Movimentos se organizam a favor de um Estado mais justo e solidário com o lançamento do Fórum dos Movimentos Sociais

Foi ao som de músicas, teatro, militantes bailando no Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo (13/5), a CUT Nacional, CUT de São Paulo e mais de 50 entidades lançaram o Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo, na quadra dos Bancários, centro da capital. Aproximadamente 500 pessoas participaram do encontro que tem como proposta ter lançamentos regionais do Fórum no Estado.

O objetivo principal da iniciativa é a construção de bandeiras unitárias, como a organização de mobilizações. A negligência do governo paulista em temas como o da greve dos professores estaduais deste e de anos anteriores, que cobra educação pública de qualidade e valorização dos servidores, não pode ser aceita pelas entidades que integram o Fórum.

A criação do Fórum é o fortalecimento da unidade política e ideológica dos movimentos sociais em São Paulo, por meio de estudo e lutas, respeitando a autonomia de cada entidade e articulando os interesses comuns para intervenção com a sociedade.

No maior estado do país, não há uma política estadual que seja referência em todo o espectro das responsabilidades públicas. As organizações de esquerda que fazem parte do fórum priorizam, a partir de São Paulo, os temas nacionais em detrimento da construção de um projeto alternativo para o estado. “É urgente e necessário um projeto político para São Paulo, que se enraíze nos problemas e propostas do povo paulista e se nutra da vontade que esse povo tem de provocar as mudanças necessárias. Queremos o projeto popular para um Estado de São Paulo inclusivo, justo e solidário”, diz trecho da carta de lançamento do Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo.

Os temas a serem aprofundados no estudo e nas lutas do Fórum serão: Indústria e Emprego, Desenvolvimento Rural Sustentável e Reforma Agrária, Modelo Energético, Desenvolvimento Urbano e Habitação, Políticas Públicas para Educação, Saúde, Segurança Pública, Transporte, Cultura, Mulheres, Racial, Direitos Humanos, LGBT, Saneamento e Recursos Hídricos e Democratização da Mídia.

Constantemente refinar a análise da conjuntura e estabelecer com mais profundidade um diagnóstico comum do estado, promover debates de propostas que acumulem para a elaboração de um Projeto Popular para São Paulo, definir bandeiras comuns de luta e disseminar textos elaborados pelo Fórum, a fim de informar a população, são outros objetivos da iniciativa.

O Fórum já inicia suas tarefas. A organização participará do “Seminário Direitos Humanos no Estado de São Paulo”, que acontecerá na Assembleia Legislativa no dia 19 de Junho. O Fórum também convida todos a somar no dia 29 deste mês no Dia Nacional de Mobilização de paralização rumo à greve geral organizado pela CUT e outras Centrais Sindicais.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (13) o texto principal da Medida Provisória (MP) 664/14, que muda as regras e restringe o acesso à pensão por morte e auxílio-doença. O placar ficou em 277 parlamentares favoráveis e 178 contra e as emendas seguem em discussão.

Ainda que o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) tenha apresentado mudanças como a redução de dois para um ano e meio o tempo de contribuição para ter direito à pensão por morte e a manutenção do valor integral da aposentadoria, a CUT se manifestou contrária à medida.

“Primeiro, porque representa a retirada de direitos, da mesma forma que a MP 665, aprovada na semana anterior na mesma Câmara, e restringe o acesso a conquistas como o seguro-desemprego”, destacou o presidente nacional da Central, Vagner Freitas.

“Segundo, porque nada disso foi negociado conosco, tudo foi imposto e o constrangimento da base aliada poderia ser evitado se o governo retirasse as medidas e levasse a discussão sobre esses temas ao fórum que criamos e terá participação nossa, além do próprio governo e dos empresários”, disse o dirigente em referência ao Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e Previdência Social, que terá início do mês de junho.

Lobos em pele de cordeiros

Tanto quanto o resultado da votação, as intervenções dos parlamentares antes da decisão sobre a medida provisória alçaram a Câmara a uma realidade curiosa.

Parlamentares como Alex Manente (PPS-SP) e Artur Maia (SDD-BA), que aprovaram o projeto de terceirização sem limites (Projeto de Lei 4330), responsável por rebaixar direitos e condições de trabalho, travestiram-se de defensores dos trabalhadores e questionaram a ausência da CUT nas galerias.

