Mujica exorta à luta contra capital financeiro internacional

“Nunca vimos tanta acumulação de riqueza e de injustiça, numa globalização manipulada por interesses poderosos que necessita ser enfrentada com unidade pelos trabalhadores. Se o capital financeiro não tem Pátria, não tem bandeira e nem se senta nas Nações Unidas, precisamos que os que têm Pátria defendam a vida, defendam o mundo da liberdade e da esperança. A única luta que se perde é a que se abandona. Não se pode viver sem esperança”.

A afirmação de Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, arrancou um turbilhão de aplausos dos cerca de 200 delegados presentes ao conselho geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), encerrado nesta segunda-feira, em São Paulo. Representando 180 milhões de trabalhadores de 161 países, a CSI realizou pela primeira vez seu encontro na América Latina.

Mujica lembrou que muitas vezes o capital fala em “competitividade”, “sem levar o quanto se trabalha em um lugar ou no outro”, “sem abrir a contabilidade real, que mantém como um segredo de Estado”. Afinal, o objetivo é simplesmente ampliar a exploração da mão de obra neste ou naquele país. “Sem deixar de ser daqui ou dali, os trabalhadores têm que se dar conta de que pertencem a uma classe com a responsabilidade de mudar essa realidade”, acrescentou.

O líder uruguaio conclamou os presentes a agirem como “lideranças sociais” junto aos seus povos, pois esta não é só uma “luta em defesa dos trabalhadores, mas de toda espécie humana. Tem a ver com o nosso destino”. “Estamos em um barquinho comum. Não pode haver africano pobre, latino pobre, temos de pensar em todos. E não apenas nesta, mas nas futuras gerações”, frisou.

Além dos lucros parasitários do sistema financeiro, há o gasto absurdo com a indústria armamentista, lembrou Mujica. Com armas, assinalou, alcança “dois milhões de dólares por minuto”. Portanto seria “mentir a nós mesmos” dizer que não existem recursos para enfrentar os grandes problemas da Humanidade. “Precisamos ter compromisso, opinião, não sermos expectadores. Porque os trabalhadores são poder, ainda que não se deem conta”, enfatizou.

Agradecendo as palavras do líder uruguaio, o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felicio, reiterou que elas ecoam contra “uma distribuição de renda pornográfica”. Lembrando as contribuições de Mujica para a altivez e soberania do povo uruguaio e latino-americano, João Felicio asseverou que devem servir como referência para os que lutam pela construção da democracia. “Não conseguimos entender democracia sem sindicalismo livre e altamente representativo, sem direito de negociação coletiva, sem valorização do trabalho”, destacou.

Para o secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), Victor Báez, Mujica deu e segue dando uma valorosa contribuição para todos os nossos povos ao enfrentar 12 anos de prisão e sair combatendo para distribuir o que o capital tratou de acumular com base na exploração e na injustiça. “Como diz Mujica, consumamos menos porcaria e façamos mais amor. Hoje o consumismo é a fase superior do capitalismo”, concluiu.

Escrito por: Leonardo Wexell Severo/ CUT

Portal Vermelho Estudantes protestam contra fechamento de escolas em SP

O direito à educação pública, gratuita, de qualidade é assegurado pela Constituição Federal a todos os brasileiros e brasileiras.

Como direito universal, inalienável, a educação deve ser defendida por todos e todas, sobretudo por nós, trabalhadores e trabalhadoras, pois nossos filhos e filhas estudam nas escolas públicas e as queremos cada vez melhores.

Entretanto, no estado de São Paulo, há pelo menos vinte anos, sob os governos do PSDB as políticas educacionais apontam em sentido inverso: a qualidade do ensino vem caindo – em que pese todo o esforço e dedicação dos professores – e os profissionais da educação estão cada vez mais desvalorizados e desrespeitados.

Mesmo enfrentando uma greve com 92 dias de duração, a mais longa da história da rede estadual de ensino, o Governador e o Secretário da Educação não negociaram com os professores e cortaram o pagamento dos salários. Foram, porém, obrigados por decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal a pagar todos os dias parados.

