O clima de ansiedade que marcou a campanha eleitoral de 2014 permanece no ar diante das ações da oposição pelo terceiro turno e isso ficou nítido na última reunião deste ano da Direção Nacional da CUT, nesta quinta-feira (11), na região central de São Paulo.

Rui Falcão destacou que governo não deve terminar sem regular a mídia (Fotos: Roberto Parizotti)Rui Falcão destacou que governo não deve terminar sem regular a mídia (Fotos: Roberto Parizotti)O sentimento reflete a expectativa dos movimentos sociais e sindical em relação à formação do próximo governo da presidenta Dilma Rousseff e à cobrança de um segundo mandato mais aberto ao diálogo e às propostas da classe trabalhadora.

Ciente disso, o presidente do PT, Rui Falcão, um dos convidados para a análise de conjuntura, afirmou que a bancada mais conservadora do Congresso Nacional exigirá do governo maior proximidade com o movimento sindical, que não deve restringir a participação ao Ministério do Trabalho, mas participar decisivamente também da condução da política econômica.

Política esta que, conforme alertou, terá fiscalização do partido para que seja conduzida sem arrocho, retrocesso social e retirada de direitos.

Para Falcão, esse diálogo entre governo e movimentos deve vir acompanhado de medidas concretas e o PT tem compromisso partidário de cobrar a presidenta para que coloque em pauta a montagem rápida de uma mesa de negociação permanente sobre o fim do fator previdenciário, a redução de jornada para 40 horas semanais sem redução de salário, a valorização permanente do mínimo e a reforma tributária, com a correção da tabela do Imposto de Renda.

Reforma política e da comunicação

Além das reivindicações acima, existe a pauta da reforma política, que está saindo de cena para ser substituída por uma concepção que pode trazer sérios prejuízos aos grandes partidos. “Se simplesmente acabar o financiamento privado, sem que aprovemos o financiamento público das campanhas, os maiores partidos, que mantêm fundações estruturadas e mobilizadas nacionalmente, com a produção de estudos, é que serão os mais prejudicados. Precisamos de um reforma política mais aprofundada, com bandeiras como o voto em lista com alternância de gênero. Esse é mais um tema que requer de nós mobilização e luta”, alertou.

Agora, para manter conquistas, a valorização salarial e conquistar direitos, alguém vai ter de perder ou ganhar menos e temos de ter cuidado para que a perda não venha para cima de nós Rui Falcão, presidente do PT

Ele avalia que o próximo período será de intensos conflitos, já que a era do ganho para todos bateu no teto. “Nos últimos 12 anos, junto com a ascensão social, com distribuição de renda e com a queda da desigualdade, também tivemos os lucros para banqueiros e capitalistas. Agora, para manter conquistas, a valorização salarial e conquistar direitos, alguém vai te perder ou ganhar menos e temos de ter cuidado para que a perda não venha para cima de nós”, disse.

Como já afirmou em outros espaços, o presidente do PT voltou a criticar o déficit de comunicação da presidenta e disse tê-la alertado sobre a necessidade de estar mais presente nas ruas e colocar na ordem do dia a regulação da mídia por meio da regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal.

Os artigos são fundamentais para a liberdade de expressão, pois tratam do combate ao monopólio e oligopólio da velha mídia, da regionalização da produção e da convivência paritária entre os sistemas público, estatal e privado de comunicação.

Passo seguro – Atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ressaltou que a mobilização dos movimentos sociais será crucial não só para pressionar, mas também para dar segurança às transformações necessárias.

“O apoio da esquerda é fundamental para mostrar que a presidenta pode caminhar desse lado. Porque o que antes era motivo de constrangimento e vergonha, de assumir o conservadorismo, virou motivo de militância diante de um espaço que estava vazio. Mas a eleição trouxe a consciência à Dilma de que o governo deve ser mais aberto ao diálogo, não só com os excluídos, mas também com os representantes dos excluídos. O trajeto será difícil, mas a única alternativa para o governo é avançar.”

Pagar as contas sem frear o desenvolvimento

Diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, afirmou que o papel dos movimentos sindical e sociais será disputar a política econômica para preservar o emprego. E, como disse Rui Falcão, é necessário que tenham centralidade no debate sobre essa pauta.

Ele defendeu a necessidade de reorganizar a atuação do Estado, especialmente do ponto de vista fiscal, mas sem deixar de lado a base do desenvolvimento na última década: geração de emprego e renda.Clemente afirmou que ajustes na política econômica devem servir para fomentar mais desenvolvimento, e não recessãoClemente afirmou que ajustes na política econômica devem servir para fomentar mais desenvolvimento, e não recessão

“Essa reorganização deve servir para sustentar o investimento público em infraestrutura econômica, com portos, aeroportos e estradas. A infraestrutura social, com a base na educação, saúde e transporte público. E servir para ampliar a capacidade do Estado em fazer o desenvolvimento industrial para que a agricultura, os serviços e comércio também cresçam. Todos os avanços devem estar combinados com a política distributiva que incrementa a capacidade do nosso mercado interno”, explicou.