Ao plenário onde predominavam coletes laranja da central sindical que apoiou o PL da terceirização, apenas a direção nacional da CUT teve acesso, representada por Maria Faria (Secretária-Geral Adjunta), Rosane Silva (Mulheres), Graça Costa (Relações do Trabalho), Greg (adjunto de Formação), Maria Júlia (Combate ao Racismo), Eduardo Guterra (adjunto de Saúde) e pelos diretores executivos Daniel Gaio e Jandira Uehara

Ainda assim, os dirigentes só conseguiram entrar por conta de um habeas corpus concedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e após muita pressão sobre a segurança.

Durante a sessão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi questionado por outro parlamentar sobre a restrição ao acesso à Casa e respondeu que a “Central Única dos Trabalhadores teve total liberdade" e que "autorizou a entrada de quem quisesse até o limite de 250 pessoas”.

Porém, o vídeo, gravado por um dos assessores da Central, mostra, que os seguranças tentam barrar o acesso aos dirigentes que traziam a decisão do STF nas mãos e ainda afirmam que a ordem partiu de Cunha.

Fator Previdenciário - Também nesta quarta, a Câmara aprovou uma emenda que permite ao trabalhador escolher a regra 85/95 na hora de se aposentar, ao invés do fator previdenciário. Pela norma aprovada, a mulher poderá ter a aposentadoria integral quando a soma de idade após 30 anos de contribuição à Previdência for de 85, e o homem, de 95. No caso dos professores, haverá a diminuição de 10 anos nesse total.

Professores no Paraná, São Paulo, Pernambuco, Pará, Santa Catarina e em muitos outros Estados e municípios cobram o cumprimento da Lei do Piso

O ano de 2015 mal começou e já deflagraram diversas greves dos professores em diversas regiões do Brasil. Este ano já houve no DF, Paraná, Juazeiro do Norte-CE e Mato Grosso do Sul. Atualmente podemos citar a greve dos professores nos Estados de Pernambuco, Pará, São Paulo, Santa Catarina e nos municípios de Macapá-AP, Barão de Melgaço-MT e Manuel Urbano-AC.

Basicamente o que todos os professores grevistas querem é o cumprimento da Lei 11.738/2008 que "estabelece o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica". Nele, se prevê, além do piso (que hoje está em R$ 1.917,78 para 40 horas de trabalho), 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos.

As notas oficiais sempre tendem a julgar a greve dos professores como partidária, colocando panos quentes e afirmando que a adesão é baixa. Raramente algum administrador público dá a devida atenção ao movimento grevista, e quase sempre entram com pedido de ilegalidade da greve junto ao poder Judiciário, que muitas vezes também tende a andar conforme o Executivo manda. Na mídia o movimento não é diferente. Muitas emissoras de televisão, jornais e revistas apresentam seus editoriais diminuindo a greve, omitindo ou simplesmente reproduzindo as “notas oficiais” divulgadas.

Muitos argumentam que o aluno “tem direito a ter aula”, citando a Lei 9.394/1996, mas esquecem do Art. 3, IX que diz sobre “garantia de padrão de qualidade”. Como querem aulas de qualidade com o atual quadro do professor no Brasil? Quantos artigos nós já escrevemos em que discutimos a baixa qualificação do professor, o baixo salário do professor, a falta de formação continuada, a baixa formação inicial, etc. É possível cobrar índices de qualidade ou qualquer outra forma de qualidade com o descaso da sociedade e do poder público para com a educação?

O fato é que greve de professor não atrapalha a sociedade. Vamos explicar: quando garís fazem greve a cidade fica emporcalhada, quando bancários entram em greve o sistema financeiro trava ou ainda o setor metroviário. Normalmente quando servidores públicos de setores administrativos entram em greve, o serviço público para. Agora, quando os professores entram em greve, as crianças ficam em casa. Então, esses setores provocam uma grande desordem na vida pública quando fazem greve, porém, quando os professores entram em greve, as crianças ficam e muitas vezes têm sido por pouco tempo, uma ou duas semanas apenas. Ou seja, não produzem nenhum “caos” na sociedade, não chamando a atenção da sociedade e muito menos da mídia. Quanto muito alguns pais reclamam de seus filhos em casa “importunando”.