O Governador prometeu anunciar reajuste aos professores no dia 1º de julho e não cumpriu. Agora, como denuncia a APEOESP, o sindicato estadual dos professores, filiado à CUT, Alckmin está promovendo a maior bagunça na rede de ensino. Ele decidiu separar em prédios diferentes escolas do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, do sexto ao nono e do ensino médio.

Escolas serão fechadas, salas superlotadas, crianças estudarão longe de suas casas e correrão todo tipo de risco no trajeto, professores ficarão desempregados e adidos (ou seja, “encostados”) e os que ficarem terão que pular de uma escola para outra para compor suas jornadas de trabalho.

Se o governo estivesse preocupado com a qualidade do ensino, como alega, reduziria o número máximo de alunos por classe para 25, como recomendam os padrões internacionais, valorizaria os profissionais do magistério, resolveria os problemas estruturais das escolas, estabeleceria a gestão democrática e melhorias as condições de trabalho dos professores e de aprendizagem dos estudantes.

A revolta entre professores, pais e estudantes é crescente. Manifestações com números cada vez maiores de participantes estão ocorrendo em todo o estado de São Paulo. Nós, da Central Única dos Trabalhadores, não estamos indiferentes a todo esse processo. Como representantes da classe trabalhadora, não aceitaremos mais este ataque contra a educação pública no estado de São Paulo.

Por meio da CUT/SP, estamos participando do Grito pela Educação Pública de Qualidade no Estado de São Paulo, movimento coordenador pela APEOESP e que conta com a participação de muitas outras entidades e conclamamos todos os sindicatos filiados à nossa central a participarem das mobilizações que vem ocorrendo.

Entre atividades centralizadas previstas para o próximo período estão:

Dia 20/10 – 15 horas – Ato público na Praça da República com professores, pais, estudantes e demais segmentos sociais – São Paulo

Dia 29/10 – 15 horas – Assembleia dos professores. Às 17 horas, Grito em Defesa da Escola Pública de Qualidade no Estado de São Paulo – Vão Livre do MASP – Avenida Paulista – São Paulo.

Se você possui filhos estudantes na rede estadual de ensino de São Paulo, vá à escola, informe-se sobre o que está acontecendo e junte-se a esse movimento. Essa luta é nossa!


Por: Gislayne Jacinto (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)

Vereadores são procurados pela população, preocupada com a "reestruturação" proposta por Alckmin

Bete Siraque é autora de requerimento sobre audiência pública. Foto: Rodrigo Pinto

A Câmara de Santo André aprovou nesta quinta-feira (08/10) a realização de audiência pública para que o Estado esclareça o que tem chamado de “reestruturação” da rede pública de ensino, que pode fechar escolas na cidade, de acordo com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). A Câmara também aprovou requerimento de autoria da bancada do PT em que exige explicações do governador Geraldo Alckmin (PSDB), diante dos questionamentos de pais, alunos e professores.

“O Estado terá de se posicionar oficialmente sobre a questão do fechamento das escolas. A sociedade merece uma explicação”, afirmou a vereadora Bete Siraque (PT), que foi procurada por estudantes contrários à proposta, que pode fechar a Escola Estadual Doutor Américo Brasiliense.

Em Santo André, o fechamento das escolas gerou nesta semana protestos de alunos e professores. As unidades que constam da lista da Apeoesp e podem deixar de funcionar, além do Américo Brasiliense, são escolas estaduais Valdomiro Silveira, Sérgio Milliet Costa e Silva, Adamastor de Carvalho, Professora Carlina Caçapava de Melo e Celso Gama.

Alckmin anunciou no final de setembro que a partir do próximo ano será feita uma “reestruturação na rede estadual de ensino”. Uma das mudanças será separar fisicamente as escolas de Ensino Fundamental das escolas de Ensino Médio, o que poderá resultar em salas de aula superlotadas e fechamento de unidades escolares. Além disso, existe a preocupação com o fim de turmas do período noturno.