Diferente do que fala o Mercado, pontuou, de que o ajuste fiscal deve servir exclusivamente para criar o equilíbrio das contas para a remuneração da dívida pública e o pagamento dos juros.

Indústria e emprego

A avaliação de Lúcio é a mesma do movimento sindical, de que a recuperação econômica parte, fundamentalmente, da recuperação da política industrial e agrária. A segunda, inclusive, com a unidade de lideranças do setor.

Para aumentar o fôlego da indústria, define, será necessário mudar o câmbio, com a desvalorização em parte da moeda, apesar da pressão de empresários com dívidas baseadas no dólar. E não perder de vista a necessidade de promover o desenvolvimento com respeito aos direitos trabalhistas.

Ele citou que alguns países sucateiam a mão de obra como forma de baratear o produto, como a China, que já terceiriza a produção para o Vietnã, e acredita que outros países irão mais a fundo, adotando a produção em nações como a Etiópia, onde a mão de obra é ainda mais barata.

Emprego

Clemente Lúcio citou também que a redução da geração de novos postos de trabalho formal, aliada ainda à alta rotatividade, tem contribuído para a diminuição, em 2014, da massa salarial e dos rendimentos médios. Segundo levantamento do Dieese, somente as atividades de agricultura, extração vegetal, caça e pesca e serviços têm crescido acima da média nacional (2,9%).

Em relação aos salários, segundo o Dieese, o cenário permanece positivo. De 512 negociações em 2014, 94,1% do superaram a inflação e somente 2,0% acumularam perda, resultado inferior apenas a 2012, quando 96,1% asseguraram a ampliação do poder de compra.

O diretor do Dieese destaca que as primeiras nomeações de Dilma dão um recado para a sociedade de preocupação com a responsabilidade. Mas ressalva que o desenvolvimento deve ter como base a produção e não a recessão.

“Não serão ministros que farão ajustes neoliberais, imagino, mas que dão o recado de que será uma política de investimento produtiva, honrando assim a dívida pública. O pagamento da dívida, porém, não deve ser nossa prioridade e sim o desenvolvimento produtivo. Espero que a presidenta Dilma consiga manter esse caminho”, sugere.

Fonte: CUT

Nesta semana em que se comemorou 46 anos do famigerado Ato Institucional Número 5 (AI-5), foi, sem dúvida, uma semana histórica. Para o bem e para o mal. Para as boas e também para as tristes memórias.

A última quarta-feira, 10 de dezembro, ficará marcada: pelo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, pelas lágrimas emocionadas e emocionantes da presidenta Dilma Rousseff ao lembrar aqueles que tombaram na luta e aqueles que merecem a verdade sobre o que aconteceu a parentes e entes queridos, muitos dos quais afligidos justamente pelo mesmo AI-5 que faz anos amanhã.

Ressaltar e refletir sobre o significado simbólico dessas duas datas – a do passado e a do presente – é essencial, sobretudo quando, na mesma semana, um deputado federal agride uma colega de Legislativo com a aviltante e criminosa declaração de que não a estupra porque ela “não merece”. Deputado, aliás, que, diga-se de passagem, é defensor dessa ditadura que combatemos e da qual procuramos resgatar a memória para que ela nunca mais se repita; para que, nas palavras da própria presidenta Dilma, “fantasmas de um passado doloroso e triste não possam mais se proteger na sombra da omissão”. A violência praticada pelo deputado Jair Bolsonaro nesta semana histórica mostra que também temos fantasmas bastante presentes para exorcizar.

Em ambos os casos de exorcismo, a Contee tem dado sua contribuição. Sobre os monstros do passado de repressão e violação de direitos humanos, é destaque a atividade da Comissão da Verdade dos Trabalhadores em Educação do Setor Privado de Ensino e a produção de um documentário, a ser lançado no próximo ano – quando a Confederação chega a seus 25 anos de atuação –, com depoimentos de professores e técnicos administrativos vitimados e perseguidos durante os anos de chumbo.

Mas a Contee também segue firme na luta contra os monstros atuais do machismo, do racismo, da homofobia, da violência, os quais precisam ser combatidos através de uma educação livre de todos os tipos de preconceito. Uma educação que forme para o exercício pleno da cidadania. Uma educação consciente de que a memória de um povo é essencial para a transformação da sociedade no presente e a construção do futuro.

Fonte: Contee

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), divulga estudo realizado pelo Data Popular e que revela a opinião da população sobre a educação e os profissionais de educação. A pesquisa foi lançada durante a segunda Conferência Nacional de Educação (CONAE), na sexta-feira (21/11), em Brasília.

De acordo com o levantamento, segurança é o fator mais importante para que a escola seja de qualidade, seguida de valorização dos professores e funcionários. A falta de perspectiva na carreira é outro ponto a ser analisado: a população considera a profissão de professor o ofício mais importante para que o país tenha um bom futuro, mas apenas 15% gostariam em virar educador.

Para o presidente da CNTE, professor Roberto Franklin de Leão, os números refletem a triste realidade da escola pública brasileira: "Consideramos fundamental ter um instituto de pesquisa qualificado comprovando as informações que os trabalhadores em educação vivenciam no dia a dia da escola. Esse documento revela dados que há tempos a CNTE aponta para a sociedade".