Outro fato que é preciso levantar é a não adesão de todos os professores aos movimentos grevistas. Vários vídeos e conversas pelas redes sociais apresentam a dificuldade de se trazer a massa dos professores ao movimento grevista. Talvez o exemplo que fuja a esta regra, seja a greve dos professores no Estado do Paraná, uma vez que praticamente todas as categorias dos funcionários daquele Estado entraram em greve, contra o pacote de medidas anunciadas pelo governador.

Uma das estratégias do poder público para diminuir a greve é a de minimizar o movimento para ganhar pelo cansaço. Quem não se lembra das notas publicadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo exortando os pais a mandarem seus filhos para as escolas, pois a greve não estaria tendo a adesão levantada pelo Sindicado. Isto mostra exatamente o pensamento do governo, ou seja, usar de todos os meios para desacreditar o movimento junto à população, com a colaboração da mídia tradicional e muitas vezes do poder Judiciário. Neste ponto, ressalta-se a importância da mídia alternativa eletrônica. As fotos, os vídeos, os textos e as publicações de centenas de milhares de pessoas nas redes sociais e blogs apresentam o que realmente está acontecendo dentro e fora da escola.

O Poder Público tem consciência de que o salário do professor é pouco e ameaça descontar os dias parados. Sabendo que muitos professores não aguentariam ficar um mês inteiro em greve, pois dependem daquele pouco salário para sustentar suas famílias, o governo recrudesce deixando de negociar, apostando no esvaziamento da greve. Por isso, toda greve tem que ter a participação maciça daqueles que estão brigando por melhores salários e condições de trabalho.

As dificuldades aqui apresentadas são tão reais que em São Paulo muitos professores não aderiram à greve justamente por esses motivos. Entende. Entende-se que os perfis dos professores devam ter seja o de “formação geral humanista/crítica, comprometido com a construção e ampliação de uma sociedade mais justa, posicionada contra as desigualdades sociais e qualquer forma de opressão” (Res. SE/SP 52/2013). Porém, no auge dos debates sobre a greve, muitos professores acabam se omitindo e se escondendo em suas necessidades/desculpas, contrariando o seu próprio perfil. Alguns reproduzem, inclusive as notas oficiais como se realmente não houvesse problemas em seu salário ou em sua escola (salas superlotadas, falta de materiais, falta de segurança, etc.), a exemplo de um avestruz, que enfia a cabeça num buraco julgando-se segura, pois em nada vendo, nada estaria acontecendo.

Chamamos a atenção aqui para algo extremamente simples e óbvio que é o fato de que ficaria difícil para o professor entrar em greve se tudo estiver sendo cumprido pelo Poder Público. Se o poder público cumprisse a própria lei não haveria motivo para o professor entrar em greve. A quem interessa manter alunos sem aula? A quem interessa manter a educação com baixa qualidade? A quem interessa manter somente sobre os ombros dos professores tamanha responsabilidade?

Como consequência, atualmente temos um déficit de 150 mil professores no Brasil. Muitos não aguentam as condições de trabalho e trocam por outros empregos, que muitas vezes não satisfaz sua vocação de professor, mas o instinto de sobrevivência nessas horas fala mais alto.

Nós professores não aguentamos mais tanta falta de compromisso com a educação. É preciso de compromisso com a educação. É preciso dar um basta e, por mais complicado que possa parecer, a greve é o único meio legal que dispomos para pressionarmos quem na verdade não precisaria ser pressionado, pois deveria ser o primeiro a enxergar que o futuro está na educação, o governo. Se ele (governo) não se move e não se comove com a situação do professor é porque não está interessado em melhorar a educação. E porquê?

Ivan Claudio Guedes - Geógrafo e Pedagogo

Omar de Camargo - Professor em Química

Informamos que o evento “Diálogos Fepesp” sobre a Terceirização foi reagendado do dia 19/05 para o dia 26/05, às 9 horas, no mesmo local (“Casa Verde” do Sinpro SP – Rua Borges Lagoa, 170).