Confira as escolas que podem ser fechadas em Santo André

EE. VALDOMIRO SILVEIRA

EE. DR. AMÉRICO BRASILIENSE

EE. SÉRGIO MILLIET COSTA E SILVA

EE. ADAMASTOR DE CARVALHO

EE. PROFa CARLINA CAÇAPAVA DE MELLO

EE. DR. CELSO GAMA

Escrito pelo professor Silvio de Souza

O fechamento de uma escola significa o fechamento de um local de realizações dentro de uma determinada comunidade, onde milhares de pessoas construíram histórias, realizaram sonhos, viveram experiências únicas, selaram amizades de vida inteira, apaixonaram-se, presenciaram transformações, deslumbraram-se diante de filmes inesquecíveis, conheceram heróis, aprenderam lições de vida e reverenciaram professores que sempre aparecem nas lembranças.

A escola faz parte de nossa história, é uma referência, nos habita, assim como seus personagens. Fechá-las? Como assim? Não se fecha escolas, pois simplesmente elas são imprescindíveis, como disse um dia Brecht (OS QUE LUTAM: Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; porém, há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.)

A escola nos ensinou a lutar e resiste o tempo todo, a vida toda, contra toda uma sorte de desmandos de quem parece que não frequentou as cadeiras do Brasil. De quem atrás de uma mesa em um gabinete qualquer ousa decidir que está acima da história.

Como assim vai fechar o lugar onde dei meu primeiro beijo, onde me apaixonei pela primeira vez, onde conheci meus melhores e mais incríveis amigos, onde ganhei campeonatos mais importantes do que uma Copa do Mundo, onde aprendi a ser solidário, onde podia ousar, onde vivi desafios, onde realizei minhas primeiras experiências, onde adorava estar, onde podia ir sem desconfiança dos pais, onde encontrei professores simplesmente maravilhosos, onde cresci, onde pude ser desafiado, onde construí convicções, onde aprendi a voar, onde fui feliz? Não se passa uma borracha e pronto.

O fechamento de uma escola é um sepultamento e uma opção de negação de construção de novas e boas vidas.

Quem escreveu, pois não conheço, que é melhor uma sala de aula com 50 alunos do que duas com 25? Onde está estabelecido que se a sala de aula tiver 20 alunos ela deve ser fechada, pois significa gasto e não investimento? Qual pressuposto legal, dos tantos que produzem, estabelece que estas supostas salas ociosas não podem ser transformadas em espaços educativos, tais como laboratórios, salas de projeção, salas de leitura, salas de informática, bibliotecas, espaços de contação de histórias, museus, salas de sonhos, de namoros, de beijos e muito mais?

Como assim vai fechar minha escola? Sim, minha escola, pois é o local para onde vou todos os dias durante anos e aprendi a tê-lo como referência, sem contar o fato de que minha mãe e meu pai também estudaram na minha escola. E esse sentimento de pertencimento é muito bom. Lembro ainda do meu primeiro dia de aula. Será que os caras de trás das escrivaninhas lembram? Levei até um lanche, já que minha mãe considerou o fato de que o momento merecia aquele pão com mortadela.

Ouço dizer e até leio que a educação é a melhor forma de transformar uma sociedade para melhor. Então, se estão fechando escolas é porque (e será que querem que consideremos isto?) nossa sociedade já está suficientemente boa, justa, solidária, fraterna, desenvolvida. Enfim, já nos transformamos naquele país do futuro, com garantias individuais e coletivas consolidadas. Não há mais meninos e meninas vendendo balas, doces, água, nos faróis.

Há outra questão, que também procurei entre estudiosos da pedagogia, da medicina, das ciências e não obtive respostas. É melhor separar os alunos por idade e ter escolas somente para pequenos, somente para mais ou menos pequenos e somente para aqueles que cresceram um pouco mais?

Imagino na minha época, éramos em nove irmãos, sim, família-empresa. E não poderíamos hoje, quando nos reunimos, falar da nossa escola. Eu não poderia estudar na mesma escola do meu irmão e quando pudesse, meu outro irmão mais novo não estaria na mesma escola que eu.

Será que isso tem explicação séria, comprovada, de que separar os menores dos maiores é melhor mesmo?

