o Instituto Lula, a partir de Brasília, três horas antes do fechamento. Haviam duas opções: falar por telefone ou por e-mail. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, para registrar inclusive as perguntas e respostas à revista, optou por responder por e-mail, lamentando que não houve a possibilidade de esclarecer as dúvidas da revista pessoalmente (http://www.institutolula.org/resposta-do-instituto-lula-a-revista-epoca).

 

É importante registrar que Época ou não ouviu, ou não registrou o outro lado de todos os citados na matéria. Cita e publica fotos de dois chefes de Estado estrangeiros, John Dramani Mahama, de Gana, e Danilo Medina, da República Dominicana, ambos eleitos democraticamente e representantes de seus respectivos países. E não os ouve, nem suas embaixadas no Brasil. 

 

Mais absurdo ainda porque, em tese, a revista Época deveria seguir os “Princípios Editoriais do Grupo Globo”, do qual faz parte, e que foram anunciados  para milhões de brasileiros, no Jornal Nacional (http://g1.globo.com/principios-editoriais-do-grupo-globo.html).  

 

Como a revista não parece respeitar o jornalismo, diplomatas, chefes de estado dominicanos ou ganenses, ou ex-ministros e ex-chefes de estado brasileiros, melhor lembrar a recomendação de um norte-americano, Joseph Pulitzer, sobre os danos sociais da má prática jornalística. “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária e demagógica formará um público tão vil quanto ela mesma.” 

 

Assessoria de Imprensa

Instituto Lula

 

-- 

José Chrispiniano/Gabriella Gualberto

Assessoria de Imprensa

Instituto Lula

www.institutolula.org

twitter.com/inst_lula

facebook.com/lula

Errata

No boletim especial sobre o PL 4330, editado pelo SINPRO ABC com data de maio de 2015, erramos em não destacar o nome de três, dos cinco deputados federais por São Paulo que no segundo pleito da Câmara Federal votaram contrários ao projeto de lei da terceirização.

São eles: Lobbe Neto (PSDB); Mara Gabrilli (PSDB) e Flavinho (PSB)

Números da OCDE mostram que educadores no Brasil recebem menos, têm mais alunos na sala de aula e integram um sistema educacional ineficiente.

O Brasil é o lanterninha em um ranking internacional que compara a eficiência dos sistemas educacionais de vários países, levando em conta parâmetros como os salários dos professores, as condições de trabalho na escola e o desempenho escolar dos alunos.

O estudo internacional foi elaborado pela consultoria Gems Education Solutions usando dados dos mais de 30 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e alguns emergentes, como o Brasil.

Nele, o país aparece como um dos últimos em termos de salário pago aos professores, por exemplo.

O valor que os educadores brasileiros recebem (US$ 14,8 mil por ano, calculado por uma média de 15 anos e usando o critério de paridade de poder de compra) fica imediatamente abaixo do valor pago na Turquia e no Chile, e acima apenas de Hungria e Indonésia.

Os salários mais altos são na Suíça (US$ 68,8 mil) e na Holanda (US$ 57,8 mil).

Os professores brasileiros também são responsáveis por mais estudantes na sala de aula: 32 alunos, em média, para cada orientador, comparado com 27 no segundo lugar, o Chile, e menos de 8 em Portugal.

Combinando fatores como estes com o desempenho dos alunos – entre os piores entre os países pesquisados – a consultoria coloca o sistema educacional brasileiro como o mais ineficiente da lista.

"Nossas conclusões sugerem que o Brasil deveria cuidar do salário dos professores para alcançar o objetivo da eficiência educacional", diz o relatório.

Para a consultoria, a meta seria um salário quase três vezes maior que o atual.

Deficiências no gasto

Os dados mais recentes da OCDE mostram as debilidades no gasto educacional brasileiro.

Segundo a organização, o gasto do governo brasileiro com educação cresceu rapidamente desde o ano 2000, atingindo 19% do seu orçamento em 2011 – a média da OCDE foi de 13%.

O gasto público com educação chegou a 6,1% do PIB brasileiro, acima da média da OCDE de 5,6%, e à frente da proporção de outros latino-americanos como Chile (4,5%) e México (5,2%).

Porém, o gasto do Brasil com a educação pública foi o segundo menor de todos os países da OCDE e parceiros – US$ 3.066, contra uma média de US$ 9.487. O país ficou em 34º no ranking de 35 países da organização.