A pesquisa também levou em consideração aspectos relacionados à valorização, formação (capacitação) e remuneração dos professores e dos profissionais da educação. O estudo mostra também que 99% dos brasileiros acreditam que a educação é muito importante para o futuro do Brasil.

Na avaliação do coordenador do Fórum Nacional de Educação e da CONAE, Francisco das Chagas Fernandes, a valorização dos profissionais de educação passa por três caminhos: salário (ganho real do Piso), Diretrizes Nacionais de Carreira e a formação inicial e continuada. "Esse tripé é necessário para garantir um sistema de formação de professores no país", resumiu o coordenador.

Valorização do professor - Os entrevistados também entram em consenso quando o assunto é valorização dos professores, já que 98% avaliam que a profissão deveria ser mais valorizada. Na opinião dos brasileiros, oferecer uma educação de qualidade está ligada diretamente à valorização do professor. Por isso, boa parte dos entrevistados acredita que a saída para uma educação de qualidade é ter professores qualificados, bem preparados e com melhores salários. Para 76%, os professores são menos valorizados do que deveriam pela população, enquanto 85% acham que os professores são menos valorizados do que deveriam pelo governo.

Melhores salários - O salário oferecido aos professores da rede pública é considerado ruim ou péssimo para 66% dos consultados. Apenas 8% disseram que é bom. Quando questionados sobre os salários dos professores das escolas privadas, 49% disseram que a remuneração é ótima ou boa. Sendo assim, 98% consideram importante que professores e funcionários das escolas tenham bons salário para que a escola seja de qualidade.

Os entrevistados também reconhecem que o professor deveria ser a profissão com a melhor remuneração. Por outro lado, a maioria acredita que são os médicos, engenheiros e advogados que recebem os salários mais altos. Como forma de valorização, 85% dos brasileiros acreditam que os profissionais da educação deveriam ter um piso salarial nacional que valorize o salário.

Educação de qualidade - Entre os principais benefícios que a educação pública de qualidade pode trazer para a sociedade brasileira, os entrevistados destacaram: redução da violência, combate à pobreza, melhores empregos e formação de bons profissionais. E a maioria (59%) avalia que as escolas públicas estão longe de ter uma educação de qualidade. Outro aspecto abordado no estudo está relacionado ao futuro profissional. Para 48%, os alunos de escolas particulares têm mais chances de ter um bom emprego do que alunosque estudaram na rede pública. Como forma de melhorar a qualidade da educação, 94% são a favor da educação em tempo integral.

Papel dos governos - A responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal também alvo da pesquisa. Para 43%, o governo federal é responsável pela educação pública em geral, enquanto 27% atribuem a responsabilidade ao governo municipal. Para melhorar a educação, 87% são favoráveis ao governo destinar 10% do PIB para educação. Hoje, são 6,5%. O tema educação também é levado em consideração na hora de escolher o candidato, já que 72% dos brasileiros se informar sobre educação antes de votar.

Metodologia da pesquisa - A pesquisa foi realizada em setembro de 2014, com 3 mil pessoas com mais de 16 anos, em 100 municípios, nas cinco regiões do País.

Fonte: CNTE

Marcha Mundial de Mulheres cobram medida do Congresso Nacional. Deputado, ao atacar Maria do Rosário, havia dito que não a estupraria por ela não "merecer"

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Marcha Mundial das Mulheres vem a público manifestar seu repúdio e indignação ao discurso proferido, nesta terça-feira, pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), no Congresso Nacional, durante sessão que tratava dos Direitos Humanos.

Ao verificar que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) estava saindo do plenário, após haver discursado em defesa da punição aos militares que cometeram crimes durante a ditadura no País, Bolsonaro irritou-se e disse:

“Fica aí, Mária do Rosário. Há poucos dias tu me chamou de estuprador no salão verde e eu falei que não iria estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir”.

E continuou sua fala como se nada houvesse ocorrido e fazendo criticas as ações da Ministra e desqualificando as políticas de direitos humanos dizendo que estas só defendem bandidos, marginais, sequestradores e até corruptos.

Esse posicionamento expressa a misoginia e o machismo desse indivíduo. Evidencia que se sente tão impune sem nenhuma preocupação em expressar a possibilidade de cometer um crime hediondo. Fato como esse faz com que não seja necessário enumerar os argumentos para afirmar que o Congresso Nacional não deve ter em seus membros pessoas com esse tipo de visão e comportamento. O papel do Legislativo deve ser justamente de propor políticas que combatam a violência e por isso é inadmissível ser conivente e cúmplice dessa violência. Por isso a exigência democrática e republicana é a imediata cassação do seu mandato.

Fonte: CUT

Quando o presidente João Goulart começou a colocar em prática reformas sociais, econômicas e políticas, com forte apoio popular, setores conservadores da sociedade levaram às ruas centenas de milhares de pessoas, protestando contra o governo considerado por elas como a porta de entrada para o comunismo no Brasil. Isso animou os golpistas, que perceberam uma disposição de amplos setores das classes médias em apoiar a deposição do presidente.

Mais Lidas