Assim, se a escola prepara para a vida, para a participação na sociedade, para o mundo do trabalho, para cidadania crítica, a lição que temos é que a melhor sociedade é aquela que está dividida. Ricos e pobres, letrados e analfabetos, homens e mulheres, pretos e brancos, heteros e homos, certos e errados, burgueses e proletários.

E só para registrar, nós moramos na mesma casa, estudamos na mesma escola, comemos na mesma mesa, sofremos os mesmos infortúnios reservados aos filhos dos trabalhadores e ainda hoje nos alimentamos da felicidade que aquele tempo nos deu.

E dessa história toda ainda tem o fato de que na nossa escola trabalhava a Dona Maria, e outras que eram responsáveis pela merenda, que comíamos, devorávamos, todos os dias, até porque o lanche foi só no primeiro dia. Para onde vão as Donas Marias, nossas vítimas e companheiras de escola? Para onde vai o pessoal da secretaria, os inspetores, o vendedor de doces? O que vai fazer o moço da papelaria em frente à escola?

Agora imagina só. A nossa escola, campeã dos torneios interescolares, ser fechada e de repente irmos estudar na escola que derrotamos nas últimas finais. Mais longe de casa, com sua própria história, com sua vida. E agora José? O que fazer, quando temos que interromper nossa construção de vida e passar a fazer parte da construção do outro. Será que o homem por trás da escrivaninha foi alguém que teve que passar por isso?

Está parecendo com o período quando os terrenos começaram a desaparecer pelas bandas lá de casa. Nossos campinhos deram lugar às casas. Mais gente pra jogar e menos campinho. Lembro ainda de a gente indo jogar no campinho da rua de cima e ter que esperar na reserva.

Com minha escola fechada, qual escola poderei, sem egoísmo, chamar de minha, de nossa, de todos, dos pequenos, médios, grandes. Qual? Como assim fechar escolas?

Silvio de Souza é professor de história.

Por: Karen Marchetti (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)

Deputados estaduais da Região já se articulam para evitar que 17 escolas sejam fechadas no ABCD diante da “reestruturação” da rede pública de ensino proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O levantamento de unidades que podem parar de funcionar foi realizado pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino do Estado de São Paulo). Até o momento, apenas o parlamentar Orlando Morando (PSDB) saiu em defesa da proposta, que preocupa pais, alunos e professores.

Para o deputado Teonilio Barba (PT), a gestão tucana no Estado tem sucateado a educação pública. “O PSDB vem acabando com a educação. Isso há mais de 20 anos. Nesse último ano temos uma sequência de péssimas propostas, com o fechamento de salas de aula, fim do ensino em período noturno e superlotação. Fazer economia em educação é uma coisa terrível.”

Os deputados Atila Jacomussi (PcdoB) e Vanessa Damo (PMDB) também protocolaram requerimentos solicitando a reversão da decisão e a reformulação da proposta anunciada.

“Não vamos permitir o fechamento de escolas. Temos é que lutar pela abertura de mais unidades e pela melhoria na qualidade do ensino oferecido pelo Estado”, disse Jacomussi.

“Pais estão nos procurando pedindo ajuda, pois estão preocupados com o futuro de seus filhos. Como mãe, entendo bem a preocupação. Infelizmente, essa mudança irá afetar diretamente as famílias”, afirmou Vanessa.

Tucano apoia

Enquanto os demais deputados da Região buscam impedir que as escolas sejam fechadas, Orlando Morando, em entrevista à Rádio ABC, admitiu que a “reestruturação” proposta pelo governador tem o objetivo de “cortar gastos”. Ainda de acordo com o deputado tucano, a medida apresentada irá “potencializar” o ensino público estadual, mesmo com as reclamações de pais, estudantes e educadores.

“Alguns bairros têm duas ou três escolas; é natural que essa ociosidade que se criou nessa escola, que poderá vir a ser fechada, será reorganizada numa escola próxima. É um processo buscando potencializar. O Estado está buscando, em todas as frentes, otimizar gastos e essa é uma da forma de buscar a otimização”, disse o deputado estadual na manhã desta quinta-feira (08/10).

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