O acesso ao ensino superior no Brasil explodiu nos últimos 55 anos, saltando de pouco mais de cem mil estudantes para os atuais sete milhões de alunos matriculados. Parte considerável dessas pessoas está nas instituições privadas e são jovens oriundos de uma nova classe média que só conseguiu a vaga na graduação devido a políticas de criação de cotas, como o Programa Universidade para Todos (ProUni).

Criado em 2005, o programa – que concede bolsas de estudo parciais ou integrais - garantiu o acesso imediato de uma parte da população destituída de capital econômico e cultural. Em dez anos, foram 1,4 milhões de bolsas ofertadas, segundo o Ministério da Educação (MEC).

Mas, ao mesmo tempo em que o MEC apresenta o ProUni como uma política afirmativa que democratiza o ensino superior, especialistas em educação e alunos bolsistas relatam uma série de problemas estruturais do programa. Entre eles, a mercantilização da educação no país – com o fortalecimento de empresas educacionais lucrativas que, recebendo renúncias fiscais do programa, buscam atender rapidamente às demandas de ingresso, sem a contrapartida da qualidade de ensino; a pouca distribuição de bolsas para cursos mais tradicionais, como medicina e engenharia, e a dificuldade de garantir condições de permanência desses estudantes de baixa renda nos cursos que exigem a compra de diversos materiais acadêmicos.

Um balanço sobre essa década do ProUni e as perspectivas do acesso ao ensino superior no país foram tema de debate na Ação Educativa na quarta-feira (29/04), que teve como convidados Wilson Mesquita de Almeida, pesquisador do tema, Marcela Rufato, coordenadora da Rede Emancipa de Cursinhos Populares, Sérgio José Custódio, coordenador do Movimento dos Sem Universidade (MSU) e Tamires Sampaio, prounista e a primeira estudante negra a ser diretora do centro acadêmico de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Falta transparência

Para os debatedores, uma coisa é certa: a falta de transparência do governo em relação aos recursos aplicados no ProUni dificulta a comprovação da efetividade do programa como política afirmativa. Não se sabe, por exemplo, quanto das bolsas ofertadas realmente foram utilizadas, e, dos alunos que ingressaram, quantos evadiram das escolas por não conseguir acompanhar o curso.

“Falta controle social do ProUni. Os dados liberados pelo MEC são genéricos e não nos permite analisar questões importantes para o aprimoramento do programa”, afirma Wilson Mesquita, autor do livro “ProUni e o ensino superior privado lucrativo em São Paulo – uma análise sociológica”.

Há dois anos a Ação Educativa tenta obter, por meio da Lei de Acesso à Informação, dados detalhados do programa, o que tem sido constantemente negado. Para Marcela Rufato, o ProUni parece uma escolha política contraditória, porque o dinheiro investido nele seria melhor aplicado na universidade pública. “Ele mexe com as perspectivas dos estudantes em relação ao ensino superior, internalizando o discurso de que o ensino público não é para ele”.

Periferia na universidade

Não há dúvidas de que o principal avanço do ProUni é garantir que a periferia esteja dentro da universidade. "Isso muda toda a perspectiva da instituição de ensino, porque as pesquisas e a forma de dar aula devem se adaptar ao novo perfil de aluno na sala de aula" diz Tamires, que, durante a educação básica, estudou em escolas públicas estaduais da zona leste de São Paulo e conseguiu ingressar no Mackenzie por meio da bolsa.

Para ela, muitos prounistas têm a sensação de não pertencer ao ambiente universitário porque a maioria dos seus colegas é branco. “A universidade ainda não é uma realidade para as pessoas mais pobres da sociedade, que têm que trabalhar muito para melhorar a renda de casa e ficam com pouco tempo para estudar", completa.

Hoje, a luta pelo acesso à universidade no Brasil é uma atualização da luta pela alfabetização das camadas populares, afirma Sérgio Custódio. "No nosso país, ter educação é sinônimo de poder. Apenas 7,2% dos brasileiros mais pobres está na universidade e isso tem que mudar. O ProUni é a maior política afirmativa do mundo, é um instrumento de luta pelo acesso à universidade", afirma o coordenador do MSU.

Fonte: Fepesp

Mais Lidas