A alteração foi necessária devido a uma coincidência de agenda com o Senado Federal, que vai realizar uma audiência sobre o mesmo tema justamente no dia 19/05 pela manhã, e o professor Hélio Zylberstajn foi convidado pelos senadores.

Assim sendo, no dia 26/05 teremos todos os nossos convidados disponíveis, de modo que o debate possa ser o mais proveitoso possível.

Cerca de 50 entidades irão lançar em 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, o Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo. A atividade começa a partir das 17h, na Quadra dos Bancários, à Rua Tabatinguera, 192, no centro da capital. Na ocasião serão feitos debates em torno dos eixos econômico, político e social e a leitura de carta compromisso.

A iniciativa propõe a construção de bandeiras unitárias, bem como a organização de mobilizações no estado, a exemplo do que tem ocorrido desde o início deste ano frente ao retrocesso de direitos no Congresso Nacional - como a votação do PL 4330, da terceirização ilimitada - e a negligência do governo paulista em temas como o da greve dos professores estaduais deste e de anos anteriores, que cobra educação pública de qualidade e valorização dos servidores.

Às 18h, haverá mística com recorte da luta pela igualdade racial no estado de São Paulo e, em seguida, será feita a leitura da carta de compromisso do Fórum e a apresentação dos movimentos sociais e representantes que compõem a articulação. Das 20h às 21h, um diagnóstico político e social do estado paulista terá a participação do diretor do Instituto Lula, Paulo Vannuchi, do técnico em Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Miguel Matteo, e a vice-prefeita da cidade de São Paulo, Nádia Campeão.

Entre 21h e 21h40, o histórico das lutas sociais no estado de São Paulo e a construção de um projeto político de esquerda para São Paulo contará com a contribuição do presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, do presidente da Federação da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo (FAF), Marco Pimentel, do Coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, além de representantes dos movimentos de juventude, negro (Conen e Unegro) e de mulheres (União Brasileira de Mulheres e Marcha Mundial de Mulheres).

Para as organizações, os anos de gestão do governo do PSDB em São Paulo não responderam a melhorias à população paulista. Na avaliação das políticas entram transporte público, a água e a violência, itens que constam da carta compromisso dos movimentos. “No maior estado do país, não há nenhuma política pública estadual de referência [no Brasil] em todo o espectro das responsabilidades públicas”, aponta o documento.

“Amargamos agora a falta de água em nossas torneiras, fruto de anos de priorização do interesse privado (por lucro e dividendos), em detrimento do público (investimentos e qualidade do serviço), na maior empresa estatal de São Paulo”, afirmam os movimentos diante da crise do sistema hídrico.

Entre as 50 organizações estão a CUT Nacional, CUT São Paulo, sindicatos e federações cutistas de São Paulo, Central de Movimentos Populares (CMP), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Consulta Popular, Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Programação:

Lançamento do Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo

Quando: 13 de maio, às 17h

Local: Quadra dos Bancários

Rua Tabatinguera, 192. Ao lado do Metrô Sé.

17h - Recepção dos/as convidados e convidadas

18h às 18h30 - Mística abordando a luta pela igualdade racial no estado de SP

19h às 19h20 Abertura

Coordenadores:

Adi dos Santos Lima – Presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo

Liciane Andrioli – Coordenação Nacional dos Movimento Atingidos por Barragens

19h30 Leitura da carta de compromisso do Fórum

19h40 Apresentação Movimentos Sociais e seus representantes que fazem parte da composição do Fórum

20h às 21h - Diagnóstico político e social do estado de São Paulo

Paulo Vannuchi – Diretor do Instituto Lula

Miguel Matteo – Técnico em Planejamento e Pesquisa do IPEA

Nádia Campeão – Vice-prefeita da cidade de São Paulo

21h às 21h40 Histórico das lutas sociais no estado de São Paulo e a construção de um projeto político de esquerda para SP

Vagner Freitas – Presidente da CUT

Marco Pimentel – Presidente da Federação da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo (FAF)

Raimundo Bonfim – Coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP)

Juventude - (a definir)

Mulheres – UBM e MMM (a definir)

Movimento Negro – Conen e Unegro (a definir)

21h45 Apresentação da agenda futura do Fórum e agradecimentos finais.

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